✈️ Viagens

Dicas, roteiros, ideias, momentos e lembranças de algumas viagens pelo Brasil e viagens internacionais que fiz nos últimos anos.

Passeio amoroso por Amarante

Portugal

Amarante é uma cidade à beira-rio do amor, da doçaria e da arte. Por isso, este roteiro é um passeio amoroso por uma aldeia que já existia em 1200, cresceu, cresceu, mas só foi elevada à categoria de cidade em 1985. Hoje Amarante tem cerca de 50 mil habitantes e a área urbana forma belos cenários junto a prédios históricos. Às margens do rio Tâmega, vemos a ponte a atravessá-lo como seta de querubim. Situada entre Peso da Régua (no vale do Rio Douro) e Guimarães, Amarante pode ser uma parada deliciosa para roteiros no Norte de Portugal. Os doces conventuais trazem lendas e formatos picantes, misturando fé com paganismo na medida certa. Os destaques culturais são o autor Teixeira de Pascoaes, no saudosismo português; a autora Augustina Bessa Luís; e o garboso pintor Amadeo de Souza Cardoso. Para mim, pessoalmente, tem um fator ainda mais intenso: é a cidade da minha bisavó materna. 🖤 Amarante é amor gigante.


Passeio bucólico à beira do rio Tâmega

Para dar um tom mais romântico ao aéreo rio, como diz o verso de Teixeira de Pascoaes, nada melhor que um passeio lânguido, mesmo à neblina, em uma das “guigas”, pequenos barcos que deslizam silenciosos. Às margens, elegantes choupos se debruçam na água. Também pontilham margaridinhas por todo o caminho. Reza a lenda que São Gonçalo, em 1250, mandou construir uma travessia entre as margens. A ponte desmoronou no século XVIII devido às cheias, mas foi recuperada.


A ardência da Invasões Francesas

Foi em Amarante que o exército português resistiu ao invasor francês, liderado por Napoleão, que acabou incendiar a cidade em 1809. Como um Soneto do poeta F. Cabral feito quando se estava defendendo a Ponte de Amarante, retirado do livro “Pequena História de Amarante, compilada por Luís Van Zeller Macedo, em 1989, relata os acontecimentos

“De uma nuvem de fumo o ar povo-a,
E do Tamega enluta as margens frias,
O Portuguez canhão quatorze dias
Que sem descanço ter fuzilla atro-a:
De hum lado para o outro a morte vo-a
No meio das crueis artilharias,
E perdendo as antigas ousadias
Ja o duro Francez acurva a pro-a:
Amigos Hespanhoes, nação brilhante!
Olhai como seguimos a vossa esteira
Eis nova Saragoça, eis Amarante:
Os olhos ponha em nós a Europa inteira;
E veja em amplo quadro flamijante
Tamega, Ebro, Palafox, Silveira.”


Dez pontos turísticos imperdíveis de Amarante

  1. Ponte de São Gonçalo
  2. Igreja e Convento de São Gonçalo
  3. Igreja de São Pedro
  4. Igreja de São Domingos e Museu de Arte Sacra
  5. Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso
  6. Casa da Calçada
  7. Solar dos Magalhães
  8. Praia Fluvial Aurora
  9. Parque Ribeirinho e Parque Florestal de Amarante
  10. Casa de Pascoaes

Quadras para São Gonçalo, o casamenteiro

São Gonçalo, embora não fosse amarantino, tornou-se a maior figura da cidade. Ali mora a sua imagem que é alvo de particular atenção das solteironas mais velhas. Reza a lenda que quem puxar o seu cordão encontrará marido no prazo de um ano. Outros dizem que é preciso tocar no túmulo… Depois comer o doce fálico… E tal e coisa… Esta tradição casamenteira está intimamente ligada as esperanças e promessas quase impossíveis, daí o tom jocoso e bem humorado da proposição de um compromisso tão complicado.

