Pedro Páramo é o único romance do escritor mexicano Juan Rulfo, publicado em 1955. É o segundo livro de Rulfo, seguindo-se a El llano en llamas.

A obra é considerada um dos melhores e mais influentes romances da literatura hispano-americana, tendo recebido elogios de escritores como Jorge Luís Borges, Gabriel García Márquez, Carlos Fuentes, Octavio Paz, Günter Grass e Susan Sontag. Apesar dos críticos terem reconhecido prontamente as qualidades do livro, que recebeu o Prêmio Xavier Villaurrutia daquele ano, a recepção do público foi fraca: dos 2000 exemplares da primeira edição, apenas 1000 foram vendidos.

A trama se passa na cidade de Comala, no estado de Colima. Sobre a época, há indicações de ser contemporânea à Revolução Mexicana e à Guerra Cristera. Alguns membros da família de Rulfo fora vítimas da violência revolucionária cujo epicentro foi seu estado natal de Jalisco, e assim seus escritos frequentemente remetem a ela.

A história é narrada em uma mistura de primeira e terceira pessoas, com alternância dos personagens na voz da primeira pessoa. Não há capítulos, e sim uma infinidade de fragmentos, que não seguem uma sequência temporal. O caráter de Pedro Páramo é deslindado pouco a pouco pelo autor por meio desses discursos múltiplos, fragmentados, desordenados e muitas vezes contraditórios.

A linguagem é direta e enxuta, e abundam os regionalismos nas falas dos personagens. Pode ser considerado tanto um romance regionalista quanto um pertencente ao gênero do Realismo mágico, pois o texto, que começa no primeiro estilo, vai paulatinamente transformando-se no segundo, à medida que a verdade se desvela a respeito de Pedro Páramo e da cidade de Comala. A estrutura intrincada e inovadora é provavelmente a responsável pela resposta inicial negativa dos leitores, mas assegurou o perene renome e a influência da obra sobre os escritores latino-americanos.

O livro deu origem a várias adaptações para o cinema.

“Alguma vez você ouviu o queixume de um morto?” — Juan Rulfo


PERSONAGENS

  • Pedro Páramo – Homem cruel e inescrupuloso que se tornou a pessoa mais importante de Comala.
  • Dolores Preciado – Legítima esposa de Pedro Páramo, suas palavras entremeadas no texto sugerem que, no tempo em que morava em Comala, o lugar era alegre e fértil.
  • Juan Preciado – Único filho legítimo de Pedro Páramo, que, no entanto, não o registrou.
  • Abundio Martínez – Arrieiro, um dos filhos ilegítimos de Pedro Páramo, e primeira pessoa de Comala que Juan Preciado encontra. Após a morte da esposa, Refugio, embebeda-se e sai pela cidade pedindo ajuda para enterrá-la. Ao encontrar o pai, mata-o.
  • Eduviges Dyada – Amiga de Dolores Preciado, hospeda Juan Preciado em sua casa. Segundo afirma, havia sido avisada da chegada dele pela mãe agonizante. Na noite de núpcias de Dolores, a pedido desta, substituiu-a na cama. Suicida-se.
  • Susana San Juan – Eterno amor de Pedro Páramo, mas que se casa com Florentino e se muda da cidade. Volta após ficar viúva, mas está louca de dor. Odeia o pai devido a um episódio ocorrido na mina de Andromeda durante sua infância.
  • Don Bartolomé San Juan – Pai de Susana, volta com ela a Comala após a morte do marido. Opõe-se ao seu casamento com Pedro Páramo, por isso é morto a mando deste.
  • Miguel Páramo – Filho bastardo de Pedro Páramo, que inicialmente o renega mas, por insistência do padre, acaba por reconhecê-lo. Tem o caráter do pai, que sempre assume a responsabilidade por seus crimes e abusos. Morto em um acidente durante uma cavalgada.
  • Padre Rentería – Pároco local, encarna a corrupção da Igreja, pois atende a todos os caprichos dos poderosos. Em função disso, tem sua autoridade para absolver os moribundos removida pelos superiores, o que faz com que os mortos de Comala nunca descansem.
  • Dorotea – Louca que vivia da caridade pública, conseguia mulheres para Miguel Páramo. É enterrada junto a Juan Preciado, no mesmo caixão.
  • Damiana Cisneros – Outra amiga de Dolores Preciado, trabalhadora na fazenda Meia Lua.
  • Damasio Tilcuate – Jagunço de Pedro Páramo, que este converte en falso revolucionário de maneira a mantener protegidas suas terras.
  • Fulgor Sedano – Administrador da fazenda de Pedro Páramo, ajuda-o a executar suas decisões, de pedir a mão de uma mulher a negociar uma dívida ou matar um homem. Morto por um grupo de revolucionários.
  • Justina Díaz – Ama de Susana San Juan.
  • Gerardo Trujillo – Advogado devotado de Pedro Páramo. Ao decidir mudar-se para outra cidade, após muitos anos de serviços prestados, ele não reconhece os seus serviços e ele é obrigado a voltar para trás e a pedir-lhe dinheiro para se estabelecer em outra cidade, dizendo que vai continuar a tratar dos seus “assuntos”.
  • Toribio Alderete – Fazendeiro vizinho de Pedro Páramo, morto por este para ter sua propriedade incorporada à fazenda Meia Lua.
  • Doutor Valência– Médico