Uma mulher na casa dos cinquenta envolve-se com um homem quase trinta anos mais novo. Essa relação a faz regressar a uma cidade do seu passado e ali, entre o entusiasmo do enamoramento, com os seus jogos de sedução e prazer, e os estigmas gerados pela diferença de idades e de posições sociais, é levada a refletir sobre a moça “escandalosa” que foi, menina da província, de um meio que já não é o seu e que agora, com estranheza, reconhece no outro. Publicado em 2022, meses antes de ser distinguida com o Nobel de Literatura, O Jovem é um texto-chave na obra de Annie Ernaux, uma pequena joia finamente cinzelada sobre o tempo e a escrita.

Com ele, percorria todas as épocas da vida, da minha vida.


Annie Ernaux 🇫🇷 (1940–) nasceu em Lillebonne, na Normandia, e estudou nas universidades de Rouen e de Bordéus, Letras. Uma das vozes atuais mais importantes da literatura francesa, destaca-se por uma escrita onde se fundem autobiografia e sociologia, memória e história. Prémio de Língua Francesa (2008), o Marguerite Yourcenar (2017), o Formentor de las Letras (2019) e o Prince Pierre do Mónaco (2021) , destacam-se os seus livros Um Lugar ao Sol (1984) e Os Anos (2008), vencedor do Prémio Marguerite Duras e finalista do Prémio Man Booker Internacional. Em 2022 venceu o Prêmio Nobel de Literatura.