Em Garota encontra garoto, a escritora escocesa Ali Smith atualiza o antigo mito de Ifis. Transportada para a Escócia e a Inglaterra dos dias de hoje, a história da bela jovem cretense criada pela mãe como menino e transformada milagrosamente em homem às vésperas do casamento foi contada por Ovídio nas Metamorfoses . As peripécias de Ifis remetem à liberdade do desejo e à universalidade do amor, idéias que fundamentam a trama deste romance.

O livro é uma releitura da história de Ífis e Iante, de Ovídio em Metamorfosis, o que esclarece os apelidos com que Anthea e Robin assinam suas pichações/protestos.

As três questões centrais do livro (gênero/descoberta da sexualidade; capitalismo selvagem e desmedido e injustiça contra mulheres) são bastante interessantes.

“Ífis nasceu menina, mas foi criada como menino pela mãe para não desagradar o marido, que queria um filho varão. Ífis acaba se apaixonando por outra garota, Iante, e o pai decide casar “o filho” com a moça, mas a mãe de Ífis, devota de Ísis (uma deusa egípcia), é atendida em suas súplicas e a deusa transforma a filha num rapaz, podendo casá-la com Iante.”