Piodão é uma pequena aldeia histórica situada na Serra do Açor, no concelho de Arganil. As casas de xisto, têm telhados em lajes e portas de madeira pintadas de azul. As casas dispostas em socalcos na encosta, fazem lembrar um presépio. Esta aldeia tem pouco mais de uma centena de habitantes.
Rumo à Paisagem Protegida da Serra do Açor para visitar o Piódão, a grande vencedora das 7 Maravilhas de Portugal na categoria de Aldeias Remotas, uma das 12 Aldeias Históricas de Portugal e Património Nacional desde 1978. São títulos de convencem milhares de visitantes. Contudo, quem visita o Piódão de passagem perde a essência de um lugar perfeito, tanto como destino de férias para repor energias como para aquela escapadinha. Vale muito a pena esticar a passagem e pernoitar na aldeia, veja porquê:
A freguesia inclui as seguintes aldeias e quintas: Piódão, Malhada Chã, Chãs d’Égua, Tojo, Fórnea, Foz d’Égua, Barreiros, Covita, Torno, Casal Cimeiro e Casal Fundeiro. O aspecto que a luz lhe confere, durante a noite, conjugado pela disposição das casas, fez com que recebesse a denominação de “Aldeia Presépio”. Os habitantes dedicam-se, sobretudo, à agricultura (milho, batata, feijão, vinha), à criação de gado (ovelhas e cabras) e em alguns casos à apicultura.
A flora é em grande parte constituída por castanheiros, oliveiras, pinheiros, urzes e giestas. A fauna compõe-se, sobretudo, de coelhos, lebres, javalis, raposas, doninhas, fuinhas, águias, açores, corvos, gaios, perdizes e pequenos roedores. Atualmente, a desertificação das zonas do interior afeta praticamente todas as povoações desta freguesia. As populações mais jovens emigraram para o estrangeiro ou para as zonas litorais à procura de melhores condições de vida, regressam às suas origens, sobretudo, durante as épocas festivas para reviver o passado e se reencontrarem com os seus congéneres.
Antes de visitar o Piódão fique ciente que é preciso acalmar a impaciência enquanto desbrava as curvas e contracurvas da estrada de serra, que serpenteia sem fim. A aldeia serrana teima em se esconder dos olhos dos curiosos até ao último minuto. Mas quando a mancha negra do casario incrustado na serra finalmente se revelar aos seus olhos, terá a sensação de chegada triunfal a um lugar mágico.
Atrações do Piódão
- Igreja Matriz de Piódão
- Capela de S. Pedro
- Capela de S. João
- Capela de Santa Bárbara
- Capela da Senhora da Saúde
- Busto-monumento ao cónego M. F. Nogueira
- Museu Etnográfico
- Eira e forno comunitários
- Fonte dos Algares
- Nicho das Almas
- Trecho da serra do Alvor

