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As expansões de ternura

Graciliano Ramos

As expansões de ternura exigem a solidão.
Silêncio, calma, nada de rumor.

 

In: Graciliano Ramos, Linhas Tortas. Ed. Record; 7.ª edição (1979)


Graciliano Ramos 🇧🇷 (1892-1953) foi um escritor brasileiro de Alagoas. O romance Vidas Secas foi sua obra de maior destaque. É considerado o melhor ficcionista do Modernismo e o prosador mais importante da Segunda Fase do Modernismo.Suas obras embora tratem de problemas sociais do Nordeste brasileiro apresentam uma visão crítica das relações humanas, que as tornam de interesse universal. Seus livros foram traduzidos para vários países, e Vidas Secas, São Bernardo e Memórias do Cárcere foram levados para o cinema.

peço o silêncio

Alejandra Pizarnik

… canta, lastimada minha.
Cervantes

 

ainda que seja tarde, é noite,
e tu não podes.

Canta como se não fosse nada.

Não é nada.


Alejandra Pizarnik, poema do seu livro, “Os trabalhos e as noites”.


imagem: Paw Grabowski


Alejandra Pizarnik 🇦🇷 (1936—1972) escritora nascida em Avellaneda, Buenos Aires. Estudou filosofia, jornalismo e literatura. Em 1955, publicou o seu primeiro livro, La tierra más ajena, a que se seguiram La última inocencia (1956) e Las aventuras perdidas (1958). Entre 1960 e 1964 viveu em Paris, onde colaborou em revistas, traduziu e contactou Julio Cortázar e Octavio Paz. Este prefaciou-lhe o livro Árbol de Diana (1962). Pizarnik publicou ainda: Los trabajos y las noches (1965), Extracción de la piedra de locura (1968) e El infierno musical (1971). Em 1972, aos 36 anos, internada num hospital psiquiátrico, suicidou-se. Deixou inéditos muitos poemas e prosas, em castelhano e em francês.

O silêncio da água

José Saramago

Voltei ao sítio, já o Sol se pusera, lancei o anzol e esperei. Não creio que exista no mundo um silêncio mais profundo que o silêncio da água. Senti-o naquela hora e nunca mais o esqueci.

O Silêncio da Água é uma fábula, um conto infantil autobiográfico escrito por José Saramago, extraído do seu livro As Pequenas Memórias e com ilustrações de Manuel Estrada ou Yolanda Mosquera. Foi publicado em 18 de junho de 2011 pela Editorial Caminho, para assinalar o primeiro aniversário da sua morte, e depois passou para a Porto editora. No Brasil é publicado pela companhia da Letrinhas com a grafia portuguesa, a pedido do autor.

Em uma tarde silenciosa, um garoto vai pescar à beira do Tejo e é surpreendido por um peixe enorme que lhe puxa o anzol. Infelizmente, a linha arrebenta, deixando-o escapar. Ele corre até a casa dos avós, com a esperança de voltar, rearmar a vara e “ajustar as contas com o monstro”. Claro que, ao alcançar o mesmo ponto do rio, o menino não encontra mais nada, apenas o silêncio da água. Sua tristeza só não é completa pois o peixe, como ele diz, “com o meu anzol enganchado nas guelras, tinha a minha marca, era meu”. Esse menino foi José Saramago, que narra neste livro uma aventura de infância que, para ele, culmina em um despertar da lucidez.


José de Sousa Saramago 🇵🇹 (1922-2010) nascido em Azinhaga, Golegã, foi o escritor português galardoado com o Nobel de Literatura de 1998. Também ganhou, em 1995, o Prémio Camões, o mais importante da língua portuguesa. Saramago foi considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa. Através de parábolas sustentadas pela imaginação, compaixão e ironia, nos permite apreender continuamente uma realidade fugidia.