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o deserto de te gastares

Daniel Faria

Podes construir a vida toda e chegar ao fim sem teres abrigo. Podes dar ao mundo os filhos, a força, a fartura, sem alcançares outra recompensa senão essa: a de teres dado. E certamente não há outra maior. Podes estar à mesa a comer sozinho e ao vir-te à memória o número dos teus filhos e dos teus netos tudo de repente perder sentido. Pensa, então, não que a vida te abandona, mas que te leva.

A viuvez e o luto são mais do que o sofrimento. A tarefa da vida é o deserto de te gastares. Ganhaste transparência. Aproximas o que divides e separas. E chamam-te a libertar.


IN: Daniel Faria, Sétimo Dia, edição Assírio & Alvim


Daniel Faria 🇵🇹 (1971-1999) nasceu em Baltar, Paredes, poeta beneditino, precocemente falecido aos 28 anos de idade, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga. Frequentou o curso de Teologia na Universidade Católica Portuguesa – Porto, em 1996. No Seminário e na Faculdade criou gosto por entender a poesia e dialogar com a expressão contemporânea. Licenciou-se em Estudos Portugueses na Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Doña Juana la Loca

Francisco Pradilla y Ortiz

‘Doña Juana la Loca, viaje de la Cartuja de Miraflores a Granada acompañando el féretro de Felipe el Hermoso, su marido’ (1878) de Francisco Pradilla y Ortiz, aborda o tópico da loucura de amor.


Francisco Pradilla y Ortiz (1848-1921) foi um prolífico pintor espanhol famoso por criar cenas históricas.