Voltei ao sítio, já o Sol se pusera, lancei o anzol e esperei. Não creio que exista no mundo um silêncio mais profundo que o silêncio da água. Senti-o naquela hora e nunca mais o esqueci.

O Silêncio da Água é uma fábula, um conto infantil autobiográfico escrito por José Saramago, extraído do seu livro As Pequenas Memórias e com ilustrações de Manuel Estrada ou Yolanda Mosquera. Foi publicado em 18 de junho de 2011 pela Editorial Caminho, para assinalar o primeiro aniversário da sua morte, e depois passou para a Porto editora. No Brasil é publicado pela companhia da Letrinhas com a grafia portuguesa, a pedido do autor.

Em uma tarde silenciosa, um garoto vai pescar à beira do Tejo e é surpreendido por um peixe enorme que lhe puxa o anzol. Infelizmente, a linha arrebenta, deixando-o escapar. Ele corre até a casa dos avós, com a esperança de voltar, rearmar a vara e “ajustar as contas com o monstro”. Claro que, ao alcançar o mesmo ponto do rio, o menino não encontra mais nada, apenas o silêncio da água. Sua tristeza só não é completa pois o peixe, como ele diz, “com o meu anzol enganchado nas guelras, tinha a minha marca, era meu”. Esse menino foi José Saramago, que narra neste livro uma aventura de infância que, para ele, culmina em um despertar da lucidez.


José de Sousa Saramago 🇵🇹 (1922-2010) nascido em Azinhaga, Golegã, foi o escritor português galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Através de parábolas sustentadas pela imaginação, compaixão e ironia, nos permite apreender continuamente uma realidade fugidia.