João Antônio Ferreira Filho se destaca pela forma como transpõe a vida e a linguagem do “homem” para a escrita. Seus contos são narrados pelo ponto de vista e leões-de-chácara, porteiros, contínuos, sujeitos pobres, à margem da sociedade, que encontram na malandragem uma forma de sobrevivência. Leão de Chácara transita entre as boates, bares e inferninhos do Rio de Janeiro e São Paulo, fazendo uma incursão pela noite das metrópoles brasileiras, seus personagens e seus dramas.

São marafonas, bandidetes, travestidos, jogadores, gente da noite, da polícia, picaretas, jornalistas, velhos, gente descarrilada, otários, coronéis, safados, cafetões, homens fanados e com sono, bêbados — da gente abonada e alegre na bebida aos merdunchos e bicões da noite, sentados, encolhidos, esfomeados, tesos, sem pedir nada e vendo os outros comer.

João Antônio Ferreira Filho
Nascido de uma família pobre, no subúrbio de Presidente Altino, em São Paulo, deixou uma obra marcada pela extrema habilidade com que elaborou literariamente a linguagem nas cidades brasileiras. Ao longo dos anos 1970 e 80, destacou-se também como jornalista, tendo sido um dos pioneiros do Novo Jornalismo no país, e atuando intensamente na chamada Imprensa Alternativa, ou como ele dizia, “nanica”.