tag . Intrínseca

O Adulto

Gillian Flynn

O Adulto foi escrito por Gillian Flynn a pedido de ninguém menos que George R. R. Martin para compor, originalmente, a antologia As Crônicas de Gelo e Fogo, junto com Neil Gaiman, Scott Lynch e outros. Ali ele aparece com o título de Qual é a sua profissão? Para os fãs da autora, a publicação em um livro único foi uma confirmação de sua qualidade e destaque. Vi várias pessoas lendo esse livro pelas ruas próximas à Livraria Cultura, mas desta vez comprei meu exemplar pela Amazon.

Vencedor de um Edgar Award, o conto que virou livro é uma homenagem às clássicas histórias de terror. Sua narrativa é fluída, rápida e em poucas páginas nos damos conta de uma história perturbadora, aqui no Brasil traduzida do inglês por Alexandre Martins, pela editora Intrínseca.

Gillian Flynn já havia me conquistado com Garota Exemplar, é afiada, ácida, uma contadora de histórias convincente com talento especial para o macabro. Com seu estilo inconfundível, ela cria perfis super psicológicos e tece uma narrativa cheia de suspense, ao mesmo tempo em que usa elementos clássicos do sobrenatural.

Uma jovem ganha a vida praticando pequenas fraudes. Seu principal talento é a capacidade de dizer às pessoas exatamente o que elas querem ouvir, e sua mais recente ocupação consiste em se passar por vidente, oferecendo o serviço de leitura de aura para donas de casa ricas e tristes. Um dia, ela atende a Sra. Susan Burke, recém-chegada à cidade com o marido, o filho pequeno e o enteado adolescente. Experiente observadora do comportamento humano, a falsa sensitiva logo enxerga em Susan uma mulher desesperada por injetar um pouco de emoção em sua vida monótona e planeja tirar vantagem da situação.

“As pessoas são idiotas.
Nunca vou conseguir aceitar quão idiota as pessoas são.”

No entanto, quando chega a impressionante mansão da família, que Susan acredita ser a causa de seus problemas, a falsa vidente se depara com acontecimentos aterrorizantes, e se convence de que há algo tenebroso à espreita. Agora, ela precisa descobrir onde o mal se esconde, e como escapar dele. Embora seja na protagonista que vemos as melhores expressões, 0 personagem do enteado é especialmente ameaçador.

Quando a história termina (e termina rapidinho, eu li em menos de duas horas), você fica pensando quem é que estava realmente enganando quem. Não há qualquer certeza se estamos lidando com uma absurda travessura do enteado, se é algo sobrenatural, uma estratégia passional ou o que realmente é. O suspense está todo nessa indefinição.

O Torreão

Jennifer Egan

Romance neogótico que enfoca o suspense de um antigo castelo medieval no drama mental e pessoal de três personagens centrais. Ao enlaçar a temática da dependência moderna de tecnologia e conexões, o livro nos leva a uma viagem através de um novo veículo: a mente. Danny é um nova-iorquino viciado em celular que, entre outros estranhos talentos, consegue detectar na própria pele se um lugar tem sinal de internet. Quando seu primo Howard, de quem havia se afastado após uma brincadeira de mau gosto na adolescência, o convida para conhecer o castelo europeu que comprou e está reformando com a intenção de transformar em hotel de luxo, Danny acha que é uma boa oportunidade para retomar o contato e ao mesmo tempo fugir da confusão que arrumou em seu último emprego. Ao chegar lá, no entanto, as coisas começam a ficar estranhas. O torreão do castelo, que serviu de fortificação durante muitos séculos e resistiu a diversas tentativas de invasão, ainda é ocupado pela antiga proprietária – uma baronesa sinistra que parece velha demais para estar viva. Uma piscina mal-assombrada e um traiçoeiro labirinto subterrâneo completam a aura de mistério do lugar. Quando o pânico toma conta de Danny, ele descobre que a “realidade” pode ser algo em que não consegue mais acreditar. De maneira inventiva e subvertendo os limites entre fantasia e realidade, Egan constrói uma história que prende o leitor a cada página e nos faz ter vontade de reler o livro muitas vezes.

Não sou uma dessas

Lena Dunhan

Lena Dunham, a premiada criadora, produtora e estrela da série Girls, da HBO, apresenta uma coleção de relatos pessoais hilários, sábios e dolorosamente sinceros que a revelam como um dos jovens talentos mais originais da atualidade. Em Não sou uma dessas, Lena conta a história de sua vida e faz um balanço das escolhas e experiências que a conduziram à vida adulta. Comparada a Salinger e a Woody Allen pelo New York Times como a voz de sua geração, Lena é conhecida pela polêmica que desperta e por sua forma única e excêntrica de se expressar e encarar a vida. Engajada, a autora revela suas opiniões sobre sexo, amor, solidão, carreira, dietas malucas e a luta para se impor num ambiente dominado por homens com o dobro da sua idade.