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Roteiro Poético por Coimbra

Vamos percorrer alguns locais, no encalço de poetas portugueses que, vivendo, estudando ou apenas visitando Coimbra, dedicaram alguns poemas à cidade. Faremos, portanto, um roteiro poético por Coimbra. Iniciaremos o itinerário nos Arcos do Jardim Botânico e, parando em alguns pontos previamente combinados, vamos seguir até o Largo da Portagem. Em cada paragem, um ou outro poema relacionado ao local poderá ser apreciado. Ao final, passaremos a conhecer melhor a cidade e também alguns poetas portugueses, com a certeza que Coimbra inspira muitas palavras bonitas. Naturalmente, esta jornada poética coimbrinha é um excelente pretexto para ler poesia e turistar ao mesmo tempo. Vamos?

O itinerário foi feito a partir da coletânea EnCantada Coimbra, organizada por Adosinda Providência Torgal e Madalena Torgal Ferreira. Parte dos poemas vieram daí. A outra parte adveio de pesquisas na internet. A seleção, a ordenação e os grifos são meus.


Lista de Poetas do Roteiro Poético por Coimbra:

  1. Moirika Reker Gilberto Reis – poema-instalação –
  2. Manuel Alegre Arcos do Jardim | Torre de Anto
  3. Alberto de Oliveira Pelo Jardim Botânico… | Entrada nas aulas
  4. António Nobre
  5. Manuel Silva-Terra –
  6. David Mourão-Ferreira –
  7. D. Dinis –
  8. Vitorino NemésioCantigas de Coimbra
  9. António de Sousa –
  10. Eugénio de Castro –
  11. Mário Saa Ali à Sé Velha
  12. Vasco Pereira da Costa Largo da Portagem
  13. Miguel Torga – Portugal

1 – ogivas de melancolia no aqueduto

O ponto de partida do nosso roteiro é o Aqueduto São Sebastião, popularmente conhecido como Arcos do Jardim, dada a sua localização contígua. Mandado construir em 1570 pelo rei D. Sebastião para abastecer de água a Alta da cidade, o aqueduto aproveita o traçado de um precedente romano. O primeiro arco, chamado “arco de honra” difere dos demais, pois é rematado por uma cornija, na qual vemos o escudo de Portugal. Depois temos um detalhe baldaquino, assente sobre colunelos dóricos e coroado por cúpula e lanternim. A cada lado dos arcos vemos nichos com as imagens de São Sebastião e São Roque. Tantos detalhes não roubam o charme do jardim, que costuma estar sempre à risca. Na rotunda de acesso, podemos ler nos muros dos arcos um poema-instalação de Moirika Reker Gilberto Reis, que foi parte da Bienal de 2015. A natureza e a intervenção do homem ocupa um papel central na sua reflexão.

 

“Escutai!
Um vento morreu.
Não vos dais conta?
Somos jardineiros e não flores.”


Arcos do Jardim

de Manuel Alegre


Todos os dias sob os Arcos do Jardim
Todos os dias eu passava e nunca via
Senão arcos e arcos entre o não e o sim
Senão arcos e ogivas de melancolia.
Eram arcos no ritmo e na palavra
Por dentro da sintaxe e em cada imagem.
Todos os dias sob os Arcos eu passava
Todos os dias para a outra margem.
Eram arcos na rima e não havia
Senão arcos e grades e arquitraves.
Mas eu passava sob os Arcos e partia
Todos os dias eu partia com as aves.

 

Manuel Alegre 🇵🇹 (1936-) nasceu em Águeda. Estudou Direito na Universidade de Coimbra, tendo-se distinguido na oposição ao Estado Novo, vivendo exilado em Paris e na Argélia. Após o 25 de abril, regressou a Portugal, militando no PS, distinguindo-se em diversos momentos da vida política. Foi candidato à Presidência da República em 2006. A sua obra é extensa e traduzida em várias línguas.

