tag . Memórias

A soma dos dias

Isabel Allende

Nas páginas deste livro, Isabel Allende narra com franqueza a história recente da sua vida e da sua peculiar família na Califórnia, numa casa aberta, cheia de gente e de personagens literárias. Filhas perdidas, netos e livros que nascem, êxitos e sofrimento, uma viagem ao mundo dos vícios e outras a lugares remotos do mundo em busca de inspiração, juntamente com divórcios, encontros, amores, separações, crises matrimoniais e reconciliações.

A soma dos dias é também uma história de amor entre duas pessoas que ultrapassaram muitos obstáculos sem perderem a paixão nem o humor, e de uma família moderna ameaçada por conflitos e unida, apesar de tudo, pelo carinho e pela decisão de continuar em frente – uma família que descobrimos em Paula e que descende das personagens de A casa dos espíritos.


“Con una vida familiar como la suya, es fácil entender por qué el último libro de Isabel Allende es autobiográfico:
hay suficientes personajes fantásticos e intensidad dramática como para abastecer de trama a varias novelas.”
The Times


Isabel Allende 🇨🇱 (1942-) nasceu no Peru e viveu no Chile até 1975, na Venezuela até 1988 e, desde então, na Califórnia. Em 1982, o seu primeiro romance, A casa dos espíritos, converteu-se num dos títulos míticos da literatura latino-americana. Seguiram-se muitos outros, todos êxitos internacionais. A sua obra está traduzida em 35 idiomas. Entre outras distinções, foi galardoada com o Prémio Nacional de Literatura do Chile e agraciada, em 2014, com a Medalha Presidencial da Liberdade, por Barack Obama. Em setembro de 2020 recebeu o Prémio Liber, outorgado pela Federación de Gremios de Editores de España, que a classifica como a autora latino-americana mais destacada da atualidade.

O que é isso, companheiro?

Fernando Gabeira

Em O que é isso, companheiro?, Fernando Gabeira busca compreender o sentido de suas experiências – a luta armada, a militância numa organização clandestina, a prisão, a tortura, o exílio – e elabora um retrato do Brasil dos anos 60 e 70.

Paris é Uma Festa

Ernest Hemingway

Paris é Uma Festa é um livro de memórias do escritor Ernest Hemingway, publicado em 1964, três anos após a sua morte, a partir de manuscritos de época. O livro trata dos registros pessoais do escritor da década de 1920, período no qual viveu em Paris com sua primeira esposa, Hadley Richardson. Aqui no Brasil, a edição que tenho é da Bertrand Brasil, com tradução de Ênio Silveira.

“Já tinha aprendido a nunca esvaziar completamente meu poço literário, deixando que, à noite, as fontes que o alimentavam tornassem a enchê-lo.”

Paris é uma festa pode ser uma homenagem à cidade, aquela de 1920, a Belle Epoque, cheia de cultura. Além de mostrar o aprendizado do ofício de escritor, Hemingway mostra seu convívio com personalidades e artistas que frequentavam o bairro Montparnasse, como o poeta Ezra Pound, F. Scott Fitzgerald, Ford Madox Ford, o pintor Jules Pascin, Wyndham Lewis, o escritor James Joyce, a colecionadora Gertrude Stein e outros.

“Mas Paris era uma cidade muito antiga, nós éramos jovens e nada ali era simples, nem mesmo a pobreza.”

A cidade e seus habitantes, sendo passageiros ou não, deram uma nova dimensão humana ao autor, fazendo com que ele se sentisse capaz de alcançar seus objetivos na vida: ser um bom escritor e viver em absoluta fidelidade consigo mesmo.

“Quem se dedica a seu trabalho e nele encontra satisfação não é afetado pela pobreza.”

O título, traduzido do inglês A Moveable Feast, foi sugerido por A. E. Hotchner, biógrafo e amigo de Hemingway, que se lembrou de uma carta (que aparece no início do livro) no qual ele dizia: “Se você quando jovem teve a sorte de viver em Paris, então a lembrança o acompanhará pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa ambulante“.

