Grande poeta brasileiro da atualidade, Ferreira Gullar apresenta neste livro, em textos manuscritos, uma reunião e seus poemas intitulada Bananas podres, acompanhados por uma série de pinturas e colagens inéditas feitas por ele especialmente para esta edição.

Neste livro encontramos cinco poemas longos chamados Bananas podres. Os dois primeiros são de 1980 e os três últimos de 2010. Ferreira Gullar os apresenta aqui manuscritos, com uma caligrafia muito peculiar, juntamente com colagens e pinturas produzidas por ele mesmo. Os poemas falam da infância de Gullar em São Luís, no Maranhão; dos fragmentos de memórias da quitanda de seu pai; da geografia da cidade; dos hábitos e costumes da época; das discussões e piadas dos fregueses que ouvia; dos ecos da história do Brasil (e da grande guerra que acontecia na Europa) reverberando no ambiente; enquanto bananas apodreciam no balcão, vagarosas. É um livro que se deixa ler com calma, que evoca as memórias do leitor. Ao mesmo tempo trata-se de um livro de arte. As colagens, os recortes de jornal, as pinturas de Gullar enfeixam os poemas.

“Embora já houvesse surgido antes a ideia de reunir os poemas sobre bananas podres num livro ilustrado, só recentemente fui levado a inventar este pequeno álbum. É verdade que, faz alguns anos, escrevi mais alguns poemas sobre o tema, mas o fator decisivo foi ter percebido que as folhas de jornal, que uso para limpar o pincel, lembravam, com suas manchas escuras, a cor das bananas quando começam a apodrecer”, explica o poeta.

O tema das bananas acompanha a produção poética de Gullar desde os anos de 1970 e está ainda presente em seu último livro de poesia, Em alguma parte alguma, recentemente premiado como o melhor do ano na categoria pelo Jabuti. A infância em São Luís, a família, a passagem do tempo, a desordem e a tentativa de reter sensações estão presentes nesses poemas que refletem o melhor da poesia de Ferreira Gullar e suas próprias interpretações visuais sobre sua vida e expressão.

“Bananas podres”, Ferreira Gullar, Rio de Janeiro: editora Casa da Palavra, 1a. edição (2011) brochura 25x23cm, 64 pág. [edição original: Bananas podres, Bananas podres II (Na vertigem do dia, editora José Olympio, 1980), Bananas podres III, IV e V (Em alguma parte alguma, editora José Olympio, 2010)]