Verso e Prosa

-Musicalidade/Ritmo/Dança

-Linguagem: origem rítmica

-Comparativo da poesia em algumas línguas.

-Poesia modernista (metrificada x livre)

-Prosa como marcha, porém dotada de ritmo não tão evidente.

-Liberdade do verso que se vale de imagens e ritmos que se contradizem sem se aniquilar.

A prosa deixa de ser a servidora da razão e torna-se confidente da sensibilidade. Seu ritmo obedece ás efusões do coração e aos saltos da fantasia.

Não creio no fim da escritura; creio que cada vez mais o poema tenderá a ser uma partícula.

É um tartamudeio que diz tudo sem dizer nada, ardente repetição de um pobre som: ritmo puro.

No poema com o triunfo da imagem, que abraça os contrários sem aniquilá-los.

“Hay estilos de pensar que son estilos de danzar”.

“Los adentro de si mismo”, imersão vertiginosa no vazio.

Has soñado asta noche que vivías de nada y morías de todo…

A fome não como tema de dissertação e sim falando diretamente, com voz desfalecente e delirante.

Só a imagem poderá dizer-nos como o verso, que é frase rítmica, é também frase que possui sentido.

-A poesia não é dialética

-As contradições só serem para reparar o parâmetro do absurdo

Unresolved paradox incites philosophy

Cada imagem- ou cada poema composto de imagens-contém muitos significados contrários ou díspares, aos quais abarca ou reconcilia sem suprimi-lo.

Não poder explica-se algo que está aí, diante dos olhos, tão real como o resto da chamada realidade – talvez consista em que a dialética é uma tentativa para salvar os princípios lógicos

A tese não se dá ao mesmo tempo que a antítese; e ambas desaparecem para dar lugar a uma nova afirmação que, ao englobá-las ,transmuta-as.

Ao deixar intacto o princípio de contradição, a lógica dialética condena a imagem, que omite esse princípio.

Cada termo pode atualizar-se em seu contrário, de que depende em razão direta e contraditória.

E esta reconciliação, que não implica redução nem transmutação da singularidade de cada termo, é um muro que até agora o pensamento ocidental se recusou a saltar ou a perfurar.

Há um momento em que cessa a inimizade entre os termos que nos pareciam excludentes.

Há que retornar á linguagem para ver como a imagem pode dizer o que, por natureza, a linguagem parece incapaz de dizer.

Todos os sistemas de comunicação vivem no mundo das referências e dos significados relativos.

A imagem recolhe e exalta todos os valores das palavras, sem excluir os significados primários e secundários.

O poeta faz algo mais do que dizer a verdade; cria realidades que possuem uma verdade: a de sua própria existência.

O homem fica só, encerrado em sua linguagem.

Não se produz o sem-sentido ou o contra sentido e sim algo que é indizível e inexplicável, exceto por si mesmo.

-Épico, lírico e dramático

-Grécia e o herói grego

-Base do conflito humano: liberdade

Cada uma de suas horas é monumento de uma eternidade momentânea.

A nomear aquilo que nomeia;

Para ser nós mesmos, somos outros.

Homem: mudança/revolução

Logo que o homem seja o senhor e não a vítima das relações históricas, a existência social será determinada pela consciência  e não o inverso,

De certo modo, a ciência inventa a realidade sobre a qual opera.

Para o pensamento científico moderno a realidade objetiva é uma imagem da consciência o mais perfeito de seu produto.

Ninguém tem fé, mas todos se fazem ilusões. Só que as ilusões se evaporam e nada resta então, a não ser o vazio: niilismo e grosseria.

Revolução Burguesa

Declarou sacrossanta a liberdade, mas submeteu-a ás combinações do dinheiro;

Como pode ser homem fundamento do mundo se é o ser que é por essência mudança,

Mas esta revolução se destruiria sem cessar a si mesma e, levada ao seu extremo, seria a negação do próprio princípio que a move. O niilismo seria seu estado final. Assim,

A doutrina tende á extinção da cor e do mal. Sua crítica possui uma função precisa: iluminar o homem, limpá-lo da ilusão do eu e do desejo.

O romancista nem demonstrar nem conta: recria um mundo.

Sua obra inteira é uma imagem.

Todos em aberta ou secreta luta contra o mundo.

Épica de uma sociedade  em luta consigo mesma.

O realismo do romance é uma crítica da realidade e até uma suspeita de que seja tão irreal como os sonhos e as fantasias de Don Quixote.

Esta realidade é composta de uma mescla do mítico e do homem, de modo que o trânsito do cotidiano ao maravilhoso é insensível:

É uma pergunta sobre a realidade da realidade.

