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Para Educar Crianças Feministas

Chimamanda Ngozi Adichie

Após o enorme sucesso de Sejamos todos feministas, Chimamanda Ngozi Adichie retoma o tema da igualdade de gêneros neste manifesto com quinze sugestões de como criar filhos dentro de uma perspectiva feminista. Escrito no formato de uma carta da autora a uma amiga que acaba de se tornar mãe de uma menina, Para educar crianças feministas traz conselhos simples e precisos de como oferecer uma formação igualitária a todas as crianças, o que se inicia pela justa distribuição de tarefas entre pais e mães. E é por isso que este breve manifesto pode ser lido igualmente por homens e mulheres, pais de meninas e meninos. Partindo de sua experiência pessoal para mostrar o longo caminho que ainda temos a percorrer, Adichie oferece uma leitura essencial para quem deseja preparar seus filhos para o mundo contemporâneo e contribuir para uma sociedade mais justa.

As alegrias da maternidade

Nnu Ego, filha de um grande líder africano, é enviada como esposa para um homem na capital da Nigéria. Determinada a realizar o sonho de ser mãe e, assim, tornar-se uma “mulher completa”, submete-se a condições de vida precárias e enfrenta praticamente sozinha a tarefa de educar e sustentar os filhos. Entre a lavoura e a cidade, entre as tradições dos igbos e a influência dos colonizadores, ela luta pela integridade da família e pela manutenção dos valores de seu povo.

“Deus, quando você irá criar uma mulher
que se sinta satisfeita com sua própria pessoa,
um ser humano pleno, não o apêndice de alguém?”

(desabafo de Nnu Ego, página 257)

Ela adorava escutar histórias contadas pelos mais velhos. E tanto insistiu com os pais, que eles acabaram concordando: Buchi Emecheta passou a frequentar uma escola para meninas, onde aprendeu as línguas nativas e o inglês — idioma escolhido por ela mais tarde, para a produção de seus trabalhos.

Buchi casou-se muito cedo; aos onze anos, já estava noiva do estudante Sylvester Onwordi e aos dezesseis, já estavam casados. Nasceram-lhes dois filhos e a família se mudou para Londres, onde Sylvester entrou para a faculdade. Não foi um relacionamento tranquilo; muito pelo contrário, Onwordi revelou-se um homem machista e violento. A futura autora esboçava seu trabalho de estreia e sofreu o desgosto de ver os originais que compunha completamente queimados.

Aos vinte e dois anos, ela conseguiu o divórcio, pois Sylvester não podia tolerar os sonhos da mulher, de estudar também numa faculdade e tornar-se uma autora. O ex-marido não reconheceu a paternidade sobre os filhos e Emecheta viu-se num país estranho, com cinco filhos para criar e sozinha. Foi à luta, criou os filhos, arranjou trabalho e em 1974 estava formada em sociologia.


Florence Onyebuchi Emecheta, (1944-2017) mais conhecida como Buchi Emecheta, é uma escritora nigeriana nascida em Lagos, antiga capital da Nigéria, e falecida em Londres. Como se pode depreender de sua bibliografia acima, foi uma autora bastante prolífica. Passou boa parte da sua infância na cidade de Ibuza, terra dos pais. Eles faziam questão de cultivar em Buchi e seu irmão mais velho as raízes da cultura igbo. Entre outras coisas, isto significava que o irmão poderia estudar, por ser menino, e Buchi, por ser menina, não. As mulheres não se pertencem, elas simplesmente passam das mãos masculinas do pai para as do marido e, mais tarde, para as mãos masculinas dos filhos.

O africano

Jean-Marie Gustave Le Clézio

O africano é o texto mais íntimo que Jean-Marie Gustave Le Clézio, ganhador do Prêmio Nobel de 2008, já escreveu. Em 1948, com o fim da guerra, ele embarcou com a mãe e o irmão para uma viagem que o levaria da pequena Nice, no sul da França, à Nigéria. Lá veria seu pai pela primeira vez, médico de campanha que a guerra e a ocupação haviam impedido de voltar à França. A narrativa une as emoções de pai e filho num curto e profundo relato sobre a herança que invariavelmente nos é transmitida, como afirma o próprio autor na primeira frase do livro: “Todo ser humano é um resultado de pai e mãe”.