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17 Animações Infantis que Abordam o tema da Morte

Imagem do filme “o rei Leão”, cena que simba chora a morte de seu pai

Cena em que Simba perde o pai

A dor da perda gera uma constelação de sentimentos, e o luto é a expressão dessa dor. Não é fácil falar sobre a morte, e muitas pessoas vivem o sentimento de perda desde a infância. Enquanto o tema da perda e do processo de luto é recorrente nas artes, fora da ficção as pessoas preferem fugir desta questão. No geral, nós, como sociedade, seja em  família ou como indivíduos, tendemos a querer “proteger” as crianças do processo da morte. Há quem  desencoraje gatilhos melancólicos. Mas há bons motivos para acreditar que as crianças podem lidar com o tema da morte e seguir otimistas, com bem-estar emocional. E a arte tem o poder de tornar mais leves temas difíceis, facilitar a conversa com os pequenos sobre coisas que às vezes são tabu até entre adultos. Muitas vezes, os personagens dos contos de fadas são órfãos ou precisam crescer com as adversidades que a morte ocasiona. E é especialmente eficaz se a criança se reconhece na história. Abaixo, algumas animações infantis lindas que abordam questões sobre morte, perda, elaboração do luto, vida após a morte, melancolia, saudade…


Lista de 17 animações infantis que falam da morte:

  1. 🇺🇸  Soul (2020)
  2. 🇺🇸 Coco (2017)
  3. 🇺🇸 Inside Out (2015)
  4. 🇺🇸 The Lion King (2019)
  5. 🇺🇸 The Lion King (1994)
  6. 🇺🇸 Frozen (2013)
  7. 🇺🇸 🇬🇧 Frankenweenie (2012)
  8. 🇺🇸 Up (2009)
  9. 🇯🇵 Tsumiki no ie (2008)
  10. 🇺🇸 Monster House (2006)
  11. 🇺🇸 Finding Nemo (2003)
  12. 🇯🇵 Hotaru no haka (1988)
  13. 🇺🇸 The Land Before Time (1988)
  14. 🇺🇸 Bambi (1942)
  15. 🇺🇸 Big Hero 6 (2014)
  16. 🇺🇸 The Good Dinosaur (2015)
  17. 🇺🇸 🇬🇧 Corpse Bride (2005)

🇺🇸  Soul (2020)
Direção: Pete Docter
Título em portugês:

O professor de música Joe Gardner sofre um acidente e morre logo após conseguir o emprego dos seus sonhos. Ele acorda em um lugar onde as almas adquirem personalidades antes de retornarem à Terra. Ali Joe conhece a jovem 22, uma alma adolescente que evita a vida terrena há séculos. O filme explora questões filosóficas interessantíssimas para adultos e crianças, como: o valor e o propósito da vida, de onde viemos e por que nos comportamos de certas formas.

Tags: vida após a morte; reincarnação


🇺🇸 Coco (2017)
Direção: Lee Unkrich e Adrian Molina
Título em portugês: Viva – A vida é uma festa

O pano de fundo é a tradição mexicana do Dia de Los Muertos e a perspectiva de como diferentes culturas lidam com a morte. Trata com leveza de questões humanas e familiares universais. A animação conta a história de Miguel, que sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Então, Miguel vai à Terra dos Mortos. Ao longo do caminho, ele conhece o trapaceiro Hector e juntos partem em uma jornada para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel.

Tags: Dia de Los Muertos; espiritualidade; vida após a morte


🇺🇸 Inside Out (2015)
Direção: Pete Docter, Ronnie Del Carmn
Título em portugês: Divertidamente

Apesar de não ser propriamente sobre morte e luto, este é um verdadeiro tratado lúdico sobre a mente humana, e trata com leveza de um assunto fundamental. Segue as aventuras e desventuras dos sentimentos que vivem dentro de Riley, acompanhando o impacto que os acontecimentos da sua vida têm sobre saúde mental. O filme retrata as pesquisas do mentor de Dacher Keltner, professor de Psicologia da Universidade da Califórnia, o pesquisador Paul Ekman, pioneiro dos estudos das relações entre as emoções e as expressões fisionômicas.

Tags: elaboração do luto


🇺🇸 The Lion King (2019)
Direção: Jon Favreau
Título em portugês: O Rei Leão

Remake feito 15 anos depois do clássico.