São Gonçalo de Amarante
Casai-me que bem podeis
Já tenho teias de aranha
Naquilo que vós sabeis

Não se sabe como começou tal especialidade do santo, e até causa alguma apreensão às moças mais novas, que já reclamam sua própria quadra, cantada nas romarias de junho. São Gonçalo, embora não fosse amarantino, tornou-se uma grande figura da cidade. A atual especialidade da confeitaria, os doces conventuais e o duro milagre de São Gonçalo. O doce fálico de Amarante é diferente de todos os outros: feito com massa fofa, visto que o original é de massa de rosquilha, mais duro, e também leva recheio de creme. Antigamente, se vendiam apenas na rua, durante as romarias, e eram compradas por gajos e raparigas. Quando eram oferecidas às escondidas, empregadas à missão específica, as “ferramentas de São Gonçalo” serviam para comunicar intenções. Durante o Estado Novo os doces fálicos foram considerados obscenos, um terrível atentado à moral.

São Gonçalo de Amarante
Casamenteiro das velhas
Porque não casais as novas
Que mal vos fizeram elas?


Doze Sugestões de Onde Comer em Amarante

  1. Pobre Tolo | $$$ | personagem do livro homônimo de Teixeira de Pascoaes
  2. Confeitaria da Ponte |  link | aberta desde 1930 e com vista privilegiada
  3. Confeitaria Lailai | decoração especial de bibelôs e doces
  4. Quelhas | cozinha tradicional
  5. Restaurante Pena | $$$ |  link  | chic
  6. A Taberna | polvo crocante e migas de bacalhau
  7. Taberna do Miranda | comida simples e clean
  8. Adega Filhos de Moura | link | leitão bísaro
  9. Craft Beer | cervejas importadas, inclusive a deliciosa belga Cup d’ Troll
  10. Quinta da Lama | rústico, carnes bonitas
  11. Casa Herédio | sandes de leitão com champanhe, ambiente classy
  12. Taberna do Coelho | link | cabrito assado, feijoada transmontana, palmier de canela com gelado de tangerina

Amarante é também um tesouro no universo do Vinho Verde. Há lugares e eventos dedicados ao vinho, onde se conhece processos de produção, provas e ainda se pode experimentar sabores únicos a partir de castas da região.


Outros Pontos de Interesse em Amarante

  1. Mercado Municipal de Amarante
    Às quartas e sábados, o Mercado Municipal de Amarante enche-se de comerciantes locais. Pastelaria, fumeiro, legumes e frutas à venda. O mercado foi inaugurado em 1963.
  2. Doces conventuais da região 
    Nas montras encontramos vasta pastelaria, mas os doces conventuais dominam: foguetes, lérias, Tinocas, brisas do Tâmega, as clássicas ferramentas de São Gonçalo e papos de anjo são os cincos doces típicos da região.
  3. Igreja de São Gonçalo
    Erguida em 1540 a mando de D. João III, a igreja foi construída no lugar onde se acredita que São Gonçalo foi sepultado. Para que o altar fosse por cima do túmulo do santo, a igreja foi construída ao contrário do que é normal – a entrada principal é na lateral. O interior da igreja foi feito ao estilo barroco, e durante as Invasões Francesas foi o abrigo dessas tropas, que a pilharam e destruíram. Os efeitos dos franceses também se podem ver no exterior, graças às marcas das balas de canhão nas paredes.
  4. Museu Amadeo de Souza Cardoso

Onde se hospedar em Amarante

  • Casa do Fontanário | super confortável, com vista do rio
  • Hotel Navarra | link  | 60 € a diária | business
  • Carvoeiro Boutique Aptos | link 106 € a diária
  • Casa Lérias | link |  75 € a diária |  soberbo
  • Des Arts | link | 80 € a diária | contexto histórico, pois foi o primeiro hotel da cidade
  • Casa de Pascoaes | link | 85 € a diária | contexto cultural, pois foi residência de Teixeira de Pascoaes

Caminante, no hay camino

Antonio Machado

Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.


Antonio Machado, Los días azules da diretora Laura Hojman
Largometraje documental que pretende recuperar la memoria y la obra de Antonio Machado, en el 80 aniversario de su muerte. La vida del poeta como símbolo de la España que se perdió: un canto a la importancia de la cultura para la vida, para el progreso y para crear una sociedad mejor.


Antonio Machado 🇪🇸 (1875 —1939) cujo nome completo é Antonio Cipriano José María y Francisco de Santa Ana Machado Ruiz, foi um poeta espanhol nascido em Sevilha, pertencente ao Modernismo.

