Este post traz alguns dots da Moda e das Artes Visuais com o objetivo de traçar um paralelo entre as duas. Bordados e colagens, tendo como tema comum a estampa poá, polka dots em inglês. Vivaz, alegre e magnético ao olhar, o poá é irresistível para quem deseja transmitir um ar juvenil.

A nomenclatura da padronagem varia de acordo com a geografia, sendo conhecida também como dotted-swiss na Suíça e thalertupfen na Alemanha. No livro The Hundred Dresses, Erin McKean (2013, p.73) descreve os vestidos usados para a dança flamenca como traje de lunares (vestido de bolinhas). Antes de polka dot ser cunhado, termos como Dotted-Swiss, quiconce (um termo francês para o padrão em um lado de cinco dos dados) e thalertupfen (palavra alemã que descreve o tecido pontilhado que lembra a moeda do país – thaler) foram usados ​​em meados 19o século Europa. Há muito debate e ceticismo sobre a conexão entre o termo inglês “polka dot” e a moda da música e dança polonesa do século XIX. Polka significa “mulher polonesa” em polonês e “pequena mulher ou menina” em tcheco. Frank Sinatra lançou a música “Polka Dots and Moonbeams” em 1940.

There is never a wrong time for a polka dot.

— Marc Jacobs

Katy Kelleher (2018) Pontos são divisivos. Eles têm sido usados para criar expressões artísticas de ideais científicos, para apontar para grupos marginalizados que estão “escondidos à vista”, como uma forma de recuperar a infantilidade, estabelecer a feminilidade ou afirmar a idade adulta. Em alguns contextos, a bolinha é uma maneira de balançar a cabeça em direção a um gosto musical e estético compartilhado (como o rockabilly), enquanto em outros, é uma maneira de gesticular expressões mais tradicionais e convencionais da sexualidade feminina.

Polka dot nem sempre foi a estampa amada que é hoje. Na Europa medieval, era complicado criar um padrão uniforme de pontos, o que fazia com que as bolinhas parecessem mais com doenças (pense em leprócito e varíola) do que com detalhes da moda. A revista de estilo de vida feminina Godey’s Lady’s Book foi a primeira a utilizar o termo polka dot (em referência a um lenço) em sua edição de 1857, com a seguinte descrição: “Lenço de musselina, para leve verão, envolto por orla recortada, bordado em fileiras de bolinhas redondas.”

Em algumas culturas não ocidentais, as bolinhas eram sinais de coisas como mágica, uma caçada bem-sucedida e potência masculina. Grande fã, a Rainha Elizabeth II ostenta tons de bolinhas verdes. A duquesa de Cambridge vestiu a gravura ao deixar o hospital após dar à luz o Príncipe George.

  1. Jean Frederic Bazille – Reunion de Famille, 1867
  2. Louis Anquetin
  3. Philip Wilson Steer – Girl in a Blue Dress, 1891
  4. Amy Sherald – Miss Everything, 2013

Reunion de Famille (1867)
Jean Frederic Bazille

O poá esteve presente em grande parte da história da moda e da arte. Nesta última, figurando em várias instâncias como estampa, temática ou técnica. As bolinhas frequentemente transitam entre as duas disciplinas, chegando até a abandonar seu caráter de inocência e alegria, transformando-se em um meio de abordagem de questões por vezes controversas.


Louis Anquetin


Girl in a Blue Dress (1891)
Philip Wilson Steer

Girl in a Blue Dress c.1891 Philip Wilson Steer

Steer (1860-1942) often painted children, showing them either in domestic interiors or playing outdoors on the beach at Walberswick in Suffolk. This girl admiring the pages of a picture book is Rose Pettigrew, who modelled for Steer for eight years. She wrote: ‘I love posing for Philip; and first of all posed for little money as I thought he was very poor, and child as I was, wanted to help him’. Her vulnerable position as a young girl, however, is borne out by hard wooden chair she sits on and her sparse surroundings.
Gallery label, July 2004


Miss Everything (2013)
Amy Sherald