2 – balouço do Seminário Maior

Bem corretinhos, vamos visitar rapidamente o balouço do Seminário maior para apreciar um poeta ligeiro que muito gosto faria de ver sua obra tratada em solo tal. De presente, ganhamos uma vista maravilhosa e uma venda poética bastante individual, que traz para o nosso roteiro um tom um bocadinho introspectivo, ainda que estejamos juntos nessa caminhada…

 

 

 

E tu baloiças pelos olhos dentro
Inundando de paisagens a ceguez

Daniel Faria 🇵🇹 (1971-1999) precocemente falecido aos 28 anos de idade, quando estava prestes a concluir o noviciado no Mosteiro Beneditino de Singeverga.

3 – toutinegras do Jardim Botânico

Partamos então como aves para este espaço verde, que é um dos favoritos da cidade. Com sua larga Alameda das Tílias a convidar a um demorado passeio pela Estufa Grande e pelo Fontanário. Se nos apetecer podemos esticar o passeio de contato com a natureza, para explorar a Mata do Jardim Botânico. No meio do bambuzal, encontra-se a singela capela de São Bento. E talvez seja possível descobrirmos afinal o que vêm a ser as toutinegras, pois o jardim frequentemente recebe estudantes e pássaros, ambos de espécimes cançonetistas.

Pelo Jardim Botânico…

de Alberto de Oliveira

Pelo Jardim Botânico, à tardinha…
É a hora ritual do sol poente,
Quando as tílias rescendem docemente
Na avenida cismática e sozinha.
Quisera ver raiar na minha frente
Alguma namorada Teresinha,
Cruzar no dela o meu olhar ardente,
Ter enlaçada na sua mão a minha.
Amam em cada ninho as toutinegras,
Chamejam, ao passar, as capas negras,
Como se a luz do amor as penetrara…
Tange um sino suave no convento…
E o sol exausto, em seu ocaso lento,
Acaba de morrer em Santa Clara.

Porta-Férrea da Universidade

E por falar em música, vamos estudar melhor a melodia da cidade. Todas as notas nos levam à Universidade, pois não? Nem sempre, mas neste caso, de certo que sim. Mas antes de entrarmos pela porta principal, a Porta-Férrea, como bons alunos que somos, vamos ainda seguir o trajeto que muita história nos conta. Sejamos boas ovelhas ou anhos, assim como o poeta deste ponto sugere que são os estudantes daqui.

Entrada nas aulas

de Alberto de Oliveira

Porta-Férrea! Gerais! Via Latina!

Nomes que só dizê-los é bastante
Para voltar ao tempo de estudante
E trajar outra vez capa e batina!

Do claustro dos Gerais a poeira fina,
Que as capas enfarinha, é semelhante
À que mais tarde, pela vida adiante,
Será neve das cãs na fronte em ruína…

À porta da aula, limiar do aprisco,
Por nós espera, gótico ou mourisco?
Pedro Penedo, o mítico Doutor.

E cada qual de nós, ovelha ou anho,
Acode pressuroso ao seu rebanho,
Chamado pela vara do pastor.

Alberto de Oliveira 🇵🇹 (1873-1940) foi um poeta português nascido no Porto, frequentou a Universidade de Coimbra, onde conheceu António Nobre e Eugénio de Castro. Das polêmicas literárias desses tempos, nasceram os movimentos simbolista e decadentista. Palavras Loucas é a sua obra mais conhecida. É considerado o fundador do neogarrettismo, defendendo, sob a inspiração literária de Almeida Garrett, o nacionalismo e a recuperação da literatura popular, bem como o abandono de modelos culturais estrangeiros.

Escadas Monumentais

Seguindo pela Rua Larga, encontramos a estátua do rei D. Dinis, fundador da Universitas Conimbrigensis, olhando do alto das Escadas Monumentais da Universidade. Logo à direita, o Museu de História Natural antecede o Aqueduto São Sebastião,

Coimbra
de Manuel Silva-Terra

Às 9h da manhã, um homem
Subia as escadas monumentais com uma
Borboleta poisada no ombro.
Nunca vi ciência mais exata.

 

 

Manuel Silva-Terra 🇵🇹 (1955-) nasceu em Orvalho, localidade do concelho de Oleiros. Estudou Filosofia na Universidade de Coimbra. Destacou-se como poeta e editor da Editora Licorne. Fragmentos, Campos Magnéticos, Condomínio, ou Lira, o seu último livro, são algumas das suas obras. Reside em Évora onde é professor do ensino secundário.

