No útero não existe gravidade trata da trajetória de uma personagem, uma menina, que abandonada pela mãe, teve que se descobrir sozinha em meio a diferentes acontecimentos que são comuns às mulheres, como abuso sexual, assédio, automutilação, depressão, entre outras. Com capítulos curtos e uma linguagem que flerta com a lírica e a autoficcão. A partir de elementos da vida da própria autora, debate a relação entre mães e filhas, o desejo de não-maternidade e a pressão social sobre o corpo feminino.

Em seu segundo livro, Dia Nobre desenterra as chagas íntimas e sociais das mulheres. Quantas mulheres são esculpidas pelas relações tortuosas com a família e a sociedade. Quantas tentam caber dentro de si mesmas e vão se tornando cada vez menores para que sejam encaixáveis e não deixem à mostra os desejos, o ímpeto de vida, o impulso de morte. Dia nos conduz pela vida da mulher que, ainda pequena, aprende a perguntar as coisas difíceis. Este livro é talhado por histórias de filhas, mães, avós, mulheres que conheceram o peso de ser mulher muito cedo, que entregaram o fardo nas mãos das inocentes desavisadas e que formam, até hoje, o imaginário capaz de fragmentar uma vida.

Grifos

Página 12 |  das lágrimas delas brotava o rio pelo qual caronte carrega os defuntos.

Página 19 | nós só viramos gente de verdade quando podemos viver sozinhas

Página 26 |  a sensação é de estar sempre caindo. as coisas passam por ele disformes-desproporcionadasuma-eterna-paralaxe.

Página 26 | calopsia, essa ilusão de que algumas coisas são mais bonitas do que de fato são.

Página 30 | percebi que não nasci pra cristo. fui pilatos.

Página 37 | sofre o grande conflito entre a necessidade da liberdade e a de agradar

Página 38 |  acaba por colocar sua inteligência a serviço da desordem

Página 65 | existe uma palavra em sueco que representa, ao mesmo tempo, o medo e a excitação que sentimos antes de iniciar uma viagem. resfeber.