A obra apresenta 19 narrativas nas quais o autor retoma alguns de seus temas clássicos, como o vazio, o anonimato, o desaparecimento do autor e os intercâmbios entre vida e literatura. Exploradores do abismo reúne ideias, citações, fragmentos, linhas narrativas – protagonizada por personagens à beira do precipício, seres que se detém ante o vazio e o estudam e analisam. Nestes contos, que se ligam em surdina aos de Suicídios Exemplares, é como se Enrique Vila-Matas estendesse uma corda para equilibristas que não parecem tão interessados na travessia, mas sim em mergulhar em si mesmos.’Há neste livro histórias sobre as diversas formas de relacionar-se com a angústia e também histórias sobre a criatividade extrema que pode surgir, às vezes, quando estamos a um passo do abismo’ diz o autor.

Às vezes parece
que estamos no centro da festa
No entanto
no centro da festa não há ninguém
No centro da festa está o vazio
Mas no centro do vazio há outra festa.

Roberto Juarroz In: Poesía Vertical

“[…]Jamais esquecer que tudo o que era familiar e cotidiano era estranho e, por outro lado, o excepcional devia sempre parecer algo perfeitamente normal.”

“É bem sabido, claro, que numa minoria seleta há uma maioria de imbecis.”

“…comerciante de angústias não verdadeiras…”

“‘ser bom’ com alguém leva quase sempre este a reduzir-se à escravidão.”

“Somos empurrados para o jogo da vida, ensinam-nos as regras, e quando você se descuida, já está na antessala, já está morto.”

“[…] sempre pensei que há muitas maneiras de chegar e que o melhor é não partir.”

“-É que eu sou um dos que viu tudo se esvaziar. Portanto, sou um dos que sabe o que é que preenche tudo.”

“Luc se perdeu por longos instantes, como quem se perde, noite fechada, no corredor de sua própria casa.”

“[…] aquelas horas em que finalmente conseguira refletir sobre o mundo, sobre nossa vulnerabilidade congênita, sobre a fragilidade do ser humano.”

“O tempo não é como pensam os tristes humanos, nunca perde tempo com passatempos.”

“[…] não era conveniente temer a morte, temer uma coisa tão breve durante tanto tempo.”

“[…] que o humor é a última coisa que se perde.”

“Encontraram na vida a simplicidade que só existe quando contamos uma história…”

“[…] desprezava as artes da imaginação, pois lhe pareciam um truque para dissimular o imenso vazio de nossa mortalidade.”

“Um verdadeiro artista é sempre um solitário de si mesmo.”


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.