Livro que lançou Annie Ernaux à fama, O lugar, estabelece as bases para o projeto literário que Ernaux levaria adiante por três décadas. Aqui temos temas friccionados no contraste geracional e na divergência de valores. Sempre uma consagração crítica e um sucesso de público. Nesta autossociobiografia, uma das mais importantes escritoras vivas da França se debruça sobre a vida do próprio pai para esmiuçar relações familiares e de classe, numa mistura entre história pessoal e sociologia. Décadas mais tarde serviria de inspiração declarada a expoentes da auto ficção mundial e grandes nomes da literatura francesa. O resultado é um clássico moderno profundamente humano e original.

Este é um exemplo literário de como é possível haver um sentimento profundo em relações marcadas pela divergência de valores. Aprofunda o pesar associado à perda do pai e ao peso do luto de forma pragmática. Annie Ernaux eleva o conceito de “livro de memórias” a um patamar que bate as melhores ficções.


Annie Ernaux 🇫🇷 (1940–) nasceu em Lillebonne, na Normandia, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, Letras. Uma das vozes atuais mais importantes da literatura francesa, destaca-se por uma escrita onde se fundem autobiografia e sociologia, memória e história. Prémio de Língua Francesa (2008), o Marguerite Yourcenar (2017), o Formentor de las Letras (2019) e o Prince Pierre do Mónaco (2021) , destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984) e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional. Em 2022 venceu o Prêmio Nobel de Literatura.