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Compaixão

Anne Sexton

Pela primeira vez editada no Brasil, em edição bilíngue o trabalho inovador de Anne Sexton, a poeta que abriu caminho para gerações de escritoras, em uma seleção feita por sua filha e executora literária, Linda Gray Sexton, com tradução de Bruna Beber.

Anne Sexton fez um trabalho que, em menos de duas décadas de escrita, já lhe havia rendido o Prêmio Pulitzer de Poesia, estabelecendo-a como uma das vozes mais proeminentes de sua geração. Uma poeta que fala com uma coragem extraordinária e que se aprofunda em assuntos considerados inadmissíveis em sua época: traumas de infância e incesto; dependência de drogas e de álcool; loucura e depressão; masturbação e menstruação; casamento e adultério; maternidade, filhos e amizade; o desejo de viver e o desejo de morrer. Esses são apenas alguns dos temas que ela abordou, cada um com ardor, fúria e, ao mesmo tempo, uma clareza contundente. No início dos anos 1960, tanto nos EUA quanto na Inglaterra, ela era considerada muito radical. O nome de Sexton é lendário. Sua poesia é lida em todo o mundo, traduzida para mais de trinta idiomas, e em seu próprio país permanece como referência para poetas e leitores em busca de uma percepção crua, vitalidade na expressão e franqueza confessional.


Anne Sexton 🇺🇸 (1928-1974) foi uma poetisa americana conhecida por seus versos confessionais altamente pessoais. Ela ganhou o Prêmio Pulitzer de poesia em 1967 por seu livro Live or Die.

A Íris Selvagem

Louise Glück

Louise Glück recebeu o Prêmio Nobel da Literatura de 2020 e esta foi a principal razão de eu ter procurado sua poesia, pois não a conhecia antes. Na justificação da Academia Sueca fala-se da sua “inconfundível voz poética, que, com uma beleza austera, tornou universal a existência individual”.

Tanto em Averno (2006) como em A Íris Selvagem (1992), a autora recorre a imagens recriadas da sua herança clássica pelos poetas greco-latinos, o que lhe permite usar imagens universais para abordar a dor e a fragilidade dos seres humanos dos nossos dias. Louise Glück recebeu alguns dos principais prémios literários norte-americanos , tendo A Íris Selvagem sido contemplado com o Pulitzer.

 A tradução desta edição bilingue da Relógio DÁgua é de Ana Luísa Amaral.


8 de outubro de 2020.
Eram 7h00 quando Louise Glück, poeta norte-americana de 77 anos, recebeu um telefonema da Academia Sueca. Do outro lado da linha chegava a notícia: havia sido laureada com o Prémio Nobel da Literatura. Duvidou da veracidade do telefonema e a incredulidade que se seguiu atrapalhou a resposta a algumas perguntas. Em entrevista ao The New York Times, nesse mesmo dia, e já refeita da surpresa inicial, demonstrou a sua incompreensão quanto ao facto de ter sido a escolhida. “Fiquei espantada que escolhessem um poeta branco americano. Não faz sentido algum.”

Entre os favoritos, nas listas de apostas deste ano, constavam essencialmente nomes de mulheres, sendo Maryse Condé, Jamaica Kincaid e Anne Carson as mais referidas. A 16.ª mulher a ser galardoada com o Prémio Nobel da Literatura foi escolhida pela sua “voz poética inconfundível que, com uma beleza austera, torna a existência individual universal”. Louise Glück nasceu em Nova Iorque, em 1943, numa família de emigrantes judeus vindos da Hungria. No colegial, uma anorexia, e a terapia que se seguiu, durante anos, levou a que interrompesse os seus estudos. A psicanálise acabaria por marcar a sua escrita. Em 1968, publicou a sua primeira obra, Firstborn, que a levou para os primeiros lugares da literatura contemporânea americana. É ensaísta, poeta e professora de língua inglesa na Universidade de Yale. Suas influências são Rainer Maria Rilke e Emily Dickson. Tem 14 livros de poesia e 2 de prosa e já arrecadou prêmios de peso, como o Putizer (1993), por The Wild Iris e o National Book Award (2014), por Faithful and Virtuous Night.

Louise prepara-se para lançar uma coletânea de poemas, Winter Recipes From the Collective, onde a morte é tema dominante, como aliás acontece em quase todo o seu trabalho. Escrevo sobre a morte desde sempre. Foi um choque ter descoberto, na infância, que isto não dura para sempre.”

“A escrita dela é como uma conversa interior. Talvez esteja a falar consigo própria, talvez esteja a falar conosco. Há ironia nisso.” diz Jonathan Galassi, editor e amigo. Para abordar as “batalhas e alegrias”, comuns a todos, inspira-se frequentemente na mitologia clássica. Apesar de se assumir como uma pessoa bastante sociável, não gosta de dar entrevistas. “A maioria das coisas que tenho para dizer é transformada em poemas. O resto é só entretenimento.”

 

A Visita Cruel do Tempo

Jennifer Egan

Bennie Salazar é um executivo da indústria musical. Ex-integrante de uma banda de punk, ele foi o responsável pela descoberta e pelo sucesso dos Conduits, cujo guitarrista, Bosco, fazia com que Iggy Pop parecesse tranquilo no palco. Jules Jones é um repórter de celebridades preso por atacar uma atriz durante uma entrevista e vê na última — e suicida — turnê de Bosco a oportunidade de reerguer a própria carreira. Jules é irmão de Stephanie, casada com Bennie, que teve como mentor Lou, um produtor musical viciado em cocaína e em garotinhas. Sasha é a assistente cleptomaníaca de Bennie, e seu passado desregrado e seu futuro estruturado parecem tão desconexos quanto as tramas dos muitos personagens que compõem esta história sobre música, sobrevivência e a suscetibilidade humana sob as garras do tempo.