 

Tags: perda do pai


🇺🇸 The Lion King (1994)
Direção: Roger Allers e Rob Minkoff
Título em portugês: O Rei Leão

Quem não se lembra do clássico infantil da Disney e sua jornada de elaboração do luto do pequeno Simba, após perder o pai, Mufasa? Há uma cena em que o macaco Rafiki, ao ver o filhote de leão sofrendo com a perda do pai, diz “Ele está dentro de você”, uma fala que atravessou gerações como um aprendizado sobre os vínculos afetivos que permanecem mesmo depois da partida de alguém. Em cartaz em live action nos cinemas, a nova versão de O Rei Leão convida a revisitar também o original, e relembrar a força simbólica de uma história que ultrapassa a passagem do tempo.

Tags: perda do pai


🇺🇸 Frozen (2013)
Direção: Chris Buck, Jennifer Lee

Uma das animações mais queridas das crianças atualmente, Frozen também mostra como a vida continua depois da perda de um ente querido. As irmãs Elsa e Anna perdem os pais na infância em um acidente. A trama então se desenrola a partir do luto delas e de como elas assumirão as responsabilidades dos pais no futuro, ao comandar o reino. Embora a música mais famosa do filme seja “Livre estou” (o “Let it go”),  “Você quer brincar na neve?” (“Do you wanna build a snowman?”) é a canção que retrata o luto das irmãs na infância e como elas podem se ajudar para superar a perda dos pais.

Tags: perda dos pais;


🇺🇸 🇬🇧 Frankenweenie (2012)
Direção: Tim Burton
Título em portugês:

Da Disney e do gênio criativo de Tim Burton, o divertido “Frankenweenie” é uma história emocionante sobre um menino e seu cachorro. Depois de perder subitamente seu amado cão Sparky, o jovem Victor aproveita o poder da ciência para trazer seu melhor amigo de volta à vida, apenas com alguns pequenos ajustes.

Tags: perda do pet; vida após a morte


🇺🇸 Up (2009)
Direção: Pete Docter e Bob Peterson
Título em portugês:

Um senhor, com seus 78 anos, passou a vida sonhando em explorar o planeta e viver plenamente a vida. Após perder sua companheira, ele vive isolada em uma casa sob risco de demolição. Até que um plano mirabolante invade sua cabeça: fazer sua casa inteira levantar voo através de balões e transportá-la para o Paraíso Perdido das Cachoeiras, um lugar perdido em meio às montanhas da América do Sul. O filme todo é uma espécie de jornada de elaboração de luto do personagem principal, e apresenta uma amizade intergeracional entre um menino e um idoso.

Tags: viuvez, amizade intergeracional


🇯🇵 Tsumiki no ie (2008)
Direção: Kunio Kato
Título em portugês: “A casa dos pequenos cubos”

Vencedor de mais de 15 prêmios internacionais, incluindo um Oscar de melhor animação em 2009, este curta japonês sem diálogos conta a história de um senhor com idade já avançada que mora em uma cidade ao nível do mar. Com o passar do tempo, o nível da água vai subindo, e, desta maneira, o idoso tem que erguer ainda mais sua casa, que é levantada tijolo por tijolo. O curta, com pouco mais de 12 minutos, metaforiza a elaboração da perda, e de como nos isolamos em muros altos a cada vez que não conseguimos lidar com um sentimento.

Tags: elaboração do luto


🇺🇸 Monster House (2006)
Direção: Gil Kenan
Título em portugês: A casa monstro

Mesmo para um garoto de 12 anos, D.J. Walters tem uma imaginação hiperativa. Ele está convencido de que seu desvairado e sinistro vizinho Horácio Epaminondas, que aterroriza todas as crianças da vizinhança, é responsável pelo desaparecimento da Sra. Epaminondas. Qualquer brinquedo que cai na casa de Epaminondas desaparece na hora, engolido pela casa cavernosa que Horácio vive. Mas, na verdade, a “casa engolidora” é uma metáfora para o luto que o senhor Horácio vive após perder a esposa.