Roteiro Literário por Madrid

🇪🇸 Espanha

Madrid é um paraíso para os amantes da literatura, e pode-se dizer até que se trata de um burgo dedicado à palavra escrita. Vários escritores de fora chamaram de lar esta capital. Aqui vão algumas ideias de passeios pela movida madrileña literária, sem perder de vista o bom e velho turisminho tradicional. A vida por Madrid é vibrante. A frase que mais se ouve nas ruas é No passa nada! Talvez por isso, os caminhos são fáceis, agradáveis, pulsantes. Madrid puede ser la mejor si la miras con ternura.


Roteiro Literário

Madrid figura bem em romances de Benito Pérez Galdós e Almudena Grandes, na poesia de Cernuda, Machado ou na contemporânea de Amalia Bautista, nas letras jornalísticas de Arturo Perez-Reverte… bons autores madrileños. O mais famoso escritor espanhol de todos os tempos segue sendo Miguel de Cervantes, mas durante o Século de Ouro espanhol houve três grandes dramaturgos madrilenhos: Tirso de Molina, Calderón de la Barca e Lope de Vega. Até hoje, um passeio pelo Barrio de las Letras lembra uma comédia, onde espadachins, casanovas, nobres e criados se mexiam ao ritmo da poesia hendecassilábica nos corrales, palcos de teatro ao ar livre. A eclosão da Guerra Civil colocou Madrid nos jornais internacionais. Os melhores correspondentes seguiram para a capital. Muitos se tornariam escritores importantes, como John Dos Passos, André Malraux e Antoine de Saint-Exupéry. Entre eles Hemingway, que se apaixonou profundamente pela Espanha e escreveu sobre Madrid em uma de suas obras mais famosas: Por Quem os Sinos Dobram.


TOP 5 | cinco coisas literatas para se fazer em Madrid:

#1

Fazer uma das rotas de Cervantes 
Visita ao Teatro Español – que abriu em 1583, e ao Teatro de la Comedia, na Igreja de São Sebastião (sede da associação oficial de atores) e na Imprenta de Juan de la Cuesta, que publicou a primeira edição de Dom Quixote em 1605, e hoje abriga a Sociedade Cervantes. O maneta de Lepanto, como era chamado, morou em vários apartamentos do bairro então conhecido como Las Musas. Uma de suas primeiras residências ficava logo acima do restaurante Casa Alberto. Quando morreu, foi enterrado no Mosteiro Descalzas Reales.

#2

Visitar a Biblioteca y Librería Escuelas Pías Calle Tribulete, 14
Antes uma igreja, a Ermita del Pilar foi construída por Gabriel Escribano entre 1763 e 1791, graças a doações dos reis. Durante a Guerra Civil, a escola e a igreja foram queimadas e saqueadas. Em parte do local foram construídos o Mercado San Fernando, a Escuela de Trabajo. Depois de mais de meio século de abandono, as ruínas foram reabilitadas como Biblioteca Universitária do Centro Associado a UNED de Madrid, entre 1996 e 1999.

#3

Desfrutar de um drink no bar Las Cuevas de Sésamo
Este bar-caverna é de 1950 e conhecido por sua sangria. Bom para assistir jogos, e ouvir piano, ou ainda recitais de poesia. Nas paredes, onde artistas riscaram o gesso, Hemingway tem um lugar com placa autografada. Este bar sobrevive de boca a boca e permanece praticamente o mesmo por mais de 70 anos, quando soldados republicanos se reuniam com antifascistas que discutiam histórias de batalha durante a Guerra Civil Espanhola. Se tornou um ponto de encontro de muitos jornalistas.

#4

Visitar a casa de Lope da Vega
A Casa-Museu Lope de Vega homenageia o escritor que passou os últimos anos da sua vida nesta mansão castelhana com as suas filhas. Lá cuidaria de sua jovem amante, Marta de Nevares, que sofria de graves surtos de loucura.

