“A armadilha do ódio é que ele nos prende muito intimamente ao adversário.”
“A solidão: doce ausência de olhares.”
“Em todo lugar existe um olho.”
“Quanto mais o homem se torna indiferente à política, aos interesses do outro, mais ele fica obcecado por seu próprio rosto.”
“Pode ser que seja necessário que a morte exista.”
“Quando alguém, com orgulho e ostentação, proclama sua filiação à nova geração, sabemos bem o que ele quer dizer: quer dizer que ainda estará vivo quando os outros (…) estarão mortos e enterrados.”
“Sonha-se com a imortalidade desde a infância.”
“Como a realidade, hoje, é um continente que pouco visitamos, e que justificadamente não amamos, a sondagem tornou-se uma espécie de realidade superior; ou em outras palavras, tornou-se a verdade.”
“nossa própria imagem é para nós o maior mistério.”
“Ah, em amor é preciso tão pouco para que fiquemos desesperados!”
“Enrolou-se na bandeira de Rimbaud como nos enolamos sob uma bandeira, como aderimos a um partido político, como se torce por um clube de futebol.”
“A glória acrescenta a tudo que nos acontece um eco cem vezes maior.”
“… o poder daquele que fica na pebumbra.”
“Quando o sofrimento é muito agudo, o mundo desaparece e cada um de nós fica só consigo mesmo. O sofrimento é a Grande Escola do egocentrismo.”
“… a alma hipertrofiada.”
“A preocupação com a própria imagem, essa é a incorrigível imaturidade do homem.”
“Mesmo depois da morte, foi difícil para mim resignar-me a não ser mais.”
“…saborear a volúpia do não ser total.”
“Feiura: caprichosa poesia do acaso. (…) Beleza: prosaísmo da média exata. Na beleza, mais ainda que na feiura, manifesta-se o caráter não individual, pão pessoal do rosto.”
“…o mundo onde não existem rostos.”
“Mas a maior parte das pessoas não conheceu o amor…”
“O que é insustentável na vida não é ser, mas sim ser seu eu. (…) Inês participava desse ser elementar que se manifesta na voz do tempo que corre e no azul do céu; agora sabia que não há nada mais belo.”
“Viver, não existe nisso nenhuma felicidade. Viver: carregar pelo mundo seu eu doloroso. Mas ser, ser é felicidade. Ser: transformar-se em fonte, bacia de pedra na qual o universo cai como uma chuva morna.”
pág. 301
VENTRIPOTENTE: que gosta muito de comer, que tem a barriga grande.
Milan Kundera 🇸🇰 (1929 -) é um escritor tcheco, naturalizado francês. Autor de importantes obras, como A Brincadeira (1967), O Livro do Riso e do Esquecimento (1979) e A Insustentável Leveza do Ser (1984), que o levaram a se tornar um dos mais consagrados escritores do século XX. Ao longo dos anos 50, Kundera trabalhou como tradutor, escreveu poemas, ensaios e peças de teatro. Seus primeiros trabalhos poéticos foram pró-comunistas. Milan Kundera recebeu diversos prêmios.