tag . Eloar Guazelli

Demônios

Aluísio Azevedo

Neste título da coleção Clássicos em HQ, o premiado quadrinista Eloar Guazzelli transpõe o conto “Demônios”, de Aluísio Azevedo, de 1895 para o universo dos quadrinhos. Admirador do gênero fantástico desde adolescente, Guazzelli pinçou, na vasta obra de um autor célebre por sua produção naturalista, um conto fantástico de grande vigor – tanto que lhe rendeu também o reconhecimento como precursor da literatura fantástica no Brasil. Com Demônios em quadrinhos, Guazzelli realiza um belo trabalho de adaptação, dosando com extrema perícia os tons da terrível noite descrita por Aluísio, e mantendo, assim, o mistério de “Demônios”. Com seu estilo inconfundível, contribui para trazer à tona um texto pouco conhecido de um grande autor brasileiro.


Aluísio Azevedo 🇧🇷 (1857 – 1913) nascido em São Luís, no Maranhão, foi um romancista, contista, cronista, diplomata, caricaturista e jornalista brasileiro; além de desenhista e pintor. Ainda em pequeno revela pendores para o desenho e para a pintura, dom que mais tarde lhe auxiliaria na produção literária. Em 188 publica O Mulato, obra que escandaliza pelo modo cru com que desnuda a questão racial e inaugura o Naturalismo na literatura brasileira.O autor já demonstra ser abolicionista convicto.

Fernando Pessoa e outros pessoas

Davi Fazzolari e Eloar Guazelli

Por volta de 1925, Fernando Pessoa escreveu, em inglês, um guia para estrangeiros deslocarem-se de modo prático pela cidade de Lisboa. A publicação, contudo, chamou a atenção mais pela aparente falta de linguagem literária do que pela apresentação da cidade em si. Desta forma, foi a ele reservado apenas as prateleiras de viagens das livrarias, apesar de seu sedutor diferencial: a assinatura de Fernando Pessoa.

Nesse guia, o escritor, que entendia Lisboa como seu lar, apresenta caminhos para a leitura de sua obra. Um guia para viajantes, sim, porém uma espécie de ritual de iniciação para a futura leitura poética. Indicações de itinerários que bem podem ser anúncios dos percursos da heteronímia e também de seus próprios passos por Lisboa, estabelecida assim como uma cidade literária.

“Fernando Pessoa e outros pessoas” talvez tenha, guardadas as devidas dimensões, essa mesma pretensão: a de conduzir o jovem leitor de Pessoa à obra intrincada e complexa desse escritor maior da língua portuguesa. Obra repleta de ruas e avenidas que se estabelecem a cada nova leitura, a cada novo encontro do olhar. Se Lisboa pode ser um tabuleiro para Pessoa e para seus leitores, a partir dos versos e da prosa de seus heterônimos principais (os outros pessoas – Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Bernardo Soares), a linguagem das HQs pode gerar ainda outros espaços. Novas viagens para novos viajantes ou para velhos marinheiros saudosos dos atracadouros do Tejo, sedentos por revisitar Lisboa.