Auto da barca do inferno é uma das peças mais famosas de Gil Vicente, considerado por muitos como o autor que inaugurou a modalidade teatral em Portugal. Valendo-se da temática religiosa, muito forte na época, Gil Vicente critica os costumes da sociedade sem fazer distinção entre as classes sociais, mostrando que todos, sem exceção, serão julgados por suas palavras e ações no juízo final. A obra tornou-se um clássico e um marco na literatura e, atualmente, é uma leitura obrigatória nos principais vestibulares.

Inferno anónimo (c. 1515) do Museu Nacional de Arte Antiga

 

O texto vicentino é repleto de ironias e trocadilhos próprios do estilo do autor que, por meio de alegorias, faz um retrato crítico da sociedade de sua época.


HQ

A Editora Peirópolis lançou o sétimo volume da coleção “clássicos em HQ”: Auto da barca do inferno em quadrinhos, clássico do dramaturgo português Gil Vicente, ressurge neste álbum pelas mãos do cartunista Laudo Ferreira. Seguindo a proposta da série, a editora manteve o texto original de 1517, recriando em quadrinhos os memoráveis diálogos entre os mais diversos tipos representantes da sociedade medieval, o Diabo e o Anjo no dia do juízo final. As cores são do arte-finalista Omar Viñole, parceiro de Laudo Ferreira neste e em outros trabalhos.

“As imagens ajudam a embarcar plenamente neste genial texto, pois conduzem os leitores neste emaranhado de tipos vicentinos, levando-os a perceber que, embora sejam personagens que representam uma época, identificam-se com tipos que habitam nossa sociedade atual. Por termos optado em usar o português arcaico, a junção imagem e texto facilita uma melhor compreensão da obra em si”, explica Ferreira. Foram quase sete meses de trabalho e criação para a versão em HQ do Auto da barca. Laudo Ferreira acredita que a versão em quadrinhos é uma forma de aumentar o interesse dos jovens por obras clássicas. “Às vezes, um texto de determinada obra é muito rebuscado com uma escrita arcaica e isso, com certeza, gera um desinteresse. O quadrinho faz uma ponte entre o clássico e imagens modernas, despertando no leitor a curiosidade pela obra e por seu contexto”.


Algumas ilustrações da edição do Ateliê Editorial são: