Legenda
para aquela estrela
azul
e fria
que me apontaste
já de madrugada:
amar
é entristecer
sem corrompermos
nada.


Carlos de Oliveira, Trabalho Poético, edição Assirio & Alvim


Carlos de Oliveira 🇵🇹 (1921-1981) nasceu em no Pará, filho de portugueses emigrados no Brasil. Aos dois anos regressou a Portugal. Na cidade que o acolheu, Coimbra, participou do Novo Cancioneiro, do movimento Neorrealista, de que viria a ser uma das vozes. Colaborou nas revistas Altitude e Seara Nova, e dirigiu a revista Vértice. Começou a destacar-se com a poesia – Mãe Pobre (1945), Micropaisagem (1968), Pastoral (1977), entre outros. Constante depuração da escrita e pelo questionamento do gesto autoral, levando-o a corrigir e reescrever quase todos os seus trabalhos até ao final da vida: romances Casa na Duna (1943), Pequenos Burgueses (1948), Uma Abelha na Chuva (1953) ou Finisterra (1978).