Estendendo-se por um período que vai de 1941 a 2006, em Os Anos conta-se uma história que é simultaneamente coletiva e pessoal, transversal e intimista, de sessenta anos da vida de um país e da vida de uma mulher. Temos aqui um livro de escrita memorialística. Através de pequenos fragmentos narrativos, por meio da relação entre fotografias, canções, filmes, objetos ou eventos da história recente, mais do que uma desconcertante autobiografia, Annie Ernaux constrói uma recordação de um “nós”, num relato sobre o que fica quando o tempo passa:

“Tudo se apagará num segundo […]
A língua continuará a pôr o mundo em palavras.
Nas conversas à volta de uma mesa em dia de festa
seremos apenas um nome, cada vez mais sem rosto,
até desaparecermos na multidão anônima de uma geração distante.”


Annie Ernaux 🇫🇷 (1940–) nasceu em Lillebonne, na Normandia, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, Letras. Uma das vozes atuais mais importantes da literatura francesa, destaca-se por uma escrita onde se fundem autobiografia e sociologia, memória e história. Prémio de Língua Francesa (2008), o Marguerite Yourcenar (2017), o Formentor de las Letras (2019) e o Prince Pierre do Mónaco (2021) , destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984) e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional. Em 2022 venceu o Prêmio Nobel de Literatura.