Tags: viuvez; elaboração do luto


🇺🇸 Finding Nemo (2003)
Direção: Andrew Stanton
Título em portugês: Procurando Nemo

Mais do que a morte propriamente dita, Procurando Nemo fala  sobre o medo que temos de perder as pessoas que amamos. Marlin é um peixe que superprotege o seu filho Nemo por conta da tragédia que custou a vida do resto da sua família, e que ao longo da história precisa deixar que o filho cresça e tome suas próprias decisões.O filme traz assim ensinamentos sobre como nossos traumas e medos não podem definir a forma como educamos os filhos.

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🇯🇵 Hotaru no haka (1988)
Direção: Isao Takahata
Títulos traduzidos: O Túmulo dos Vaga-lumes / Pirilampos; Grave of the Fireflies

Os irmãos Setsuko e Seita vivem no Japão em meio a Segunda Guerra Mundial. Após a morte da mãe em um bombardeio americano e a convocação do pai para a Guerra, eles vão morar com alguns parentes. Insatisfeitos, saem da cidade e acabam num abrigo isolado na floresta, onde lutam contra a fome e as doenças e se divertem com as luzes dos vaga-lumes. Uma animação sensível sobre os aprendizados do amadurecimento diante das situações desafiadoras.

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The Land Before Time (1988)
Direção: Don Bluth
Títulos traduzidos: O vale encantado dos dinossauros; Em Busca do Vale Encantado

Na distante época dos vulcões e perigosos terremotos, um jovem braquiossauro chamado Littlefoot é repentinamente deixado sozinho, após a morte da sua mãe. Saindo à procura do lendário Vale Encantado, ele encontra quatro outros jovens dinossauros que concordam em acompanhá-lo em sua jornada. Numa ousada aventura para cruzar uma paisagem cheia de perigos, o bravo grupo encontra predadores famintos e desafios assustadores, enquanto aprende novas lições de vida e a importância do trabalho em equipe.

Tags: perda da mãe; elaboração do luto


🇺🇸 Bambi (1942)
Direção: James Algar, Samuel Armstrong

Bambi também fica órfão quando ainda é filhote. No início da história, a mãe do servo é morta, protagonizando uma das cenas mais tristes do cinema até hoje. Mas apesar da tristeza, o longa mostra que é possível encontrar força e acolhimento nos outros, especialmente nos amigos. O poder da amizade e da família é retratado de maneira muito especial.

Tags: perda da mãe;


🇺🇸 Big Hero 6 (2014)
Direção: Don Hall, Chris Williams
Título em portugês: Operação Big Hero

O irmão mais velho do protagonista Hiro Hamada, Tadashi, inventor e inspiração para o pequeno, morre em um acidente no início do filme. Uma das invenções dele foi Baymax, uma espécie de robô que passa a acompanhar Hiro e seus amigos depois da morte de Tadashi. Baymax vira um conforto para Hiro pela lembrança do irmão, até que ele aprende que a memória de Tadashi permanece não em algo, mas nas ideias que ele cultivou ao longo da vida.

Tags: perda do irmão


🇺🇸 The Good Dinosaur (2015)
Direção: Peter Sohn
Título em português: O Bom Dinossauro

O cometa que extinguiu os dinossauros nunca atingiu a Terra, o que nos proporciona um cenário onde esses animais vivem com ótima capacidade de raciocínio e lidam com humanos roubando suas plantações. Arlo, o personagem principal, se mostra desastrado desde a cena em que sai do ovo e é dono de uma personalidade covarde, o que causa grande preocupação em seus pais e faz com que o grande Apatossauro diga ao filho para capturar a criatura que anda comendo sua produção. O filme tem muitas partes fofas e ilustra bem a construção de uma amizade espontânea entre duas crianças de espécies diferentes que estão tentando sobreviver com suas perdas.


🇺🇸 🇬🇧 Corpse Bride (2005) IMDB
Direção: Tim Burton e Mike Johnson
Título em português: A Noiva-Cadáver

Cenário sombrio e personagens cadavéricos, este pode ser encarado como um pote de esperança na felicidade da vida pós-morte com esqueletos no bar ou como um filme em desenho com um final de vingança por um assassinato levemente assustador.  Um casamento arranjado entre dois jovens, Victor e Victoria, que vivem na Inglaterra vitoriana. Victor é inseguro e resolve ensaiar seus votos em uma floresta à noite e, ao colocar o anel destino a noiva em um galho, acaba se comprometendo com Emily, uma cadáver que esperava há anos o matrimônio. Enquanto seu futuro noivo embarca em uma aventura no mundo dos mortos, Victoria se vê cortejada por um novo pretendente disposto a pagar um dote gigantesco. Após visitar e se divertir no mundo dos mortos, o principal opta por agarrar sua insegurança e desistir de sua amada viva, aceitando se casar com a noiva cadáver. Qual mundo é o real mundo dos mortos, em uma Londres escura e vazia de emoções como cenário principal em contraste com a euforia de almas sem preocupações.


