As expansões de ternura

Graciliano Ramos

As expansões de ternura exigem a solidão.
Silêncio, calma, nada de rumor.

 

In: Graciliano Ramos, Linhas Tortas. Ed. Record; 7.ª edição (1979)


Graciliano Ramos 🇧🇷 (1892-1953) foi um escritor brasileiro de Alagoas. O romance Vidas Secas foi sua obra de maior destaque. É considerado o melhor ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo.Suas obras embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro apresentam uma visão crítica das relações humanas, que as tornam de interesse universal. Seus livros foram traduzidos para vários países, e Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere foram levados para o cinema.

Perto das trevas, a depressão em seis perspectivas psicanalíticas

Alexandre Patricio de Almeida, Alfredo Naffah Neto

Autores de diferentes vertentes da psicanálise refletem sobre pontos relativos às problematizações em torno do campo das depressões

Naffah Neto e Almeida propuseram a reflexão sobre o livro Perto das trevas, do renomado escritor William Styron, no qual narra seu mergulho em uma depressão avassaladora em um circuito de infernal e insuperável sofrimento. Essa reflexão é feita por comentários e observações tecidas por psicanalistas de diversas orientações teóricas em seis capítulos diferentes, nos quais os autores “interpretam” o texto à luz das ideias de S. Freud, S. Ferenczi, M. Klein, W. R. Bion, em que faço minha contribuição pessoal, D. Winnicott, J. Lacan e outros psicanalistas de linhagem francesa. A proposta não é gerar controvérsia ou disputa de hegemonias e verdades, mas mostrar ao leitor, em uma linguagem também acessível ao leigo interessado, como essa questão tão relevante é abordada e lidada por essas diferentes correntes do pensamento psicanalítico.

cor de afogamento

Emil M. Cioran

Todas as águas são cor de afogamento.

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In: CIORAN, Syllogismes de l’Amertume(1952),
Silogismos da Amargura
, tradução de Manuel de Freitas, ed. Letra Livre (2009)

A Chalupa, Amadeo de Souza-Cardoso | O prazer das cores intensas, capazes de emprestarem expressividade às obras. De Henri Rousseau, da geração francesa anterior à dos dois Amadeus, o pintor português absorve a paixão por temas naturalistas, de realidades simples e que progressivamente o aproximaram do abstracionismo. No seu programa ideológico, Amadeo juntou estas duas influências em vários trabalhos sobre o mar e os Descobrimentos Portugueses. As embarcações perdem-se na imensidão dos oceanos, metáfora de vários períodos da vida do artista amarantino. Em “A Chalupa”, as vagas transformam-se em montanhas azuis que tudo consomem.


Emil M. Cioran 🇷🇴 (1911 — 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Em 1949, ao publicar “précis de decomposition”, passa a assinar E.M. Cioran, influenciado por E.M. Forster — esse “M” não tem nenhuma relação com outros nomes do filósofo (como Michel, Mihai, etc.) Um dos melhores conhecedores da obra de Cioran é o filósofo espanhol Fernando Savater, um de seus mais importante livros adentrando no pensamento de Cioran é Ensayo Sobre Cioran, de 1974. Ambos eram próximos e o livro termina numa entrevista com o filósofo romeno, mostrando um pouco de seu lado pessoal. Principais interesses: antinatalismo, misantropia, suicídio. Trabalhos notáveis: Breviário de Decomposição, Silogismos da Amargura, Exercícios de Admiração.


Amadeo de Souza-Cardoso 🇵🇹(1887-1918) primeira geração de pintores modernistas portugueses, destaca-se pelo diálogo que estabeleceu com as vanguardas históricas do início do século XX. O artista desenvolveu, entre Paris e Manhufe, a mais séria possibilidade de arte moderna em Portugal num diálogo internacional, intenso mas pouco conhecido, com os artistas do seu tempo. Articula-se de modo aberto com movimentos como o cubismo o futurismo ou o expressionismo, atingindo em muitos momentos, um nível em tudo equiparável à produção de topo da arte internacional sua contemporânea.