Igreja Matriz de Piódão
Igreja Matriz de Piódão
Surge a igreja matriz. Como que declarando, altiva, o seu protagonismo na aldeia, contrasta na cor e na forma. Com a fachada neobarroca duma alvura ofuscante, as suas quatro torres cilíndricas rematadas em cone e arcos redondos na porta e janelões, enquanto o casario da aldeia é uma sequência de linhas retas. A uni-las está o azul-céu que tanto decora a fachada da igreja como as portas e janelas das casas. Azul que até dá azo a estórias castiças, como a da única loja da aldeia ter uma única cor de tinta para vender: tinta azul.
Dicas
- Saia cedo. A luz do sol matinal deixa os monumentos e outros locais de interesse ainda mais especiais.
- Caminhe para fora da aldeia para conseguir a vista das casinhas na montanha.
- Fale com os moradores, gente curiosa e simpática, sempre pronta para conversar com os visitantes.
- Suba ao monte, junto à Capela de S. João, as vistas são maravilhosas.
- Tênis e botas confortáveis.
- Mas não esqueça guarda-chuva ou capas, pode garoar a qualquer momento. E o ar é quase sempre úmido.
Quando visitar o Piódão?
Todas as estações são boas para uma escapadinha ao Piódão. Até no inverno a aldeia tem o seu encanto. Mais ainda quando neva. Acredite que o aconchego das casinhas de xisto sabe super bem naqueles dias frios de inverno. Aninhe-se frente à lareira e desfrute do serão a beberricar um licor da aldeia, enquanto deixa a chuva e o frio lá fora. Vai ser uma das melhores memórias sensoriais que vai trazer do Piódão. No outono o visual fica belíssimo e a temperatura ainda está razoável para caminhadas ao ar livre. Na primavera a serra enche de flores de mil cores e as ribeiras e cascatas estão em todo o seu esplendor. Já no outono, e porque na serra abunda o carvalho e o castanheiro, fica pincelada de inúmeros tons de amarelo, laranja e vermelho. Claro que, por vezes, temos azar e levamos com umas chuvadas em cima, ou com um nevoeiro de cortar à faca. Mas a natureza é mesmo assim! Se quer mergulho e refresco de água doce, a melhor estação para visitar Piódão é o verão. Mas prepare-se para possíveis multidões, preços altos e para dias de calor intenso. Está longe de ser a melhor estação para caminhadas, mas em contrapartida é perfeita para desfrutar da maravilhosa Praia Fluvial do Piódão.
Repare nos Detalhes
Enquanto percorremos a Serra do Açor, ao mesmo tempo que nos deixamos encantar pelo aspecto majestoso e puro da paisagem, a curiosidade e a impaciência invadem-nos. Piódão teima em permanecer escondida para, inesperadamente, deslumbrar com a sua arquitetura, que tão bem exemplifica a capacidade que temos para de forma harmoniosa nos adaptarmos aos mais inóspitos e também mais sublimes locais. Como se de um presépio se tratasse, as casas distribuem-se em redor dos socalcos, nas quais pontuam o azul e o xisto, por entre sinuosas e estreitas ruelas, que em cada canto escondem a história da Aldeia Histórica de Piódão.
O Piódão tem uma implantação de escarpa abrupta e uma estrutura de malha cerrada e traçado sinuoso, bem adaptada à rugosidade do espaço envolvente. As pastagens da Serra de S. Pedro do Açor, recheada de nascentes, atraíram os pastores lusitanos que ali alimentaram os seus rebanhos. Na época medieval, formou-se um pequeno povoado a que foi dado o nome de Casas Piódam, depois transferido para a atual localização, talvez devido à instalação de um Mosteiro de Cister (de que já não restam vestígios) o que fará remontar o lugar ao séc. XIII. A este mosteiro poderá estar ligada a antiga invocação de Santa Maria (comum nas Abadias Cistercienses) da Igreja Matriz templo reformulado no séc. XVIII/XIX, o que o dotou duma curiosa fachada pautada por finas torres cilíndricas rematadas por cones.
Poema “IV”
de Hilda Hilst
Lobos
Lerdos leopardos
Cadelas
Ternuras velhas
Nós, lado a lado
Num sumidouro de linhas
E ponteiros de pedra.
Enrodilhados
Escuros
Famintos de nossas sombras
Nas aldeias antigas
Lobo
Leopardo-cadela
Ternuras velhas
Tu e eu desenhados
Treliças e telas
Nas tintas da conquista.
O que Comer no Piodão
O prato típico da região é a chanfana. Mas minha aposta é no croquete de chanfana com recheio de queijo de ovelha.
Hospedagem
Onde dormir no Piódão?
Uma visita ao Piódão não fica completa sem se passar (pelo menos) uma noite na aldeia. É preciso usufruir do prazer de “viver” numa destas casas de xisto por causa da sua singularidade. O Piódão é um recanto perfeito para recarregar baterias vivendo uma autêntica experiência rústica.

Casa da Padaria
Casa da Padaria
A identidade da casa foi mantida e respeitada. Na sua origem está uma padaria que abasteceu a aldeia e arredores de pão fresco até há cerca de cinquenta anos atrás. No inverno, tem lareira. O repouso é memorável em qualquer dos quartos privados situados no piso cimeiro, todos com a promessa de descanso absoluto e vistas refrescantes sobre os socalcos da montanha e a aldeia. De manhã, desperte para um delicioso “pequeno-almoço caseiro”, com sabor da serra. Broa de milho, bolo, queijo da serra, requeijão de ovelha, mel e compotas na mesa.

INATEL Piódão
Inatel Piódão
Se não abre mão da comodidade, procure o INATEL. A unidade hoteleira foi construída à moda da aldeia, procurando respeitar a traça e materiais locais. O xisto vigora no exterior, a madeira marca o interior deste 4 estrelas. Tem estacionamento, piscina interna, sauna e hidromassagem, além de um ginásio. Quartos modernos, confortáveis e espaçosos, a tarifa inclui o pequeno-almoço. E o melhor de tudo: vista para aldeia.
Outros Caminhos
Agora é estacionar o carro. E não há outra maneira de conhecer a aldeia a não ser a pé. Comece no Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, onde se concentram o Museu do Piódão, o Posto de Turismo, os cafés/snack-bares/lojinha de artesanato/banca de produtos regionais e as banquinhas com os habituais souvenirs.
As trilhas podem te levar a duas opções para Foz d’Égua, ou então para Chás d’Égua.