Conhece mais alguma animação infantil que trate do tema?
Me envie sua sugestão.

Quem fez esta lista?

Julia Medrado (1985–), paulistana, mãe da Patrícia e do Tarcísio, vive em Portugal, é tradutora, publicista e mestre em Literatura e Crítica Literária. Graduada em Letras pela PUC-SP, é também especialista em Gestão de Projetos Digitais pelo SENAC. Presta serviços junto a redatores, revisores e tradutores; em 2010 criou a Tradstar e, desde então, se divide entre projetos, alguns literários e absolutamente pessoais, como este site que leva seu nome.

   

Livros infantis sobre morte e luto

imagem gerada no Midjourney

A dor da perda gera uma constelação de sentimentos. Não é fácil falar sobre morte, e muitas pessoas vivem o sentimento de perda desde a infância. Enquanto o tema da perda e do processo de luto é recorrente nas artes, fora da ficção as pessoas preferem fugir desta questão. No geral, nós, como sociedade, seja em  família ou como indivíduos, tendemos a querer “proteger” as crianças do processo da morte. Há quem  desencoraje gatilhos melancólicos. Mas há bons motivos para acreditar que as crianças podem lidar com o tema da morte e seguir otimistas, com bem-estar emocional. A arte tem o poder de tornar o tema mais leve e facilita a conversa com os pequenos sobre coisas que são tabu até entre adultos. Nos contos de fadas há personagens órfãos ou que precisam crescer com as adversidades que a morte ocasiona. E o livro é especialmente eficaz se a criança se reconhece na história. Abaixo, alguns livros infantis que abordam questões sobre morte, perda, elaboração do luto, vida após a morte, melancolia, saudade…


Mas por quê??! A História de Elvis
Peter Schössow, editora Cosac Naify

A menina esbraveja, grita ao mundo seu por quê? e por onde passa atrai curiosos para sua demonstração indignada. Elvis está morto; não o cantor, seu passarinho. Os amigos, então, providenciam um enterro e dividem com ela o momento de tristeza, mas também de boas lembranças. A leitura mostra que o luto pode ser esbravejado, e que, no fim, o que fica são as memórias. O livro é marcante por mostrar que é possível extravasar a dor, para isso passamos por momentos tristes, mas tudo fica bem no final.

Tags: morte de pet; extravasar a dor


Para Onde Vamos Quando Desaparecemos?
Isabel Minhós Martins, Madalena Matoso

“Já parou para pensar para onde vão as meias sem par? A areia da praia levada pelo vento? E o barulho, quando tudo fica em silêncio? Esses são alguns dos mistérios que a vida distribui aos montes, e a verdade é que algumas perguntas nem mesmo os adultos conseguem responder com certeza. A mais difícil talvez seja esta: para onde vão as coisas, e as pessoas, quando não estão mais aqui? Cada um tem uma resposta diferente, mas, já que ninguém sabe ao certo qual é a certa, podemos dar asas à imaginação e inventar mil e uma possibilidades.”

Tags: filosófico


A Vida Sem Léo
Andrea Maturana, Francisco Javier Olea (ilustrador), editora Rovelle

“Léo e Bia são muito amigos, mas de uma hora para a outra têm que se separar, porque a família de Léo vai se mudar para um lugar distante. Depois da partida dele, os dias se tornam tristes e solitários. E a melancolia abre um enorme vazio na vida de Bia. Por que a saudade dói tanto?” Mas, com o passar do tempo, a falta que ela sente do amigo parece diminuir. Será que ainda restará algum espaço para Léo quando ele voltar?

Tags: perda de amiguinho; saudade; melancolia


 

A Árvore Das Lembranças
Britta Teckentrup

A raposa levou uma vida longa e feliz na floresta. Mas quando sentiu-se muito, muito cansada, entendeu que era hora de partir. Tristes, os animais da floresta reúnem-se em volta da amiga para relembrar os momentos felizes que viveram juntos. Mas uma agradável surpresa irá aquecer o coração de cada um deles e transformar a dor da saudade em um alegre farfalhar de folhas ao vento. Um livro delicado e tocante, que celebra a vida e nos ajuda a resgatar as doces lembranças daqueles que amamos.

