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Diário da Prisão

Egon Schiele

Em 1912, preso ao 21 anos, Egon Schiele descreve nestes diários a sua agonia, refletindo sobre a condição do artista como criador eterno, sempre em colisão com o poder vigente. A tradução é de Rui Sousa e composição gráfica de Catarina Domingues, edição de março de 2024, da edições Sr Teste.

Desta tiragem a editora fez uma edição especial de 30 exemplares com 3 peças de um puzzle da pintura: “O meu caminho errante conduz aos abismos” dentro de envelope com frase. O puzzle está incompleto porque acompanha este diário: faltam peças à liberdade. Esta encontra-se fracturada. Teremos a coragem de criar as peças em falta?

Não me sinto punido, mas purificado.


Egon Schiele 🇦🇹 (1890-1918)  foi um pintor austríaco ligado ao movimento expressionista. Um protegido de Gustav Klimt, foi um pintor importante do início do século XX. Seu trabalho é célebre por sua intensidade e sua sexualidade crua, e pelos muitos autorretratos que produziu, incluindo autorretratos nus.

Incidentes

Roland Barthes

Incidente: etimologicamente aquilo que cai sobre alguma coisa. Nestas anotações e fragmentos de diário Roland Barthes experimenta uma forma breve análoga ao haicai japonês ou às epifanias de Joyce.

Considero que o haicai é uma espécie incidente de pequena prega, uma fenda insignificante numa grande superfície vazia. O haicai não deseja agarrar nada no entanto há como se uma dobra sensual o assentimento feliz a lampejos do real a inflexões afetivas. A consequência rigorosa mas também o que constitui a especialidade e a dificuldade do haicai da epifania do incidente é o constrangimento do não-comentário. estrema dificuldade (ou coragem): não dar o sentido um sentido. privada de todo comentário a futilidade do incidente se põe a nu e assumir a futilidade é quase heróico.

Roland Barthes em Apresentação do Romance 1

“Roland Barthes, um dos astros europeus da crítica e teoria literárias do século vinte, deixou-nos um livro, fragmentário e de edição póstuma, intitulado Incidentes (1987), onde são reunidos alguns pequenos ensaios que haviam sido publicados na imprensa, bem como vários textos inéditos. Nesse opúsculo, a vários títulos magnífico, o escritor mistura diferentes registos discursivos – entre a autobiografia diarística e a anotação cronística do relato de viagens. No que diz respeito à teoria da literatura, é pedagogicamente desconcertante a cisão entre a persona de Barthes como professor e teórico e a sua realidade quotidiana de leitor.”

António Manuel Ferreira


Roland Barthes 🇫🇷 (1915-1980) foi um escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês. Formado em Letras Clássicas e Gramática e Filosofia na Universidade de Paris, fez parte da escola estruturalista, influenciado pelo lingüista Ferdinand de Saussure. Um dos mais importantes intelectuais franceses, foi professor da École Pratique des Hautes Études e do Collège de France. Além de colaborações para diversos periódicos, é autor de, entre outras obras, O grau zero da escritura (1953), Mitologias (1957), Crítica e verdade (1966), Sistema da moda (1967), O prazer do texto (1973) e Fragmentos de um discurso amoroso (1977).

diário de luto

Roland Barthes

De 26 de outubro de 1977, dia seguinte ao da morte de sua mãe, até 15 de setembro de 1979, Roland Barthes manteve um diário de luto, 330 fichas quase todas datadas e reunidas neste livro num conjunto publicado pela primeira vez.

“Habito minha tristeza e isso me faz feliz.
Tudo que me impede de habitar minha tristeza é insuportável pra mim”

“Tomando estas notas, confio-me à banalidade que há em mim.”

“Eu pensava que a morte de mam. faria de mim uma pessoa “forte”,
pois acederia à indiferença do mundano.
Mas foi exatamente o contrário: estou ainda mais frágil
(normal: por um nada, em estado de abandono).


Roland Barthes 🇫🇷 (1915-1980) foi um escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês. Formado em Letras Clássicas e Gramática e Filosofia na Universidade de Paris, fez parte da escola estruturalista, influenciado pelo lingüista Ferdinand de Saussure. Um dos mais importantes intelectuais franceses, foi professor da École Pratique des Hautes Études e do Collège de France. Além de colaborações para diversos periódicos (Esprit, TelQuel etc.), é autor de, entre outras obras, O grau zero da escritura (1953), Mitologias (1957), Crítica e verdade (1966), Sistema da moda (1967), O prazer do texto (1973) e Fragmentos de um discurso amoroso (1977).