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Diário da Prisão

Egon Schiele

Em 1912, preso ao 21 anos, Egon Schiele descreve nestes diários a sua agonia, refletindo sobre a condição do artista como criador eterno, sempre em colisão com o poder vigente. A tradução é de Rui Sousa e composição gráfica de Catarina Domingues, edição de março de 2024, da edições Sr Teste.

Desta tiragem a editora fez uma edição especial de 30 exemplares com 3 peças de um puzzle da pintura: “O meu caminho errante conduz aos abismos” dentro de envelope com frase. O puzzle está incompleto porque acompanha este diário: faltam peças à liberdade. Esta encontra-se fracturada. Teremos a coragem de criar as peças em falta?

Não me sinto punido, mas purificado.


Egon Schiele 🇦🇹 (1890-1918)  foi um pintor austríaco ligado ao movimento expressionista. Um protegido de Gustav Klimt, foi um pintor importante do início do século XX. Seu trabalho é célebre por sua intensidade e sua sexualidade crua, e pelos muitos autorretratos que produziu, incluindo autorretratos nus.

Girassol, de Schiele

Egon Schiele

SUNFLOWER
1908
44 × 33 cm
Niederösterreichisches Landesmuseum, St. Polten

Schiele nunca esteve interessado na replicação real da aparência em sua arte e isso é perceptível em suas sucessivas representações de girassóis. Schiele estaria muito familiarizado com este tema que, claro, já tinha sido muito explorado por Van Gogh, e esta é a primeira imagem conhecida nesta série em particular. É certamente derivado da tradição decorativa da Secessão, mas acrescenta algo pessoal e distinto. Todo o plano superior da tela é ocupado pela flor e, apesar da maturidade e da cor abundante, o girassol também está à beira da morte. Embora a flor e a presença das sementes sugiram juventude e energia, a implicação é que a vida segue a morte que, por sua vez, segue a vida novamente. O padrão da linha é bastante óbvio, pois as folhas sugerem um plano horizontal, enquanto o caule fornece a vertical. Isto torna-o um trabalho bastante juvenil, e não totalmente alcançado espacialmente, mas os temas que se tornariam predominantes na sua obra restante já estão muito em evidência, com foco nos ciclos de vida e morte e nas proporções distorcidas e inesperadas do próprio tema.


Egon Schiele 🇦🇹 (1890-1918)  foi um pintor austríaco ligado ao movimento expressionista. Um protegido de Gustav Klimt, foi um pintor importante do início do século XX. Seu trabalho é célebre por sua intensidade e sua sexualidade crua, e pelos muitos autorretratos que produziu, incluindo autorretratos nus.

perdi o mundo

Ingeborg Bachmann

Não te perdi a ti,
perdi o mundo.


In: Ingeborg Bachmann, in O Tempo Aprazado, trad. Judite Berkemeier e João Barrento, ed. Assírio & Alvim


Imagem: Un Mundo, Ángeles Santos, 1929, Valldolid, Museo Reina Sofía link


Ingeborg Bachmann 🇦🇹 (1926-1976) poeta, escritora e dramaturga austríaca. Estudou filosofia e direito. foi apaixonada por Paul Celan, morreu num incêndio em seu quarto de hotel aos 47 anos. Começa sua carreira no Grupo 47, movimento poético de vanguarda na República Federal Alemã que revelaria nomes como o de Günter Grass e dominaria as letras germânicas até sua dissolução em 1966. Ingeborg buscava uma renovação na linguagem. Sua poesia, elegante, mas com tons sombrios, mostra influência da Antiguidade clássica, do surrealismo e de escritores como Klopstock e Rainer Maria Rilke.