É um ácido que corrói toda a ordem social.

O teatro e o romance contemporâneo não canta um nascimento e sim um funeral:

O romance e o teatro moderno se apoiam em sua época, inclusive quando a negam. Ao negá-la, consagram-na.

-Surrealismo

-Razão/imaginação

-Poesia, possível a todo.

-Solidão/exclusão do poeta

Exaltar o amor significa uma provocação, um desafio ao mundo moderno, pois é algo que escapa á análise e que constitui uma exceção inclassificável;

A imaginação é, primordialmente, um órgão de conhecimento, posto que é a condição necessária de toda percepção;

A missão do poeta consiste em ser a vez desse movimento que diz “NÃO“ a DEUS e a seus hierarcas e “SIM” aos homens.

O homem original é inocente e cada um de nós leva dentro de si um Adão. O próprio cristo é Adão. Os dez mandamentos são invenção do demônio:

A razão cria cárceres mais escuros que a teologia.

Desejo e realização são o mesmo.

A poesia não existe para a burguesia nem para as massas contemporâneas.

“O admirável  do fantástico – diz Breton – é que não é fantástico e sim real.”

Á plena liberdade erótica alia-se a crença no amor único.

A nova sociedade comunista seria uma sociedade surrealista, em que a poesia circularia pela vida social como uma força perpetuamente criadora.

A liberdade da arte também tinha certos limites para Trotsky;

O que distingue o romantismo e o surrealismo do resto dos movimentos literários modernos é o seu poder de transformação e sua capacidade para atravessar, subterraneamente, a superfície histórica e reaparecer outra vez. Não se pode enterrar o surrealismo porque não é uma ideia e sim uma direção do espírito humano.

Independentemente do que o futuro reserva a esse grupo e ás suas ideias, é evidente que a solidão continua sendo a nota dominante da poesia atual.

O poema futuro, para ser deveras poema, terá que partir da grande experiência romântica.

Marxismo

Signos /significados/representantes

“Outridade”

Poesia=percepção

Descomedimento.

Este século e meio foi tão rico em infortúnios quanto em obras:

Uma comunidade criadora seria aquela sociedade universal em que as relações entre os homens, longe de ser uma imposição da necessidade exterior, fosse como um tecido vivo, feito da fatalidade de cada um ao enlaçar-se com a liberdade de todos .esta sociedade seria livre porque, dona de si mesma, nada exceto ela mesma poderia determiná-la ;e solidária porque a atividade humana não consistiria, como ocorre hoje, no domínio de uns sobre outros (ou na rebelião contra esse domínio)e sim procuraria o reconhecimento de cada um por seus iguais ,ou melhor ,por seus semelhantes . A ideia cardeal do movimento revolucionário da era moderna é a criação de uma sociedade universal que, ao abolir as opressões, desenvolva simultaneamente a identidade ou semelhança original de todos os homens e a radical diferença ou singularidade de cada um.

Nível de vida

Os meios se transformaram em fins: a educação sexual e não o conhecimento através do erotismo; a perfeição do sistema de comunicações e a anulação dos interlocutores; o triunfo do signo sobre o significado nas artes, e agora da coisa sobre a imagem…

A crise dos significados.

O eu do diálogo no tu do monólogo.

Não falamos com os outros porque não podemos falar conosco mesmo.

A imaginação poética não é invenção mas descoberta a presença.

Não é a técnica que nega a imagem do mundo; é o desaparecimento da imagem que torna possível a técnica.

É um conjunto de signos que procuram o seu significado e que não significam outra coisa além de ser procura.

Cessamos de nos reconhecer no futuro.

A perda de significado afeta ás duas metade da esfera, a morte e a vida: a morte tem o sentido que lhe dá nosso viver; e este tem com significado último ser vida diante da morte.

Para a história nada é definitivo, exceto a mudança; para a tragédia toda mudança é definitiva.

Elegia.

A autoridade é antes demais nada a percepção de que somos outros sem deixar de ser o que somos e que, sem deixar de estar onde estamos, nosso verdadeiro ser está em outra parte.

Elusiva

Ser um mesmo é condenar-se á mutilação pois o homem é apetite perpétuo de ser outro.

Heidegger expressou-o de maneira admirável: chegamos tarde para os deuses e muito cedo para o ser;

Embora a leitura de um coup de dés se faça da esquerda para a direita e de cima para baixo, as frases tendem a configurar-se em centros mais ou menos independentes,

Brilham duas ou três palavras.

Criar entre frase e frase a distância necessária para que as palavras se reflitam.

