Livro de 2016, construído de fragmentos poéticos curtos e muitas vezes apresentados como epigramas ou aforismos, onde a frase lapidar é usada como elemento construtivo básico, este é um romance elaborado com a atenção minuciosa de quem esculpe ou pratica ourivesaria, um romance sobre o fim da vida, pedra bruta aqui usada para construção desse texto preciso e precioso. Evandro Affonso Ferreira mostra um painel sombrio da proximidade da morte. Constrói um vitral formado por cacos da existência do narrador, que filtram o olhar e são trespassados por observações de um personagem poderoso que, mesmo no crepúsculo pessoal, cultiva a necessidade humana de compartilhar – ainda que seja o próprio fim.


Evandro Affonso Ferreira 🇧🇷 (1949-) nascido em Araxá, Minas Gerais, mas radicado em São Paulo há 40 anos, surgiu na literatura em 2000 – apresentado por José Paulo Paes. Participou de uma coletânea de contos em Portugal (Editora Cotovia) organizada por Alcir Pécora. Tem publicado: Grogotó!, Minha mãe se matou sem dizer adeus, Os piores dias de minha vida foram todos, Rei Revés,  Araã!, Erefuê, Zaratempô! e Catrâmbias! (Editora 34), entre outros.