Compaixão

Anne Sexton

Pela primeira vez editada no Brasil, em edição bilíngue o trabalho inovador de Anne Sexton, a poeta que abriu caminho para gerações de escritoras, em uma seleção feita por sua filha e executora literária, Linda Gray Sexton, com tradução de Bruna Beber.

Anne Sexton fez um trabalho que, em menos de duas décadas de escrita, já lhe havia rendido o Prêmio Pulitzer de Poesia, estabelecendo-a como uma das vozes mais proeminentes de sua geração. Uma poeta que fala com uma coragem extraordinária e que se aprofunda em assuntos considerados inadmissíveis em sua época: traumas de infância e incesto; dependência de drogas e de álcool; loucura e depressão; masturbação e menstruação; casamento e adultério; maternidade, filhos e amizade; o desejo de viver e o desejo de morrer. Esses são apenas alguns dos temas que ela abordou, cada um com ardor, fúria e, ao mesmo tempo, uma clareza contundente. No início dos anos 1960, tanto nos EUA quanto na Inglaterra, ela era considerada muito radical. O nome de Sexton é lendário. Sua poesia é lida em todo o mundo, traduzida para mais de trinta idiomas, e em seu próprio país permanece como referência para poetas e leitores em busca de uma percepção crua, vitalidade na expressão e franqueza confessional.


Anne Sexton 🇺🇸 (1928-1974) foi uma poetisa americana conhecida por seus versos confessionais altamente pessoais. Ela ganhou o Prêmio Pulitzer de poesia em 1967 por seu livro Live or Die.

La húmeda torre

Delmira Agustini

¡Oh Tú!
Yo vivía en la torre inclinada
de la Melancolía…
Las arañas del tedio, las arañas más grises,
en silencio y en gris tejían y tejían.

¡Oh, la húmeda torre!…
Llena de la presencia
siniestra de un gran búho,
como un alma en pena;

Tan mudo que el Silencio en la torre es dos veces;
Tan triste, que sin verlo nos da frío la inmensa
sombra de su tristeza.

Eternamente incuba un gran huevo infecundo,
Incrustadas las raras pupilas más allá;
O caza las arañas del tedio, o traga amargos
Hongos de soledad.

El búho de las ruinas ilustres y las almas
Altas y desoladas!
Náufraga de la Luz yo me ahogaba en la sombra…
En la húmeda torre, inclinada a mí misma,
A veces yo temblaba
Del horror de mi sima


Oh you!
I lived in the leaning tower
Of melancholy …
The spiders of tedium, the grayest spiders,
Wove and wove in grayness and silence.

Oh! the dank tower,
Filled with the sinister
Presence of a great owl
Like a soul in torment;

So mute, that the silence in the tower is twofold;
So sad, that without seeing it, we are chilled by the immense
Shadow of its sorrow.


“A Torre” (1948) – Remedios Varo viveu e trabalhou na Espanha e na França, em 1942 mudou-se para o México, mas passou, no entanto, um ano na Venezuela, quando pintou “A Torre”. A pintura mostra uma torre rosa em um ambiente isolado. Só podemos adivinhar qual era o propósito da torre antes, mas no estado atual, está a ficar coberta de heras e há uma longa fenda a atravessá-la. As portas e janelas são ocas e escuras, como órbitas. Há uma árvore escura em primeiro plano, suas raízes penetram pesadamente no chão e, assim como as janelas da torre, é escura e oca. Apenas um galho está verde e vivo, e vê-se ervas daninhas crescendo no chão, como se ninguém pisasse ali há tempos. Atrás há uma floresta, não densa e escura, mas quase nua, as árvores são fantasmas, tão finos como se estivessem desaparecendo. Varo adorava a linguagem dos símbolos e sonhos, e esta pintura realmente parece um sonho estranho, aquele em que se pode vagar confuso, perdido e triste.


Delmira Agustini 🇺🇾 (1886 — 1914) foi uma poetisa nascida em Montevidéu. Pertence à primeira fase do Modernismo, seus temas tratam da fantasia e de matérias exóticas e eróticas. Los cálices vacíos (1913), sua terceira obra, foi dedicada a Eros e significou sua entrada ao movimento de vanguarda modernista. Foi assassinada por seu ex-marido, que depois cometeu suicídio. Sua obra está ligada ao vasto movimento modernista fluvial, dominado por homens, e gozou da admiração das figuras da época. Traz imagens de profunda beleza e originalidade. O mundo dos seus poemas é sombrio e atormentado, com versos de excepcional musicalidade. Seu lirismo atinge profundidades metafísicas que contrastam com sua juventude.

If I had a flower

Alfred Tennyson

“If I had a flower for every time I thought of you…
I could walk through my garden forever.”


“Se eu tivesse uma flor para cada vez que penso em você…
poderia caminhar pelo meu jardim para sempre.”


Alfred Tennyson 🇬🇧 (1809-1892) 1º Barão Tennyson FRS foi um poeta inglês. Ele foi o Poeta Laureado durante grande parte do reinado da Rainha Vitória. Em 1829, Tennyson recebeu a Medalha de Ouro do Chanceler em Cambridge por uma de suas primeiras peças, “Timbuktu”. Ele publicou sua primeira coleção solo de poemas, Poems, Principalmente Líricos, em 1830.