Em Los que han visto la muerte. Romería del Santo Cristo de la Agonía, pertencente à série Espanha Escondida – obra que lhe valeu fama internacional -, Cristina García Rodero mostra-nos um grupo de senhoras de uma aldeia galega (Xende). Captada a partir de um percurso por cidades de diferentes regiões de Espanha entre 1975 e 1988, a imagem tem grande valor documental, antropológico e artístico, tanto pela sua qualidade como pelo registo visual, sobretudo pessoal. Representa a tradição celebrada no Domingo da Santíssima Trindade, onde aquelas pessoas que desejam agradecer um favor, ou pedir uma melhoria na saúde, andam pelo templo com um caixão, ao estilo da procissão das mortalhas de Santa Marta de Ribarteme., na Pobra do Caramiñal, ou em As Neves. A fotógrafa faz uma abordagem absolutamente original ao ser humano numa época em que começa a desaparecer a “Espanha profunda”, a Espanha das localidades por onde a artista percorreu, vivendo-as e nelas mergulhando através de um trabalho constante.


Cristina García Rodero, Puertollano, Cidade Real (1949 -) referência na história da fotografia espanhola contemporânea, é membro da agência Magnum e uma das fotógrafas mais destacadas do cenário internacional. Ela também é proprietária de uma obra formidável focada nas tradições ancestrais e nos contrastes entre os humanos em diferentes partes do mundo. Recebeu numerosos prémios, incluindo o Prémio Nacional de Fotografia de Espanha em 1996, pelo seu trabalho criativo através do qual afirma ter-se descoberto. Por trás do seu olhar – quase antropológico – está uma mulher trabalhadora.