Tags: rituais junto à natureza; memórias


O Pato, a Morte e a Tulipa
Wolf Erlbruch, editora Companhia das Letras

Este tem poesia, tristeza e beleza. E tem essa coisa que se chama morte e que nos acompanha desde que nascemos… Certo dia, o pato vê uma caveira andando atrás dele. É a morte. Ele já não ia bem, mas não queria morrer naquele momento. Ela explica que sempre esteve por perto, para o caso de algum acidente, uma gripe forte ou um improviso. Eles vão passar juntos as últimas semanas de vida do pato e travar diálogos maravilhosos: “Vai ser assim quando eu estiver morto”, pensou o pato. “O lago, sozinho. Sem mim.”
Às vezes, a morte podia ler pensamentos.
– Quando você estiver morto, o lago também não vai estar mais lá – pelo menos não para você.


O Coração e a Garrafa
Oliver Jeffers, editora Salamandra

A menina era como todas as outras de sua idade: gostava de olhar as estrelas, o mar e tudo o que fosse novo. E perguntar. Um dia, a cadeira do seu avô apareceu vazia, ele havia morrido. A menina, insegura com a perda, decide colocar seu coração dentro de uma garrafa, longe de qualquer perigo. Com o tempo, ela deixa de ser curiosa e de prestar atenção nas coisas. Até encontrar com uma criança que era curiosa como um dia ela já tinha sido. E vai precisar colocar seu coração no lugar. Essa narrativa poética mostra como podemos ficar tristes, e isso leva um tempo, mas que o lugar do coração é mesmo batendo no peito.

Tags: morte de avô; processo de luto


O anjo-da-guarda do vovôO ANJO-DA-GUARDA DO VOVÔ
Jutta Bauer, editora Cosac Naify

São histórias do vovô, deitado na cama do hospital. As ilustrações e o texto se complementam, e está nos desenhos um detalhe precioso: o avô vai contando do que já fez durante a vida, das coisas que aprontou, do que passou. Mas em cada situação de perigo pela qual ele passa, um anjo o acompanha, zelando pela sua vida: segura um ônibus que quase o atropela, ajuda ele a carregar peso, afasta nuvens chuvosas, até faz papel de cupido. No final, o vovô fecha os olhos – e seu anjo agora segue acompanhando o netinho, sem que ele perceba. É de encher os olhos de lágrimas, o coração de saudade, mas também de conforto.

Tags: morte de avô; anjo da guarda


Fico à espera
Davide Cali e Serge Bloch, editora Cosac Naify

Davide Cali é o autor do livro O que é o Amor? e Um Dia um Guarda-Chuva, ambos portugueses. Um livro diferente! Primeiro, no formato: como se fosse um envelope, retangular – deixa logo a gente curioso. Dentro dele ilustrações delicadas e um fio de lã vermelho, que percorre o livro todo e acompanha a vida de um garoto: sua infância, adolescência, fase adulta e velhice. Cada momento, uma espera: ele está à espera e crescer, do beijinho de dormir, da partida do trem, da guerra, do nascimento do filho. Uma leitura deliciosa.


A grande questão
Wolf Erlbruch, editora Cosac Naify

Esse é outro livro de Wolf Erlbruch, o autor do livro aí em cima, O Pato, A Morte e a Tulipa – e vou logo contar, é muito difícil não não se encantar pelas obras do alemão! Aqui, a grande questão é a pergunta: afinal, por que estou aqui? A cada página dupla, um personagem diferente responde. O gato tem sua resposta, o soldado, o coelho – e também o pato e a morte, ali, do livro anterior. Algumas são cômicas, outras emocionam, todas são criativas demais e acompanham uma ilustração divertida. O comilão diz: “você está aqui para comer bem, aí está o porquê”; a pedra: “você está aqui para confiar”; a morte: “você está aqui para amar a vida”. Tão bonito!