“Atribuía a culpa a Paris, o que é uma injustiça, pois não há cidade que ofereça melhores condições a um escritor…”

A visão lúcida e desencantada da vida, paradoxalmente com a confiança e a plenitude dos anos de criação, o retrato objetivo de alguns dos grandes escritores da época que, como Hemingway, respiravam no ar de Paris o melhor estímulo de aprendizagem e formação, a evocação da cidade com seus bistrôs, seus castanheiros desfolhados, os parques e pontes, imprimem um lirismo saudoso. Encontramos o jovem escritor, no começo de carreira. Encontramos, pobre e com a mente repleta de sonhos, atento aos mais simples prazeres da vida.

“Paris não tem fim… Vale sempre a pena e retribui tudo aquilo que você lhe dê.”

Em Paris, aos 22 anos, Ernest Hemingway lê, pela primeira vez autores clássicos como Tolstói, Dostoievski e Stendhal.

“Que nunca se deve viajar com uma pessoa a quem não se ame.”

“Os ricos jamais perdem tempo ou gastam simpatia com coisas incertas.”

“A inocência é a mãe dos piores pecados.”

 


OUTRAS CITAÇÕES DO LIVRO

No Cinema

O livro aparece numa cena do filme Cidade dos Anjos (1998) entre os personagens interpretados por Nicolas Cage e Meg Ryan. Mas o filme mais evocado para esta obra, sem dúvida alguma, é o de Woody Allen, Meia Noite em Paris, (2011). O delicioso filme se passa parcialmente na Paris dos anos 1920 retratada no livro de Hemingway. No filme, o personagem interpretado por Owen Wilson usa duas vezes a expressão “uma festa móvel” e reencontra autores e personagens importantes na obra, como Picasso, Gerturde Stein, Zelda e Scott Fitzgerald, por exemplo.

Midnight In Paris (2011 Woody Allen) – Kathy Bates como Gertrude Stein e Owen Wilson

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Na Literatura

Paris não tem fim, de Enrique Vila-Matas

O escritor Enrique Vila-Matas nomeou sua obra París no se acaba nunca (2003) em homenagem ao último capítulo do livro de Hemingway. Assim como ele, Vila-Matas quando jovem foi viver na capital francesa e tentar a vida como escritor. Lá também conheceu outros autores. É importante ter lido o livro de Hemingway antes de embarcar na leitura do autor catalão.

 

 

 

 

 


EDIÇÃO POLÊMICA

Hemingway trabalhou no manuscrito de Paris é uma Festa durante seus últimos anos, penosamente reescreveu algumas passagens-chave, e tinha preparado um projeto final antes de morrer. Após sua morte, no entanto, sua quarta esposa, Mary, na sua qualidade de executora literária de Hemingway, engajou-se na edição.

“Eu, que era tão severo a respeito de pessoas e de sua capacidade de destruir…”

O estudioso Gerry Brenner analisou os documentos editados e a sua validade, no seu livro, “Are We Going to Hemingway’s Feast?” Depois de examinar a vasta coleção de documentos pessoais de Ernest Hemingway, que foram aberto ao público em 1979, com a inauguração da Biblioteca John F. Kennedy em Boston, incluindo notas e esboços iniciais de Paris é uma Festa, Brenner indica que Maria modificou a ordem dos capítulos no projeto final de Hemingway, para “preservar a cronologia”.

“Algumas pessoas têm a maldade na cara…”

Brenner verificou que isso parece modificar a intenção do livro, interrompendo a série de esboços do caráter justaposto entre os indivíduos, como Sylvia Beach (proprietária da livraria “Shakespeare and Company”) e Gertrude Stein. Além disso, um capítulo inteiro, intitulado “O nascimento de uma nova escola”, que tinha sido abandonada por Hemingway, foi introduzido por vontade de Maria, sem justificação suficiente em seu conteúdo ou execução.

“Ter boas recordações é uma maneira de ter fome.”

De longe, a grave edição, Brenner alega, que Maria excluiu um pedido de desculpas a Hadley, primeira esposa de Hemingway. Este pedido de desculpas aparece em diferentes formas em cada projeto do livro, e Brenner sugere que Maria foi excluindo essas partes porque elas imputavam seu próprio papel como esposa e acabavam indicando que Hadley fora o cônjuge mais importante.