#5

Rodar e garimpar pelas librerías de Madrid (roteiro de cerca de 1h a pé):

  1. 📍 Cuesta de Moyano Calle Claudio Moyano – Não uma livraria, mas várias. Trata-se de uma ladeira no meio do caminho entre o Museu do Prado e do Reina Sofia, onde estão várias casinhas que vendem livros de segunda mão e edições raras. A rua é aberta somente aos pedestres e recebe o nome do político Claudio Moyano, autor da lei de Instrução Pública.
  2. 📍 La Casquería – Calle de Embajadores, 41 – Mercado de San Fernando, conta com essa livraria muito especial. Decorada como se fosse uma banca do mercado. Vende livros usados por peso. Projeto colaborativo que tem como objetivo oferecer cultura a um preço acessível.
  3. 📍 Traficantes de Sueños – Calle Duque de Alba, 13 – Mais que uma livraria, um espaço de aprendizado e intercâmbio. Livros sobre política, sociologia, feminismo, economia, psicologia e gênero são o forte, promove eventos e cursos com escritores e pensadores.
  4. 📍 Librería Mujeres Calle San Cristóbal 17 – Em pleno coração madrileño, muito mais que uma livraria, um centro de encontro que promove bate-papos e apoia as mulheres que trabalham com produção literária e cultura.
  5. 📍 Desperate Literature – Calle Campomanes, 13 – A melhor coleção de livros ingleses usados da cidade e se concentra em ficção, poesia, noir e ficção científica, mas também se orgulha de ter uma seleção de livros de qualidade de muitos outros gêneros. Uma joia.
  6. 📍 Librería Ocho y Medio – Calle de Martín de los Heros, 11 – Especializada em cinema, homenageia um dos clássicos de Fellini, em frente aos cines Princesa e à calçada da Fama de Madrid. Roteiros, biografias de cineastas, cartazes de filmes ou revistas especializadas.
  7. 📍 Libros para  un mundo mejor – Calle del Espíritu Santo, 12 – Em Malasaña, um espaço com decoração especial, especializado em livros pop-up, móbiles e abajures de papel. A fachada é uma gracinha, a proposta nobre e a visita agradável.
  8. 📍 Panta Rhei – Calle Hernán Cortés, 7 – Tem tudo quando o assunto é HQ, novela gráfica, manualidades, desenho etc. Com duas décadas de história, as fundadoras também passaram a oferecer oficinas, voltadas a jovens.
  9. 📍 Tipos Infames – Calle San Joaquín, 3 – Esta livraria de Malasaña conta com uma cafeteria/enoteca. Além disso, bem em frente está sua irmã mais nova: Menudos Infame, um espaço dedicado às HQs, novelas gráficas e também aos livros infantis e juvenis.
  10. 📍 Pasajes – Calle Génova, 3 – Para quem busca livros em outros idiomas. Literatura em inglês, francês, italiano, português e outros idiomas.
  11. 📍 Casa del Libro – Gran Vía, X – Central, grande e prática.

Parque de El Retiro

O parque mais importante de Madrid e um dos lugares preferidos tanto pelos madrilenhos quanto pelos turistas. Trata-se de um grande espaço verde de 118 hectares localizado em pleno centro. Construído na metade do século XVII para o desfrute do rei Felipe IV. Embora tenha sido parcialmente destruído na Guerra da Independência, recuperou todo o seu encanto e elegância e se converteu em um parque para o povo e para a realeza. No Retiro há diversos lugares para ver e coisas para fazer: espetáculos de marionetes, músicos e videntes são algumas das distrações habituais.

  • Lago: O lago artificial é uma das primeiras imagens. Nele pode-se alugar barquinhos com remos ou fazer um passeio no barco grande.
  • Monumento a Alfonso XII: Situado em uma das margens do lago anterior, foi inaugurado em 1922.
  • Palácio de Cristal: Construído em 1887, é a sede de muitas exposições temporárias. Inicialmente foi usado como estufa.
  • Passeio da Argentina: ou Passeio das Estátuas de diversos reis da Espanha. A princípio encomendados por Fernando VI.

Gastronomia

  • tortilla de patatas
  • cocido
  • pan con tomate
  • vermut
  • tapas
  • gazpacho
  • rabo de toro
  • paella
  • pollo al ajillo
  • croquetas
    Postres

    • Crema Catalana
    • Turrón
    • Mantecados
    • Churros