Tags:


Eu me pergunto…
Jostein Gaarder, editora Companhia das Letrinhas

Se o livro A Grande Questão traz as respostas mais divertidas, este traz perguntas, e as mais difíceis perguntas.  Cabe a nós conversar e procurar as respostas. O que é o tempo? Tudo que já aconteceu desaparece para sempre? Foi Deus quem criou os seres humanos? Ou fomos nós que criamos esse Deus em nossas cabeças? são algumas delas. Um convite a à filosofia, para ler com crianças de mais idade. Escrito pelo mesmo autor norueguês do belíssimo O Mundo de Sofia.

Tags: filosófico


A preciosa pergunta da pata
Leen van den Berg e Ann Ingelbeen, Brinque-Book

Este é um livro bacana de ler com os mais pequenos. É essa a tal pergunta da pata: ela acaba de perder um patinho, e comparece a uma reunião onde os bichos debatem assuntos difíceis querendo saber isso, para onde vamos quando não estamos mais aqui. Cada um dá sua resposta, conforme o que imagina – o rio vai virar mar, o sol não vai sentir mais tanto calor, o rato voltará enorme como um elefante. Apesar do assunto difícil, o livro é leve, fácil de ler.

Tags: perda de filhote


Harvey
Como me tornei invisível

Herve Bouchard, editora Pulo do Gato

O livro traz uma supresa enorme. Esse é um livro pra crianças mais velhas, acima de 9 anos – mas é um livro pra emocionar muito adulto também. Na história, o menino Harvey e o irmão Cantin perdem o pai. Chegam em casa depois de brincar e deparam-se com a ambulância levando o corpo, a mãe as prantos – e então Harvey (o livro é na voz dele) tem que lidar com a ausência do pai. Entrar em casa, encarar o ambiente vazio (Harvey, entre outras coisas, não entende como o carro do pai ainda está na garagem se ele não está lá), a solidão da primeira noite. Harvey vai se sentindo pequeno sem o pai, se tornando invisível. As ilustrações acompanham a história lindamente – e ao folhear o pequeno livro, a sensação é de estar acompanhando um filme. Emocionante, triste, bonito demais.

Tags: m


É Assim
Paloma Valdivia, editora Edições SM

Há aqueles que chegam e aqueles que vão. Os que hoje chegaram, um dia também partirão. Pode ser o peixe da sopa de ontem, o gato do vizinho ou a tia Margarida. “Nós, que aqui estamos, choramos pelos que partem. É bonito lembrar. Nós, que aqui estamos, nos alegramos com aqueles que chegam. Damos a eles boas-vindas, gostamos de celebrar”. É dessa forma simples que a autora chilena explica o nasce-e-morre da vida. Gosto muito dessa simplicidade sem rodeios e sem mistérios, mostrando que tudo faz parte do ciclo da vida.

Tags: m


Meu Filho Pato
e mais contos sobre aquilo de que ninguém quer falar
vários autores
, editora Cia. das Letrinhas

São seis histórias com acontecimentos da vida da criança, como a chegada de um irmão e a perda de alguém muito querido.  As ilustrações são de Rafael Antón. Ao longo do seu desenvolvimento, toda criança vivencia situações de perda –  quando muda de casa, quando nascem os irmãos, quando adoece ou morre um ente querido -, que podem gerar reações fortes. Para que as crianças possam enfrentar esses desafios é importante que consigam expressar seus sentimentos, em conversas e brincadeiras ou através de histórias ficcionais. Pensando na dificuldade que muitos adultos têm em falar com seus filhos sobre a morte, o escritor Ilan Brenman, autor de inúmeros livros, e uma equipe de psicólogas  especializadas em situações de perda, resolveram convidar seis escritores para criar histórias. O resultado é um livro tão variado em estilos – há contos de humor, outros mais tristes, um psicodélico, cordel e poesia – quanto em conteúdo – muitas possibilidades para falar sobre a morte e entendê-la como um fenômeno inerente à vida.

Tags: variedade; projeto polifônico

Autoria

Julia Medrado (1985–), paulistana, mãe da Patrícia e do Tarcísio, vive em Portugal, é tradutora, publicista e mestre em Literatura e Crítica Literária. Graduada em Letras pela PUC-SP, é também especialista em Gestão de Projetos Digitais pelo SENAC. Presta serviços junto a redatores, revisores e tradutores; em 2010 criou a Tradstar e, desde então, se divide entre projetos, alguns literários e absolutamente pessoais, como este site que leva seu nome.