Juiz de Fora é a quarta maior cidade do estado de Minas Gerais, rota do ouro imperial e conhecida como “Manchester Mineira”. Há diferentes passeios pela cidade que, a julgar pela alcunha, não é pequena nem acanhada: mais de meio milhão de habitantes. De três a quatro dias são ideais para um overview. No meu caso, tive de fazer o roteiro em apenas dois dias. E mesmo na pressa, vale a pena. Ainda que seja por poucas horas, dá para espiar a grandeza juiz-forana.
Morro do Redentor, do Cristo, do Imperador ou da Liberdade?
As placas informam Morro do Cristo, o nome oficial é Morro do Redentor, mas o mais falado é Morro do Imperador, em homenagem a Dom Pedro II, que costumava visitar a montanha. Chame como quiser, a vista é deslumbrante e merece mesmo o primeiro lugar dos pontos a serem visitados em Juiz de Fora. Motivos não faltam: fácil acesso, gratuito, ao ar livre, panorâmico e muito bem conservado. O local tem movimentado a cidade e atraído turistas, principalmente aos domingos. São casais, pessoas tirando fotografias, fazendo trilha, crianças brincando… O ambiente é agradável e promete tanto um nascer como um por do sol memoráveis. Há estacionamento gratuito, uma pequena lanchonete e loja de souvenirs, além, claro, da capela com o Cristo e do amplo mirante. A vista das montanhas ao fundo, antigas minas de ouro mineiro, circundando essa cidade que hoje passa de meio milhão de habitantes, é realmente grandiosa.
Museu Mariano Procópio
É em Juiz de Fora que se encontra o primeiro museu mineiro, ou seja, estamos falando de um chão de história importante. Ao lado do Parque, a visita tem tudo pra ser uma jornada completa de imersão temporal. Conhecer o que se passou por uma das rotas mais importantes do país quando a capital brasileira era também a casa da Família Real Portuguesa, por exemplo, é parte da experiência. O museu foi fundado em 1915 por Alfredo Ferreira Lage, e abriga um dos principais acervos do país, com aproximadamente 50 mil peças. Seu conjunto arquitetônico compreende dois edifícios: a Villa Ferreira Lage, construída entre 1856 e 1861, e o Prédio Mariano Procópio, inaugurado em 1922. A Galeria Maria Amália encontra-se disponível para a visitação com diferentes exposições. Além do conjunto histórico, conta com um acervo natural de grande importância ecológica, valorizando em seus jardins a exótica flora brasileira. Ao adentrar no Museu já se tem a impressão do seu imponente acervo de esculturas, com estátuas que compõem o jardim, escadarias e a pérgula da Villa. Em seu interior encontram-se duas estatuetas de terracota “de Tanagra”, cidade da Grécia antiga, além de moldes em gesso e bronze para várias estátuas, expostas no salão principal. Alfredo Ferreira Lage adquiriu grande parte desse acervo na Europa e também no Brasil, contando com obras de Antonin Mercié, Louis Barye, Claude Michel Clodion, Modestino Kanto, José Otávio Correia Lima e Rodolfo Bernadelli.
Casado com a pintora Maria Pardos, é natural que Alfredo Ferreira Lage se tornasse um grande apreciador e colecionador de quadros. A essência do acervo está no período entre 1870 e 1930, com um interesse particular pela arte européia e posteriormente brasileira, consequência do desenvolvimento das academias artísticas no país. Somando as várias doações, principalmente por parte da Viscondessa de Cavalcanti, a coleção de pinturas, gravuras e desenhos chega a um total de quase 2 mil obras.
