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mesmo doente

Masaoka Shiki

mesmo doente
não deixei de ir ao jardim
enterrar algumas sementes


nawashiro ya
kohebi no wataru
yuhikage


In: Masaoka Shiki, in Aves dormindo enquanto flutuam, tradução de Joaquim M. Palma, editora Assírio & Alvim


Masaoka Shiki 🇯🇵 (1867-1902) pseudônimo de Masaoka Noboru, foi um  poeta, critico literário e jornalista do período Meiji, no Japão. O seu nome era “Masaoka Tsunenori” (正岡 常規), mas quando criança era chamado “Tokoronosuke” (処之助). Mais tarde mudou seu nome para “‘Noboru”‘ (升). É hoje muitas vezes creditado como tendo revitalizado as formas poéticas de haiku e tanka. Apesar de as suas ideias e teorias terem sido consideradas revolucionárias, ele permaneceu, grosso modo, dentro das regras e formatos tradicionais, em oposição aos seus mais radicais sucessores em verso livre. É um dos grandes mestre do haiku.

agora que

Masaoka Shiki

agora que as cerejeiras floriram
as pessoas que me são queridas
estão todas bem longe


In: Masaoka Shiki, in Aves dormindo enquanto flutuam, trad. Joaquim M. Palma, editora Assírio & Alvim


Masaoka Shiki 🇯🇵 (1867-1902) pseudônimo de Masaoka Noboru, foi um  poeta, critico literário e jornalista do período Meiji, no Japão. O seu nome era “Masaoka Tsunenori” (正岡 常規), mas quando criança era chamado “Tokoronosuke” (処之助). Mais tarde mudou seu nome para “‘Noboru”‘ (升). É hoje muitas vezes creditado como tendo revitalizado as formas poéticas de haiku e tanka. Apesar de as suas ideias e teorias terem sido consideradas revolucionárias, ele permaneceu, grosso modo, dentro das regras e formatos tradicionais, em oposição aos seus mais radicais sucessores em verso livre. É um dos grandes mestre do haiku.

Incidentes

Roland Barthes

Incidente: etimologicamente aquilo que cai sobre alguma coisa. Nestas anotações e fragmentos de diário Roland Barthes experimenta uma forma breve análoga ao haicai japonês ou às epifanias de Joyce.

Considero que o haicai é uma espécie incidente de pequena prega, uma fenda insignificante numa grande superfície vazia. O haicai não deseja agarrar nada no entanto há como se uma dobra sensual o assentimento feliz a lampejos do real a inflexões afetivas. A consequência rigorosa mas também o que constitui a especialidade e a dificuldade do haicai da epifania do incidente é o constrangimento do não-comentário. estrema dificuldade (ou coragem): não dar o sentido um sentido. privada de todo comentário a futilidade do incidente se põe a nu e assumir a futilidade é quase heróico.

Roland Barthes em Apresentação do Romance 1

“Roland Barthes, um dos astros europeus da crítica e teoria literárias do século vinte, deixou-nos um livro, fragmentário e de edição póstuma, intitulado Incidentes (1987), onde são reunidos alguns pequenos ensaios que haviam sido publicados na imprensa, bem como vários textos inéditos. Nesse opúsculo, a vários títulos magnífico, o escritor mistura diferentes registos discursivos – entre a autobiografia diarística e a anotação cronística do relato de viagens. No que diz respeito à teoria da literatura, é pedagogicamente desconcertante a cisão entre a persona de Barthes como professor e teórico e a sua realidade quotidiana de leitor.”

António Manuel Ferreira


Roland Barthes 🇫🇷 (1915-1980) foi um escritor, sociólogo, crítico literário, semiólogo e filósofo francês. Formado em Letras Clássicas e Gramática e Filosofia na Universidade de Paris, fez parte da escola estruturalista, influenciado pelo lingüista Ferdinand de Saussure. Um dos mais importantes intelectuais franceses, foi professor da École Pratique des Hautes Études e do Collège de France. Além de colaborações para diversos periódicos, é autor de, entre outras obras, O grau zero da escritura (1953), Mitologias (1957), Crítica e verdade (1966), Sistema da moda (1967), O prazer do texto (1973) e Fragmentos de um discurso amoroso (1977).