Eu já tinha ouvido falar muito da escritora gaúcha Martha Medeiros. Ela é uma das cronistas mais lidas do país e vira e mexe está na mídia se expressando sobre variados assuntos. Na internet há muitas e muitas frases e trechos atribuídos a ela. Mas eu nunca tinha lido nenhuma de suas obras. Para ser sincera, eu nunca nem tinha dado muita bola até que vi uma entrevista da autora no programa da Marília Gabriela. Como tinha gostado do jeito franco com que respondia a entrevistadora, decidi conhecer melhor uma obra da autora. Optei por um livro que já estava na minha estante. Não tenho lembranças de como ou onde comprei este livro, nem sei se comprei mesmo ou se ganhei, mas isso não importa. O que importa mesmo é que o livro estava me esperando.

Liberdade Crônica é uma das três obras coletâneas de uma série produzida pela editora L&PM. O box também traz Paixão Crônica e Felicidade Crônica. Em cada livro temos 101 crônicas da Martha, reunidas de diversas obras ao longo dos vinte anos de carreira da autora. Neste volume, como o título já diz, são tratados assuntos que fazem referência à liberdade, esse sonho que os humanos alimentam…

“Falamos, falamos, falamos compulsivamente, como se fosse contraindicado guardar-se um pouco, como se o silêncio pudesse nos inchar.” –  pág.  31

Mas como conciliar liberdade com as exigências da vida diária, com os limites de um casamento, com a família, com nossas próprias necessidades? Este volume também traz as melhores crônicas sobre a mulher contemporânea, livros, filmes, músicas, fé e equilíbrio, divã, sociedade e debate nessa eterna luta para combinar a ânsia por liberdade com suas variadas aspirações.

“Foram os livros que me deram consciência da amplitude dos sentimentos. Foram os livros que destruíram um a um meus preconceitos. Foram os livros que me deram vontade de viajar. Foram os livros que me tornaram mais tolerante com as diferenças.” – A arte maior – pág. 70

Apesar de não concordar com todos os seus pontos de vista, a escrita da Martha Medeiros dialoga de um jeito simples, quase descompromissado. Parece uma conversa informal, com alguém que você acabou de pegar uma fila de banco ou algo assim. Já peguei excelentes dicas de livros retiradas de suas crônicas, compartilho o mesmo gosto em relação às obras do diretor Woody Allen, e adoro psicanálise e comportamento, portanto, gostei de praticamente tudo o que Martha escreveu. Mas o que me incomodou um pouco, talvez, tenha sido o estilo de escrita. Em alguns momentos achei muito mastigado, muito preso à forma, muito fácil. E como já não sou muito fã de crônicas, a leitura não foi o que costumo chamar de proveitosa, seguindo paradoxalmente um ritmo um pouco mais lento que o normal. Cheguei até a passar outros livros “na frente” pra ver se o entusiasmo voltava em outro momento, mas… fui até a última página me convencendo a não parar. Trata-se de um livro de se intercalar com outros. A crônica, por si só, pede esse ritmo. Ainda não sei quando ou se vou ler os outros dois volumes. Talvez eu nem devesse falar isso porque com certeza foi meu bad timing que comprometeu a leitura, mais uma vez. Sem falar que eu estou numa fase de desafios literários, né? Esse era um livro que estava meio solto na minha estante… e tenho um olho pra esse tipo de outsider. Vou dar outra chance, sim, em breve. 😉

“A liberdade é politicamente incorreta. A liberdade é personalista. A liberdade não se veste bem, não tem bons modos, não liga para o que os outros vão dizer. Ser absolutamente livre tem um ônus que poucos se atrevem a pagar.”