Os três ensaios que compõem este livreto, publicado em 2017, foram proferidos entre 1999 e 2001 (em Turin, Tel Aviv e Boston, respectivamente) e envelheceram rápido e mal.

Tratam, de maneira geral, de uma certa angústia que cerca o futuro do livro e da leitura em tempos de transformações nos modos de ler e de veicular a literatura.

Entre algumas discussões que já deixaram de ser pertinentes há uns cinco ou dez anos, surgem aqui e acolá boas considerações sobre os arbítrios da leitura ou ainda sobre aquela perene questão da censura de livros, que está longe de ser apanágio de governos totalitários. “É absolutamente impossível avaliar”, diz o autor, “a imensidão dos textos assim castrados, expurgados, falsificados ou decididamente reduzidos ao silêncio. Mas as nossas ditas democracias tampouco são inocentes. Clássicos e obras de literatura contemporânea foram retirados das estantes e das bibliotecas públicas ou escolares em nome de um ‘politicamente correto’ tão pueril quanto degradante.” (p. 72).

Os livros são a nossa chave de acesso para nos tornarmos melhores do que somos. A capacidade deles de produzir essa transcendência suscitou discussões, alegorizações e desconstruções sem fim. O encontro com o livro, assim como com o homem ou a mulher, que vai mudar a nossa vida, frequentemente em um instante de reconhecimento do qual não se é consciente, pode ser completamente casual. O texto que nos converterá a uma fé, nos fará aderir a uma ideologia, dará a nossa existência um fim e um critério, podia estar ali a nos esperar na estante dos livros em promoção, dos livros usados e em desconto. Talvez empoeirado e esquecido, na estante exatamente ao lado do livro que procurávamos.