Polo I – Estátua do Dom Dinis

Fala Apócrifa de Dom Dinis
de David Mourão-Ferreira

Toda a vida cantei.
(Ou foi pedir socorro?)

Jogral,
Em meu pinhal,

O próprio vento canta.
Mas sei, enfim, que morro
Desta fome que é ter
Por mulher
Uma Santa.

Jogral,
em meu pinhal,
já só o vento canta.


David Mourão-Ferreira 🇵🇹 (1926-1996) Nasceu em Lisboa. Licenciado pela Universidade de Lisboa, onde foi professor catedrático, foi Secretário de Estado da Cultura e diretor do jornal A Capital, já desativado. Foi um dos responsáveis pelas bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi ensaísta, romancista, poeta, crítico literário e tradutor. Vencedor de vários prêmios literários, de entre a poesia destacam-se: A Secreta Viagem, Do Tempo ao Coração», Cancioneiro do Natal, Matura Idade e Ode à Música.

 

(Ai flores, ai flores do verde pinho)
de Dom Dinis

Ai, flores, ai, flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi à jurado?

Vós me preguntades polo vosso amigo?
E eu ben vos digo que é sano e vivo.

Vós me preguntades polo vosso amado?
E eu ben vos digo que é vivo e sano.

E eu ben vos digo que é sano e vivo
e seerá vosco ante o prazo saido.

E eu ben vos digo que é vivo e sano
e seerá vosco ante o prazo passado.
Ai, Deus, e u é?

D. Dinis 🇵🇹 (1261-1325) Nada menos que o 6º rei de Portugal, filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela, nasceu a 9 de outubro de 1261 e faleceu em 1325. Aclamado em 1279, foi um dos mais longos reinados da história de Portugal. Deu um grande impulso à cultura, tornando oficial o uso da língua portuguesa, e fundando em Lisboa, em 1290, um Estudo Geral. Mandou traduzir importantes obras e foi, ele próprio, um destacado poeta.

 

Rio Mondego

Todas as tardes, vou Léman acima
 de António Nobre

Todas as tardes, vou Léman acima
(E leve o tempo passa nessas tardes)
A pensar em Coimbra. Que saudades!
Diogo Bernardes deste meigo Lima.

Na solidão, pensar em ti, anima,
Oh Coimbra sem par, flor das Cidades!
Os rapazes tão bons nessas idades
(Antes que a vida ponha a mão em cima)

Alegres cantam nos teus arrabaldes.
Por mais que tire vêm cheios os baldes,
Mar de recordações, poço sem fundo!

Freirinhas de Tentúgal, passos lentos!
E o chá com bolos, dentro dos conventos!
Meu Deus! meu Deus! E eu sempre a errar no Mundo!

Torre de Anto

Torre de Anto
de Manuel Alegre

Uma torre constrói-se com palavras
com lembranças com vírgulas
com desastres
como um corpo despido devagar
como vida virada do avesso
poisada sobre o vento e sobre a chuva
uma torre constrói-se com mãos nuas
uma torre com versos hemoptises
e com tudo o que fica depois
de tudo:
as cartas os retratos restos
pó.
Uma torre com duas letras
só.

Arco de Almedina

 

Arco de Almedina
de Manuel Alegre

Sob o Arco de Almedina entre o ditongo e o til
lá onde cheira a nardo e a jasmim
no interior dos pátios entre a cedilha e o trema
do outro lado da língua onde de súbito
o poema.

Sob o Arco da Almedina sob o Arco
entre azulejo e álgebra
lá onde mora aquela que não vem
sob o Arco de Almedina onde de súbito
ninguém.

Sol e sombra no canto e no silêncio
sob o Arco de Almedina onde o alaúde
canta um amor perdido entre o salgueiro e o barco.
Sob o Arco de Almedina. Sob
o Arco.

 

 

 

Cantigas de Coimbra

Rio que corres tão fundo,
Erva e choupos corcovados,
Nem toda a água do mundo
Faz os meus versos lavados!

Coimbra, minha madrinha!
Mondego, meu coração!
Ó Alta, a noiva que eu tinha
Morreu e pura paixão!

