Romance de cunho grotesco, no qual José e Rosa, o casal protagonista, nutrem um pelo outro um sentimento de desdém, no qual, ao mesmo tempo em que se enojam, são fisgados por um desejo descomunal em suas noites de prazer. Em meio a um cenário social recheado de aberrações (que trabalham no circo da cidade), entregam-se a uma rotina de tapas e beijos.

Minha edição é de 1986, da Editora Clube do Livro, comprada em sebo, pela Estante Virtual.

Zero é, sem dúvidas, um grande livro. Primeiro porque consegue trazer as questões de um país imerso em uma ditadura militar sem parecer piegas ou clichê. Ignácio de Loyola Brandão consegue ironizar situações cotidianas de forma maestral. O autor escreve com a frieza e a falta de pudor necessária para se falar de sexo, tortura e repressão. Mesmo sem mencionar que ambientava seu romance na São Paulo dominada pelos militares, é possível notar graças às constates ordens e Atos institucionais proclamados pelos militares; atos institucionais por vezes sarcásticos e hiperbólicos. A narrativa é interrompida por sons, barulhos, falas e imagens.

Um grande atrativo é também a sua disposição de capítulos; sendo o layout uma atração a parte. Ignácio coloca notas de rodapé com inscrições irônicas e muito bem humoradas.


Premiação

O autor ganhou em 2016 o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.