Nem sempre “fui com a cara” da autora. Nada de mais, só achava que, no programa Saia Justa, a então só-atriz Maria Ribeiro cumpria bem o papel da rebelde sem causa, talvez rotulada simplesmente como atriz mimada global. Maaas, com o tempo e com o modo dela se vestir (a elegância sempre como isca), comecei a digerir melhor aqueles comentários na contra-mão, as palavras escolhidas, o jeito de interromper e outras pitadas da sua vida pessoal. Fofoca leve. Afinal, a vida das atrizes sempre desperta uma curiosidade aqui e ali.
Quando soube do livro, mais ou menos quando também soube do documentário que ela dirigia, minha vontade de saber quem de fato era Maria Ribeiro surgiu. Não que o livro traga uma narrativa autobiográfica, mas foi através dele, um conjunto de crônicas, que acreditei poder ouvir melhor a voz de Maria. Filmes, docs, novelas, tv… Nada me diria melhor sobre ela que seu próprio livro. Pois bem.
Quando fui procurar o livro, tive que ir até a Livraria Cultura do Conjunto Nacional, já que em nenhuma livraria de bairro encontrei um livro sequer da tal editora. Aliás, essa foi a primeira vez que ouvi falar da Editora Língua Geral. A diagramação do livro Trinta e oito e meio é ótima, a impressão traz páginas divisórias em cor-de-rosa e um formato devorável. E quando vi que as ilustrações eram da power-girl Rita Wainer? Comprei satisfeita.
Li Trinta e oito e meio rapidinho, como se fosse uma coca-cola gelada. As crônicas e desabafos, escritos com cuidado literário e algum humor, fazem uma pequena viagem pela vida da Maria. Ali, ela trata da família (há trechos emocionantes sobre sua despedida do pai e sua relação com os dois filhos pequenos), de amigos (com direito a capítulos inteiros a outros famosos como Carolina Dieckmann e Rodrigo Hilbert – confesso que não gostei disso porque achei um pouco get along gang), de seus dois casamentos também com famosos e de algumas memórias. Por todo o livro a autora fala, muito bem, da passagem dos anos. Gostei muito desse olhar e acho que até molhei os olhinhos em algum momento, não sei.
E ela também traz no livro assuntos talvez menos relevantes, como moda ou sua obsessão pela França (esteve 23 vezes em Paris); um pouco clichê, mas nem por isso abordado de modo superficial. Eu, que cedi minha atenção a Maria Ribeiro depois que passei a notar seu estilo e indumentária, aprovei essa mistura hi-low feita de papel e tinta.
Como é um livro simples, parecendo ser sincero para além da vaidade, escrito por uma mulher inteligente que não tem medo de pisar fora da linha (desde que seu passo siga o coração), acho que merece a atenção de todos. Todos que queiram conhecer Maria melhor. Eu quis. Torci o nariz e quis mesmo assim. Quero ainda. Acho que, como Antonia Pellegrino bem disse na orelha do livro, sempre vou querer ser amiga de Maria Ribeiro.
Acabei não grifando nada desse livro, mas aqui vão trechinhos bonitos que eu deveria ter grifado: