Uma carta guardada durante mais de cinquenta anos – e jamais lida. É essa a relíquia que Raimundo Gaudêncio traz consigo. Homem analfabeto que, na sua juventude, teve um amor secreto brutalmente interrompido, aos setenta e um anos resolve que ainda é tempo de aprender a ler e, talvez, decifrar essa ferida aberta do passado.

Nascido e criado na roça, Raimundo não frequentou a escola, pois cedo precisou de ajudar o pai na lida diária. Mas há muito que foi obrigado a deixar a família e a vida no sertão para trás. Desse tempo, Raimundo guarda apenas a carta que recebeu de Cícero, quando o amor escondido entre os dois foi descoberto. Cícero partiu sem deixar outra pista senão aquela carta que Raimundo não sabe ler – pelo menos até agora.Com uma narrativa sensível e magnética, Stênio Gardel leva-nos pelo passado de Raimundo, permeado de conflitos familiares e da dor do ocultamento da sua sexualidade, mas também das novas formas de afeto e de vida que estabeleceu depois de ter fugido de casa.

Explorando o poder universal da palavra escrita e da linguagem, e o modo como elas afetam os nossos relacionamentos, A Palavra que Resta é um romance arrebatador sobre repressão, violência e vergonha, mas acima de tudo sobre a coragem de lhes resistir.


Stênio Gardel 🇧🇷 (1980-) nasceu em Limoeiro do Norte, Ceará. É especialista em Escrita Literária. Tem participado em diversas coletâneas de contos. A Palavra Que Resta é o seu primeiro romance. Escrito durante os Ateliês de Narrativa em Fortaleza, foi publicado no Brasil em 2021 e, em 2022, foi semifinalista do Prémio Jabuti e finalista do Prémio São Paulo de Literatura. Em 2023, ao lado da tradutora Bruna Dantas Lobato, Gardel recebeu o National Book Award para a melhor obra traduzida de literatura, pela edição em inglês The Words that Remain, também nomeado para o Prémio Literário de Dublin.