O autor Michel Laub, assim como o narrador e protagonista deste livro, nasceu em Porto Alegre, na década de 70, em uma família judia e frequentou também um colégio judeu. Mas estamos tratando de uma obra ficcional, conforme gosta de frisar o escritor gaúcho que hoje vive em São Paulo. A história é novelada, sem a composição arquitetônica de um romance, já que não há muita construção de personagens laterais, tampouco os principais são descritos com precisão de datas ou nomes, por exemplo.

Um garoto de treze anos se machuca numa festa de aniversário. Quando adulto, seu colega narra o episódio. A partir das motivações do que se revela mais que um acidente, cujas consequências se projetam em diversos fatos de sua vida nas décadas seguintes (adolescência conturbada, uma mudança de cidade, um casamento em crise), ele constrói uma reflexão corajosa sobre identidade, afeto e perda.

Dessa reflexão fazem parte também as trajetórias de seu pai, com quem o protagonista tem uma relação difícil, e de seu avô, sobrevivente de Auschwitz que passou anos escrevendo um diário secreto de como o mundo deveria ser.

São três gerações, cuja história parece ser uma só; são lembranças que se juntam de maneira fragmentada, como numa lista em que os fatos carregam em si tanto inocência quanto brutalidade.

Numa prosa que oscila entre violência, lirismo e ironia, com pausas para uma neutralidade quase documental na descrição de cheiros, gostos, sons, fatos e sentimentos, Diário da queda é uma viagem pela memória de um homem no momento em que ele precisa fazer a escolha que mudará sua vida.

Diário da queda teve os direitos vendidos para o cinema. Recebeu o prêmio Erico Verissimo na categoria Revelação, da União Brasileira dos Escritores, as bolsas Vitae, Funarte e Petrobras e foi finalista dos prêmios Jabuti, Portugal Telecom (duas vezes), Zaffari&Bourbon (duas vezes) e Fato Literário/RBS.