tag . fotografia

Exibindo página 3 de 5

18 meses, de Rodero

Cristina García Rodero

Em 1991, após a dissolução da União Soviética, a Geórgia tornou-se um estado independente, mas como algumas regiões queriam anexar-se à Federação Russa, eclodiu uma guerra civil. Rodero chegou em meados do pós-guerra a um país devastado pela dor e pela pobreza e em ruínas. Durante o projeto, Cristina García Rodero capturou a imagem de uma mãe com uma expressão distorcida no rosto ao se despedir do filho de apenas dezoito meses de idade. Rodero lembra que na Geórgia aprendeu a lidar com a morte por meio de funerais, que ali duravam vários dias para se despedir e compartilhar a dor. Nas suas fotografias há artesanato, vocação e uma paixão absoluta pelo ser humano em todas as suas dimensões: entre o céu e a terra, entre o mundano e o extraordinário. Esta imagem faz parte de uma comissão dos Médicos Sem Fronteiras.


Cristina García Rodero, Puertollano, Cidade Real (1949 -) referência na história da fotografia espanhola contemporânea, é membro da agência Magnum e uma das fotógrafas mais destacadas do cenário internacional. Ela também é proprietária de uma obra formidável focada nas tradições ancestrais e nos contrastes entre os humanos em diferentes partes do mundo. Recebeu numerosos prémios, incluindo o Prémio Nacional de Fotografia de Espanha em 1996, pelo seu trabalho criativo através do qual afirma ter-se descoberto. Por trás do seu olhar – quase antropológico – está uma mulher trabalhadora.

Cascas

Georges Didi-Huberman

Obra singular no percurso de Georges Didi-Huberman, Cascas é o relato de uma visita do autor ao museu de Auschwitz-Birkenau, na Polônia, em junho de 2011 – do qual retorna com algumas cascas de bétulas e um punhado de fotografias. A partir desses registros, o filósofo inicia uma fina interrogação sobre a memória do Holocausto e o potencial subversivo das imagens. O resultadoé uma reflexão ao mesmo tempo pessoal e coletiva, lírica e intelectual, que tem como complemento, neste volume, a entrevista inédita concedida a Ilana Feldman, “Alguns pedaços de película, alguns gestos políticos”.

“A casca não é menos verdadeira que o tronco. É inclusive pela casca que a árvore, se me atrevo a dizer, se exprime”.

 

Catálogo de Perdas

João Anzanello Carrascoza e Juliana M. Carrascoza

Catálogo de perdas se inspira no acervo do Museum of Broken Relationships (Zagreb, Croácia), que reúne em exposições temporárias relatos e objetos enviados por pessoas do mundo inteiro – símbolos catalisadores de suas relações “partidas”.

Apresenta narrativas diversas de perda escritas por João Anzanello Carrascoza e fotografadas por Juliana Monteiro Carrascoza. A sangrar em dois suportes – em ordem alfabética, mas podendo ser fruídas em qualquer sequência –, as histórias proporcionam uma dupla experiência estética. Este “catálogo” entrelaça, portanto, duas linhas de força: a escrita da palavra e a escrita da luz, o conto literário e a arte visual, a ficção e a fotografia. Uma coletânea sobre perdas definitivas, jamais esquecidas, mas que resulta inegavelmente num ganho humano para o leitor.


João Anzanello Carrascoza 🇧🇷 (1962-) é um escritor e professor universitário brasileiro, nascido em Cravinhos-SP. Estreou na literatura com seu livro Hotel Solidão (1994), depois publicou vários livros de contos, como Duas tardes (2002), Espinhos e alfinetes (2010), Amores mínimos (2011), O volume do silêncio (2006, ganhador do prêmio Jabuti) e Aquela água toda (2012, prêmio APCA).