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Quem sonha é um lar aceso

Teixeira de Pascoaes

“Há dois modos de escrever aforismos: ou por ordem expressa, logo os mostrando, ou de forma secreta, não visível, ocultando-os. Teixeira de Pascoaes é um escritor de aforismos ao segundo modo…”, da contracapa. A seleção e apresentação é de António Cândido Franco, edição de 2022. A imagem da capa é de António Areal, Pascoaes (1977)

As cousas revelam-se na memória, bem melhor que à luz do sol. A memória é interior prolongamento dos sentidos; está, por isso, em íntimo contacto com a realidade. Só ela conhece a realidade. Só existe o que nela se fixar. Se me recordo dum sonho, é que ele existe, como qualquer nuvem ou penedo.


Teixeira de Pascoaes 🇵🇹(1877-1952), pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nascido em Amarante, foi um poeta, escritor e filósofo português e um dos principais representantes da Renascença e do Saudosismo. De família da aristocracia rural, foi uma criança introvertida e sensível, propensa à contemplação nostálgica. Em 1901 se forma em Direito pela Universidade de Coimbra, mas não participa da boemia coimbrã, passando o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a refletir. Teve muitos contatos no exterior e foi um bibliografista notável. Publicou, entre outros, O Doido e a Morte (1913), Elegia da Solidão (1920), Versos Pobres (1949). 

 

 

o medo no meio das palavras

Emil M. Cioran

Apenas cultivam o aforismo aqueles que conheceram o medo no meio das palavras, esse medo de se desmoronarem com todas as palavras.

Emil M. Cioran

In: CIORAN E. M., Syllogismes de l’Amertume (1952) Gallimard
Silogismos da Amargura
, tradução de Manuel de Freitas, ed. Letra Livre (2009)


“Prismas Elétricos” (1914) de Sonia Delanauy são ao mesmo tempo uma exibição de relações de cores e uma representação abstrata de sua primeira experiência com iluminação pública elétrica em uma avenida de Paris. Os postes de luz tornam-se discos de cores radiantes que permeiam toda a tela, mas também há sugestões de formas sólidas. Um quiosque alto com livros ou revistas fica à esquerda, e partes de algumas figuras sombrias aparecem na metade inferior da pintura, quase completamente absorvidas pelas cores brilhantes da luz elétrica.


Emil M. Cioran 🇷🇴 (1911 — 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Em 1949, ao publicar “précis de decomposition”, passa a assinar E.M. Cioran, influenciado por E.M. Forster — esse “M” não tem nenhuma relação com outros nomes do filósofo (como Michel, Mihai, etc.) Um dos melhores conhecedores da obra de Cioran é o filósofo espanhol Fernando Savater, um de seus mais importante livros adentrando no pensamento de Cioran é Ensayo Sobre Cioran, de 1974. Ambos eram próximos e o livro termina numa entrevista com o filósofo romeno, mostrando um pouco de seu lado pessoal. Principais interesses: antinatalismo, misantropia, suicídio. Trabalhos notáveis: Breviário de Decomposição, Silogismos da Amargura, Exercícios de Admiração.