tag . morte

ouvir as flores acerca da morte

Emil M. Cioran

Todas as palavras me incomodam. Porém, como me seria agradável ouvir as flores tagarelarem acerca da morte!


In: CIORAN, Syllogismes de l’Amertume (1952)
Silogismos da Amargura
, tradução de Manuel de Freitas, ed. Letra Livre (2009)


Emil M. Cioran 🇷🇴 (1911 — 1995) foi um escritor e filósofo romeno radicado na França. Em 1949, ao publicar “précis de decomposition”, passa a assinar E.M. Cioran, influenciado por E.M. Forster — esse “M” não tem nenhuma relação com outros nomes do filósofo (como Michel, Mihai, etc.) Um dos melhores conhecedores da obra de Cioran é o filósofo espanhol Fernando Savater, um de seus mais importante livros adentrando no pensamento de Cioran é Ensayo Sobre Cioran, de 1974. Ambos eram próximos e o livro termina numa entrevista com o filósofo romeno, mostrando um pouco de seu lado pessoal. Principais interesses: antinatalismo, misantropia, suicídio. Trabalhos notáveis: Breviário de Decomposição, Silogismos da Amargura, Exercícios de Admiração.

Tudo neste mundo provém duma luz que se apagou…

Teixeira de Pascoaes

Tudo neste mundo provém duma luz que se apagou…

Por isso, eu vi na Sombra a essência das cousas, a luz da vida, a alma!


Teixeira de Pascoaes, Verbo Escuro, ed.


Teixeira de Pascoaes 🇵🇹(1877-1952), pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nascido em Amarante, foi um poeta, escritor e filósofo português e um dos principais representantes da Renascença e do Saudosismo. De família da aristocracia rural, foi uma criança introvertida e sensível, propensa à contemplação nostálgica. Em 1901 se forma em Direito pela Universidade de Coimbra, mas não participa da boemia coimbrã, passando o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a refletir. Teve muitos contatos no exterior e foi um bibliografista notável. Publicou, entre outros, O Doido e a Morte (1913), Elegia da Solidão (1920), Versos Pobres (1949). 


Naeemeh Naeemaei 🇮🇷 (1984) The Moon Falls a Thousand Times, (2019) Há um conto popular iraniano sobre um Leopardo orgulhoso que despreza a todos. Uma noite ele encontra a Lua e tenta substituí-la. Vai até um penhasco e salta de lá para alcançá-la, caindo para a morte. É sobre arrogância. Outro conto baseia-se em uma história verídica da vila de Kandelous. Uma moça faz amizade com um belo Leopardo. Mas seu pretendente, que a corteja sem sucesso, atira no bicho por ciúme, matando-o tragicamente. É sobre limites. A pintura traz as duas lendas: uma mulher carrega sozinha, nos ombros, o corpo do seu luto pessoal, mas tem “luas sob os pés para respeitar o desejo do Leopardo de estar acima da Luz”.

Senhora da Noite; Verbo Escuro

Teixeira de Pascoaes

I. Pergunta o homem ao seu espírito: «Que me dizes tu da morte?»

II. « – Eis uma estranha pergunta! O homem não compreende a morte, por isso mesmo que é mortal; quando fala da morte, é como se falasse ainda da vida… Só eu a compreendo, eu -, o espírito a quem ela obedece.»

III. «Diz-me então o que é a morte!»

IV. «- De que serve? Há palavras cujo sentido não entendes. Quantas vezes, surge, nos teus lábios, a palavra Infinito, cheia de espanto, sem saber… pondo ela mesma, à sua frente, um sinal de interrogação… Eu vejo as palavras faladas… Vejo-as sair da tua boca, já inertes, porque a sua alma só me pertence a mim. Quanto tu dizes morte, é como se dissesses nada, tudo, finito, infinito… e quando eu murmuro, na tua intimidade, tais palavras, tu ficas como abstracto, alheado… ou como quem vai, de noite, por um caminho e pára, julgando ouvir misteriosa voz. De resto, várias vezes te disse o que era a morte… Mas tu não me percebes… Tornar-te-ei a repetir que a morte… és tu próprio!»

V. «Eu – o ser que vive?»


Teixeira de Pascoaes, Senhora da Noite; Verbo Escuro, ed.


Teixeira de Pascoaes 🇵🇹(1877-1952), pseudônimo de Joaquim Pereira Teixeira de Vasconcelos, nascido em Amarante, foi um poeta, escritor e filósofo português e um dos principais representantes da Renascença e do Saudosismo. De família da aristocracia rural, foi uma criança introvertida e sensível, propensa à contemplação nostálgica. Em 1901 se forma em Direito pela Universidade de Coimbra, mas não participa da boemia coimbrã, passando o seu tempo, monasticamente, no quarto, a ler, a escrever e a refletir. Teve muitos contatos no exterior e foi um bibliografista notável. Publicou, entre outros, O Doido e a Morte (1913), Elegia da Solidão (1920), Versos Pobres (1949).