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Coração das Trevas

Joseph Conrad

Considerado um clássico da literatura do século 20, O Coração das Trevas foi escrito pelo autor britânico Joseph Conrad. Escrita em 1899 e publicada em forma de livro em 1902,  como outras obras de Conrad, Coração das Trevas discute os limites da natureza humana e expõe o confronto do homem perante a natureza selvagem, descrevendo a atmosfera do colonialismo europeu em um de seus momentos mais sombrios.

moscas grandes zumbiam diabolicamente…

Deu origem a todos os navios cujos nomes são como joias brilhando na noite do tempo…

…não existe mistério para um homem do mar, a não ser o próprio mar, que é senhor de sua existência e inescrutável como o Destino.

para ele, o significado de um episódio não estava dentro como um cerne, mas fora, envolvendo a narrativa.

…sente que selvageria, a mais extrema selvageria, o cercou — toda aquela vida misteriosa que se agita no ermo das florestas, nas matas, no coração dos selvagens.

A conquista da Terra, o que na maior parte significa tirá-la daqueles que têm uma fisionomia diferente ou narizes ligeiramente mais achatados do que os nossos, não é uma coisa bonita quando você olha demais para ela. O que redime é somente a ideia. Uma ideia que está por trás; não uma pretensão sentimental, mas uma ideia; e uma crença não egoísta na ideia…

Essa é minha participação nas vantagens que meu país deverá colher na posse de tão magnífica colônia.

Evite a irritação, mais do que a exposição ao sol.

Nos trópicos, deve-se antes de tudo manter a calma.

…a alegre dança da morte e do comércio prossegue numa atmosfera silenciosa e terrena, como numa catacumba extremamente quente… como se a própria natureza procurasse manter afastados os intrusos; entrando e saindo dos rios, correntes de morte em vida, cujas margens se desfaziam na lama, e as águas engrossadas com o limo, invadiam os mangues sinuosos, que pareciam se contorcer diantes de nós no extremo de um desespero impotente.

Pois uma saúde de ferro, em situações de precariedade generalizada, é ela própria uma espécie de poder.

…algo grande e invencível, como o mal ou a verdade…

nenhum relato é capaz de transmitir a sensação onírica…

…a conversa de sórdidos bucaneiros – temerária sem bravura, gananciosa sem audácia e cruel sem coragem.

Um rio vazio, um grande silêncio, uma selva impenetrável.
O ar era quente, denso, pesado, indolente. Não havia encanto no brilho do sol.
Os longos trechos do rio corriam , desertos, para dentro de sombrias distâncias.

Estava escrito que devia ser leal ao pesadelo que escolhera.

Sozinho e desarmado. / coisa errante e atormentada.

A pessoa mais inadequada para sentar na outra extremidade de um caso daqueles.

Unicamente isso havia atraído sua alma desregrada para além dos limites das aspirações permitidas.

É que pra mim elas continham a fabulosa sugestividade de palavras ouvidas em sonhos, de frases faladas em pesadelos.

Eu era, por assim dizer, contado entre os mortos. É estranho como eu aceitara essa estranha parceria, como essa escolha de pesadelos forçara-me para dentro de uma terra tenebrosa invadida por vis e gananciosos fantasmas.

…enterrado no barro da terra primordial.

Sua escuridão era impenetrável.

Pungente o bastante para penetrar todos os corações que batem na escuridão.

A escandalosa empáfia dos tolos diante de um perigo que são incapazes de compreender.

A história foi adaptada para o cinema por Francis Ford Coppola, em “Apocalipse Now”.


Joseph Conrad  🇬🇧 (1857–1924) nascido Józef Teodor Nałęcz Korzeniowski, foi um escritor britânico de origem polonesa. Muitas das obras de Conrad centram-se em marinheiros e no mar. Foi educado na Polônia e começou sua carreira como marinheiro, aos 17 anos. Em 1878, depois de uma fracassada tentativa de suicídio, passou a servir num barco britânico. Aos 21 anos, já tinha aprendido inglês. Conseguiu, depois de várias tentativas, passar no exame de capitão de barco e, em 1884, conseguiu a nacionalidade britânica.

como se o mundo não tivesse leste

Ruy Duarte de Carvalho

ano de publicação: 1977
edição 2003 – cotovia editora

3 contos + Glossário:

  • Águas do Capembáua
  • João Carlos, natural do Chinguar, no Bié
  • Como se o mundo não tivesse leste

 

Águas do Capembáua

  • regionalização etnográfica (sudoeste angolano)
  • o contar de uma história / estória de pastores (discutir essa diferença)
  • o ataque de um animal selvagem a um inocente / oferenda
  • a seca e a vinda das chuvas
  • o colonialismo branco
  • relação racial


Fauna – ovelha caracul, gado, onça
Flora –

O que normalmente acontece é uma progressiva diminuição da capacidade de estar, e esse é um peso que muito dificilmente pode ocultar-se.

pg. 20

Jamais incorreria na ligeireza de entender independentes duas ocorrências que se sobrepunham no espaço e no tempo.

Arquivei na memória o que se sabia da estória (como tenho feito para tantos casos), à espera que o destino me trouxesse a resposta, ou tempo para inventá-la.

pg. 21

 


Ruy Duarte de Carvalho (1941-2010) foi um escritor, cineasta e antropólogo angolano, nascido em Santarém.