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Meditación en el umbral

Rosario Castellanos

No, no es la solución
tirarse bajo un tren como la Ana de Tolstoi
ni apurar el arsénico de Madame Bovary
ni aguardar en los páramos de Ávila la visita
del ángel con venablo
antes de liarse el manto a la cabeza
y comenzar a actuar.

No concluir las leyes geométricas, contando
las vigas de la celda de castigo
como lo hizo Sor Juana. No es la solución
escribir, mientras llegan las visitas,
en la sala de estar de la familia Austen
ni encerrarse en el ático
de alguna residencia de la Nueva Inglaterra
y soñar con la Biblia de los Dickinson
debajo de la almohada de soltera.

Debe haber otro modo que no se llame Safo
ni Mesalina ni María Egipcíaca
ni Magdalena ni Clemencia Isaura.

Otro modo de ser humano y libre.

Otro modo de ser.


In: Poema de 1948 publicado em Meditación en el umbral: Antología poética, Fondo de Cultura Económica, México, 1985.


Meditação no umbral

Não, não é a solução
jogar-se debaixo dum trem como a Ana de Tolstói
nem apurar o arsênico de Madame Bovary
nem esperar nas charnecas de Ávila pela visita
do anjo com lança
antes de amarrar o manto na cabeça
e começar a atuar.

Não concluir leis geométricas, contando
as vigas da cela de castigo
como fez Sor Juana. Não é a solução
escrever, enquanto chegam visitas
à sala da família Austen,
ou trancar-se no sótão
de alguma casa na Nova Inglaterra
e sonhar com a Bíblia Dickinson
debaixo de um travesseiro de solteira.

Deve haver outro modo que não se chame Safo
nem Messalina nem Maria Egipcíaca
nem Madalena nem Clemência Isaura.

Outra forma de ser humano e livre.

Outra maneira de ser.


Como se vê, o poema está repleto de alusões literárias e históricas. Por isso, algumas informações complementares que, espero, facilitará a compreensão e o aproveitamento do poema:


Rosario Castellanos 🇲🇽 (1925 –1974) da Ciudad de México, a poeta concebeu o mundo como um “lugar de luta em que se está comprometido” e a poesia como “uma tentativa de chegar à raiz dos objetos”. Lição de culinária: cozinhe, cale a boca e obedeça ao marido. Filósofa, foi uma das primeiras feministas, escreveu a peça O Eterno Feminino (1975). Por respeito à cultura maia, expressou um profundo indigenismo em Ciudad Real (1960), Balún-Canán (1957) e Oficio de tinieblas (1962). Publicou 23 livros, entre eles El Cristal Fugitivo (1948), Apuntes para una declaración de fe (1948); De la vigilia estéril (1950); El rescate del mundo, (1952), Presentación en el templo (1951), Al pie de la letra, 1959; Lívida luz (1960), Poesía no eres tú (1972).

 

 

Os homens explicam tudo pra mim

Rebecca Solnit

Em seu ensaio icônico “Os Homens Explicam Tudo para Mim“, Rebecca Solnit foca seu olhar inquisitivo no tema dos direitos da mulher começando por nos contar um episódio cômico: um homem passou uma festa inteira falando de um livro que “ela deveria ler”, sem lhe dar chance de dizer que, na verdade, ela era a autora. A partir dessa situação, Rebecca vai debater o termo mansplaining, o fenômeno machista de homens assumirem que, independentemente do assunto, eles possuem mais conhecimento sobre o tema do que as mulheres, insistindo na explicação, quando muitas vezes a mulher tem mais domínio do que o próprio homem. 

Por meio dos seus melhores textos feministas, ensaios irônicos, indignados, poéticos e irrequietos, Solnit fala sobre as diferentes manifestações de violência contra a mulher, que vão desde silenciamento à agressão física, violência e morte. Os Homens Explicam Tudo para Mim é uma exploração corajosa e incisiva de problemas que uma cultura patriarcal não reconhece, necessariamente, como problemas. Com graça e energia, e numa prosa belíssima e provocativa, Rebecca Solnit demonstra que é tanto uma figura fundamental do movimento feminista atual como uma pensadora radical e generosa.

Para Educar Crianças Feministas

Chimamanda Ngozi Adichie

Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.