Arrastamo-nos por trás da mídia digital, que, aquém da decisão consciente, transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto. Um enxame digital! Embriagamo-nos hoje em dia da mídia digital, sem que possamos avaliar inteiramente.

A ascenção da psicopolítica na era digital
Para além da autopublicidade de intelectuais da atualidade, o filósofo coreano Byung-Chul Han, sendo suficientemente afastado das redes sociais e com uma grande bagagem de experiências e leituras filosóficas, se preocupa em manter o olhar afastado desse excesso de informações digitais para justamente poder observar com cautela os riscos psíquicos dessa aglomeração de pessoas e ideias, ou como o próprio se refere: o enxame. Na sociedade observada por Foucault, falávamos sobre biopolítica e a dominação das massas, no entanto para Han, o termo “massa” se torna obsoleto uma vez que massas são formadas por almas, e o indivíduo contemporâneo narcísico é completamente vazio de experiência de espírito uma vez que se encontra primordialmente fechado em si. Assim, nos encontramos em um enxame absoluto, onde diversos indivíduos narcísicos se aglomeram para acumular informações divergentes a fim de extravasar, mas jamais dialogar ou trocar vivências. Da mesma forma, a “manipulação das massas” acontece agora através da violência interna do indivíduo do enxame que é senhor e escravo de si ao mesmo tempo. As redes sociais servem de ferramenta para o controle de informações de organizações, a manutenção do poder se dá pelo controle psíquico de Narciso que se expõe por vaidade e se entrega por inocência à uma tempestade de capital.