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No enxame

Byung-Chul Han

Arrastamo-nos por trás da mídia digital, que, aquém da decisão consciente, transforma decisivamente nosso comportamento, nossa percepção, nossa sensação, nosso pensamento, nossa vida em conjunto. Um enxame digital! Embriagamo-nos hoje em dia da mídia digital, sem que possamos avaliar inteiramente.

A ascenção da psicopolítica na era digital
Para além da autopublicidade de intelectuais da atualidade, o filósofo coreano Byung-Chul Han, sendo suficientemente afastado das redes sociais e com uma grande bagagem de experiências e leituras filosóficas, se preocupa em manter o olhar afastado desse excesso de informações digitais para justamente poder observar com cautela os riscos psíquicos dessa aglomeração de pessoas e ideias, ou como o próprio se refere: o enxame. Na sociedade observada por Foucault, falávamos sobre biopolítica e a dominação das massas, no entanto para Han, o termo “massa” se torna obsoleto uma vez que massas são formadas por almas, e o indivíduo contemporâneo narcísico é completamente vazio de experiência de espírito uma vez que se encontra primordialmente fechado em si. Assim, nos encontramos em um enxame absoluto, onde diversos indivíduos narcísicos se aglomeram para acumular informações divergentes a fim de extravasar, mas jamais dialogar ou trocar vivências. Da mesma forma, a “manipulação das massas” acontece agora através da violência interna do indivíduo do enxame que é senhor e escravo de si ao mesmo tempo. As redes sociais servem de ferramenta para o controle de informações de organizações, a manutenção do poder se dá pelo controle psíquico de Narciso que se expõe por vaidade e se entrega por inocência à uma tempestade de capital.

Agonia do Eros

Byung-Chul Han

O Eros se aplica, em sentido enfático, ao outro, que não pode ser abarcado pelo regime do eu. No inferno do igual, que iguala cada vez mais a sociedade atual, não mais nos encontramos, portanto, com a experiência erótica, que pressupõe a transcendência, a radical singularidade do outro. O terror da imanência, que transforma tudo em objeto de consumo, destrói a cupidez erótica. O outro que eu desejo e que me fascina é sem-lugar; ele se retrai à linguagem do igual. O desaparecimento do outro é um sinal da sociedade que vai se tornando cada vez mais narcisista; a sociedade, esgotada a partir de si, não consegue se libertar para o outro. É uma sociedade sem eros.

Sociedade do Cansaço

Byung-Chul Han

Os efeitos colaterais do discurso motivacional, o mercado de palestras e livros motivacionais está crescendo desde o início do século XXI e não mostra sinais de desaquecimento. Religiões tradicionais estão perdendo adeptos para novas igrejas que trocam o discurso do pecado pelo encorajamento e autoajuda. As instituições políticas e empresariais mudaram o sistema de punição, hierarquia e combate ao concorrente pelas positividades do estímulo, eficiência e reconhecimento social pela superação das próprias limitações. Byung-Chul Han mostra que a sociedade disciplinar e repressora do século XX descrita por Michel Foucault perde espaço para uma nova forma de organização coercitiva: a violência neuronal. As pessoas se cobram cada vez mais para apresentar resultados – tornando elas mesmas vigilantes e carrascas de suas ações. Em uma época onde poderíamos trabalhar menos e ganhar mais, a ideologia da positividade opera uma inversão perversa: nos submetemos a trabalhar mais e a receber menos. Essa onda do “eu consigo” e do “yes, we can” tem gerado um aumento significativo de doenças como depressão, transtornos de personalidade, síndromes como hiperatividade e burnout. Este livro transcende o campo filosófico e pode ajudar educadores, psicólogos e gestores a entender os novos problemas do século XXI.