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O Companheiro de Viagem

Gyula Krúdy

Durante uma viagem de trem, o narrador relata a um desconhecido a aventura que viveu muitos anos antes, em um vilarejo da Alta Hungria. Ali ele se hospedara numa pequena pensão e mantivera um caso clandestino com a proprietária do local. Embora seja autor de uma obra imensa e das mais importantes de seu país, o escritor húngaro Gyula Krúdy (1878-1933) foi pouquíssimo editado no Brasil. Conforme notou o crítico Paulo Rónai, os estranhos romances e muitos contos e novelas do autor “constituem um único livro extenso e nunca terminado, o relato de uma saudosa viagem no passado romântico, interrompido por divagações e incidentes, sem outro fio senão o das associações involuntárias, numa linguagem exuberante e musical”.

Traduzido diretamente do húngaro por Paulo Schiller, este livro escrito em 1918, em meio à destruição da Primeira Guerra Mundial, constitui um dos momentos altos dessa narrativa única e contínua.

O Tradutor Cleptomaníaco

e outras histórias de Kornél Esti

“Só o inverossímil é realmente verossímil, só o inacreditável é realmente acreditado” – diz, a certa altura, Kornél Esti, o protagonista deste livro. E é armado com essa lógica dos contrários, uma inteligência afiadíssima e uma simpatia transbordante pelos tipos humanos mais desajeitados que o escritor húngaro Dezsö Kosztolányi (1885-1936) monta e desmonta as suas histórias, assim como um mágico faz as coisas desaparecerem bem diante do nosso nariz para reaparecerem, num piscar de olhos, atrás das orelhas.

Com um humor raro, ao mesmo tempo corrosivo e repleto de compaixão, os treze contos de O tradutor cleptomaníaco e outras histórias de Kornél Esti pertencem ao ciclo de relatos sobre esse personagem, composto por Kosztolányi em seus últimos anos de vida. Nestas páginas, o leitor é conduzido como que por encanto pela Budapeste dos anos 1920, e outras cidades europeias, onde a vida fervilha nas ruas e nos cafés, nos quartinhos de escritores e em requintados salões de conferência em que se desenrola um sem-número de episódios absurdos, um mais surpreendente que o outro. Tido como um mestre da prosa moderna, Kosztolányi abriu caminho para a renovação da literatura europeia, influenciando autores como Frigyes Karinthy, Attila József, Sándor Márai ou Péter Esterházy – que considera seu estilo “multicolorido e inefável, como um arco-íris”.