Pronome que se disfarça em todos os pronomes e se reabsorve em um só imenso, que não será nuca será o eu da literatura moderna.

A poesia nasce no silêncio e no balbuciamento, no não poder dizer, mas aspira irresistivelmente á recuperação da linguagem como uma realidade total.

O poema acolhe o grito ,os trapos vocabulares, a palavra gangrenada, o murmúrio, o ruído e o sem-sentido: não a insignificância.

A literatura é mais ampla do que as fronteiras.

Vitória do nominalismo: o nome engendrou a realidade.

Anquilosado

Paris

Para voltar á nossa casa é necessário primeiro arriscar-nos a abandoná-los a abandoná-la.

Prédica

Não escrevem sobre e sim a partir de sua condição.

Inventar a realidade ou resgata-la? Ambas as coisas.

Nossos sonhos nos guardam ao dobrarmos a esquina.

Vontade de encarnação, literatura de fundação.

O artista vive na contradição: quer imitar e inventar, quer inventar e copia. Se os artistas contemporâneos aspiram a ser originais, únicos e novos, deveriam começar por colocar entre parênteses as ideias de originalidade, personalidade e novidade :são os lugares-comuns de nosso tempo.

Nível de vida

A pressa por “desenvolver-se”, ademais, faz-me pensar em uma desenfreada carreira para chegar mais cedo do que os outros ao inferno.

Nosso tempo é o único que escolheu como nome um objetivo vazio: moderno.

É muito difícil e mesmo grotesco-afirma que as artes progridem.

Não, nós não vivemos a nossa história :nós a sofremos como uma catástrofe ou como um castigo.

Não fomos sujeitos, mas objetos da história.

Uns e outros nos parecemos, se em algo nos parecemos, em nos sentirmos mal no presente.

“Um mestre da arte não moverá o coração de seu auditório a não ser guando tiver eliminado tudo: dança, canto gesticulações e as próprias palavras. Então, a emoção brota da quietude.

A melancólica não exclui uma boa, humilde e sã alegria ante o fato surpreendente de estar vivo e ser homem:

Em uma forma voluntariamente anti-heroica a poesia de Bashô nos chama para uma aventura deveras importante: a de nos perdemos no cotidiano para  encontrar o maravilhoso.

O provérbio europeu é falso: viajar não é “morrer um pouco” e sim exercitar-se na arte de despedir-se para assim, já leves, aprender a chegar, aprender a receber.

Desprendimento: aprendizagens.

Esta indeterminação é um traço constante da arte japonesa.

Algo fora esquecido pelos poetas de nosso idioma: a economia verbal e a objetividade, a correspondência entre o que as palavras dizem e o que os olhos contemplam.

A prática do haiku foi (é) uma escola de concentração.

O renga é uma crítica do autor e da propriedade privada intelectual, essas enfermidades da sociedade.

Ptyx significa uma concha, um desses caracóis que o rumor do mar

A primeira frase se enrola como uma espiral que se enrosca até anular-se; a segunda se desenrosca até confundir-se com o universo- e dissipar-se.

A tragédia é cósmica e cotidiana, ocorre no céu e no quarto de um burguês.

Sua história poderia reduzir-se ao transito entre a irrealidade da sua vida cotidiana e a realidade de sue ficções.

Como todos os grandes preguiçosos passa a vida fazendo listas de obras que nunca escreverá; e como frequentemente ocorre com os abúlicos, quando são apaixonados e imaginativos ,para não explodir, para não torna-se louco, quase às furtadelas, à margem de seus grandes projetos, todos os dias escreve um poema, um artigo, uma reflexão. Dispersão e tensão.

A visão do pouco peso do homem diante do peso bruto da vida social.

Há algo de terrivelmente soez na mente moderna; as pessoas, que toleram toda espécie de mentiras indignas na vida real de toda espécie de realidades indignas, não suportam a existência da fábula.

Os pensadores têm ideias; para o sábio viver e pensar não são atos separados.

Não seria difícil demonstra a Caeiro que a realidade nunca esta á mão e que devemos conquistá-la (ainda ao risco de que no a toda conquista ela se nos evapore e se converta em outra coisa: ideia, utensílio). O poeta inocente é um mito, mas é um mito que funda a poesia. O poeta real sabe que as palavras e as coisas não são a mesma coisa e por isso, para estabelecer uma precária unidade entre o homem e o mundo, nomeia as coisas com imagens, ritmos, símbolos e comparações. As palavras não são as coisas: são as pontes que estendemos entre alas e nós.

Ser sábio é resignar-se a saber que não somos inocentes.