Um dos maiores destaques é o quadro “Tiradentes Esquartejado”, de autoria de Pedro Américo. Feito por encomenda, passou muitos anos na sala de reuniões da Câmara Municipal de Juiz de Fora, após o qual foi transferido para o museu. Também encontram-se expostas obras dos franceses Jean Honoré Fragonard e Charles-François Daubigny e do holandês Willem Roelofs, premiado com a medalha de prata na Exposição Universal de Paris de 1889. Os brasileiros estão representados por Antônio Parreiras, Rodolfo Amoedo, Horácio Pinto da Hora e Henrique Bernadelli
Igreja Melquita
Essa inusitada igreja oriental é um ponto que provavelmente se colocará em algum dos seus caminhos juiz-foranos. O formato de disco voador da Igreja Greco-Católica Melquita, no bairro Santa Helena, faz dela um templo singular na cidade. O que poderia ser uma forte determinação de estilo, não passa de uma estratégia arquitetônica para aproveitar o diminuto espaço concedido aos imigrantes sírios e libaneses, na década de 1950. O desenho traz significados religiosos: “As vigas de sustentação se portam como dedos segurando um prato com pão. A vela é a torre, representando o círio. Há ainda a cruz do rito bizantino no topo, com braços iguais”, explica o pároco da igreja, monsenhor João Carlos Teodoro.
GASTRONOMIA
O dia foi longo e deu aquele combo sede-e-fome? Tá aqui uma escolha infalível: Procopão, porque além de ser tradição desde mil novecentos e lá vai bolinha, simplesmente um dos bares mais antigos do Brasil, ele também é conhecido como o “bar da tentação”. Hummm! O menu é mesmo recheadão de ideias tentadoras, autorais e muito bem servidas, pra
mineiro nenhum botar defeito. Fica na rua Mariano Procópio, esquina com a Av. dos Andradas. A proposta é saborear as carnes e cervejas ao ocasional tremor do trem, já que o bar está coladinho na linha ferroviária da cidade. É com emoção, minha gente! Ô trem bão que é tremer o coração! Não tem pirigo, não. Nossa escolha foi o prato Zeca Pagodinho, que apesar do nome, estava estupendo e satisfez a três pessoas. Filé mignon grelhado com creme de queijo, batata ao murro e arroz com cogumelos e passas brancas na cerveja puro malte. Tem que anotar porque vai com tudo mesmo, desce até o chão. E por falar em perder a linha, no passado até um ônibus resolveu tomar umas e foi com tudo pra dentro do Procopão. O acidente é antigo, mas continua sendo assunto curioso e qualquer garçom poderá dar mais detalhes entre em um serviço e outro.
Outras recomendações:
- Salsa Parrilla (self-service)
dentro do Independência Shopping
Av. Presidente Itamar Franco, 3600 – Cascatinha - Assunta Forneria (gourmet)
dentro do Spazio Design
Ladeira Alexandre Leonel, 201 – 301
Memorial da República Presidente Itamar Franco
Inaugurado em 2015, é um órgão suplementar vinculado à reitoria da Universidade Federal de Juiz de Fora e tem por missão o desenvolvimento de ações relacionadas a promover, preservar e divulgar o acervo do presidente Itamar Franco, constituído ao longo de sua vida pública.
Museu de Arte Murilo Mendes
Inaugurado em 2005, no antigo prédio da Reitoria da UFJF – instituição que administra – o seu acervo foi formado a partir da doação da biblioteca do escritor e poeta Murilo Mendes, em 1976.
A biblioteca ficou inicialmente abrigada na Biblioteca Central, no campus da UFJF, até 1993. Com a doação de obras de arte que também pertenceram ao escritor, por sua viúva, D. Maria da Saudade, criou-se o Centro de Estudos Murilo Mendes, em 1994, reunindo os acervos. O acervo de arte é composto, principalmente, por itens de Arte Moderna, enquanto que a biblioteca possui obras de escritores consagrados, sobretudo nas áreas de religião, música, história, literatura em geral, além de obras raras, muitas contendo dedicatórias a Murilo e Maria da Saudade. O museu abriga, além do acervo bibliográfico e artístico do poeta, as bibliotecas dos professores Arcuri e Guima, ricas em volumes sobre história, filosofia, arquitetura, artes cênicas, literatura em geral, entre outros. O acervo de artes plásticas também tem sido expandido através de doações e parcerias com outros institutos similares. A instituição possui laboratórios de conservação e restauração, que atendem não só as peças do acervo do museu, como prestam serviços de consultoria e restauração de patrimônio a particulares.