Do inconveniente de ter nascido compoe um dos textos-chave do trabalho de Emil Cioran, esses aforismos, escritos em seu estágio de maturidade, condensam seus pensamentos tão lacônicamente, são tão eficazes e coerentes, que constituem uma descoberta decisiva para todos os amantes do paradoxo e da ironia. Esculpidos com precisão, falam do tempo, de Deus, da religião, do silêncio, da morte e do nascimento: “uma coincidência, um acidente risível”. Neles vivem uma lucidez devastadora, um humor sem limites e a lógica mais abrumadora, juntamente com a maior contradição. Oposta ao otimismo e à complacência de forma radical, Cioran não desencoraja, tem o talento para fortalecer.
Tradução de Manuel de Freitas
Emil Cioran 🇷🇴 (1911 — 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Em 1949, ao publicar “précis de decomposition”, passa a assinar E.M. Cioran, influenciado por E.M. Forster — esse “M” não tem nenhuma relação com outros nomes do filósofo (como Michel, Mihai, etc.) Um dos melhores conhecedores da obra de Cioran é o filósofo espanhol Fernando Savater, um de seus mais importante livros adentrando no pensamento de Cioran é Ensayo Sobre Cioran, de 1974. Ambos eram próximos e o livro termina numa entrevista com o filósofo romeno, mostrando um pouco de seu lado pessoal. Principais interesses: antinatalismo, misantropia, suicídio. Trabalhos notáveis: Breviário de Decomposição, Silogismos da Amargura, Exercícios de Admiração