O meu amor que é Letrado,
Mandou-me dizer a mim
Que não me quer (desalmado!)
Com proclames em latim!

O meu bem anda em Direito
Aprende para juiz:
Mostra que guarda preceito
Nas sentenças que me diz.

O meu amor é estudante,
Caloiro de Medicina:
Já me opera o coração
Com sua lanceta fina.

O meu amor é estudante,
Vai-se formar em Ciências:
Não quero que se adiante,
Que as fitas medem ausências.

Amor que não quer sarar
Passa com panos de arnica:
Por isso eu quero casar
Com quem me ponha botica.

Já me formei em amores,
Tomo capelo em saudades:
Deitei fitinha de cores
Pelas cinco Faculdades.

As tricanas são da Alta,
Os futricas de Sansão,
O Mondego deu à malta
Um choupo por coração.


António de Sousa 🇵🇹 (1898-1981) Nascido na cidade do Porto, licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, colaborou em diversas revistas literárias. A sua poesia revela influência de António Nobre. Trabalhos mais importantes: Caminhos, Sete Luas, O Náufrago Perfeito, Jangada, Livro de Bordo, Linha de Terra, Terra ao Mar.

 

 

Trovas de Coimbra

Meu destino de estudante,
que hei de ser por toda a vida,
foi ir passando adiante
duma Coimbra perdida.

Fui às aulas nos Gerais
– a Cabra a chamar por mim. –
Lá me formei por demais,
mas só Deus sabe o meu fim.

Minha Coimbra, quem prova
como eu provei teu sabor?
António da Lua Nova,
menino do teu amor.

Só tu, meu Anto moreno,
Lá da Torre a vigiar
Se o luar voga sereno,
Se já passou o luar.

Coimbra – Santa Isabel,
como tu, linda e doente!
De manhã – favo de mel;
cravo roxo ao sol poente.

Ó Coimbra do Mondego
e dos amores que lá tive!
Quem te não viu anda cego;
quem te não ama, não vive.

Do Choupal até à Lapa
foi Coimbra os meus amores.
A sombra da minha capa
deu no chão, abriu em flores.

 

Palácios Confusos

Na minha doce Coimbra, a sul virado,
Dominando o Mondego e os seus salgueiros,
Há um bairro de humildes pardieiros,
Que Palácios Confusos é chamado.

Tão belo nome evoca no passado
Rica chusma de paços altaneiros
Com torres, grimpas, varandins ligeiros
E flâmulas a arder no céu lavado.

O tempo voador, que tudo come,
De tais riquezas só poupou o nome;
Tudo ali hoje é pobre, velho e estreito,

Sem um vislumbre do esplendor extinto!
Ó Palácios Confusos, também sinto
Uns palácios confusos no meu peito!

 

Epígrafe

Murmúrio de água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio de areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre…

Homem, que fazes tu? Para quê tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som de água ou de bronze e uma sombra que passa…

 

 

Eugénio de Castro 🇵🇹 (1869 -1944). Nasceu e morreu em Coimbra. Licenciado na Faculdade de Letras, foi seu professor e diretor. Considerado o fundador do Simbolismo na literatura portuguesa, polemizou com António Nobre e Alberto de Oliveira. Oaristos é o seu livro mais famoso. A casa onde nasceu o poeta fica na rua Ferreira Borges.

Sé Velha

Ali à Sé Velha
de Mário Saa

Bocas e violas, num rojar de rondas,
Timbram de outrora o luar duma cantiga;
Mulheres formosas da cidade antiga
Estendem-se mortas, rígidas de lua!

Ergue-se a abóbada da arcaria às ondas,
Tangem violas os chorões da rua;
É a hora em que a saudade se insinua
Como um vislumbre num canal de gôndolas.

Amainaram as violas, na noite alta.
Quem assobia assobiadelas de ópera.
Quem passa, agora, nos desvãos da rua?…

Vão-se apagando as luzes da ribalta,
Sobre o pano de boca o vento sopra,
Pintada e trémula a Catedral flutua…

Mário Saa 🇵🇹  (1893-1971) Nasceu em Caldas da Rainha, vindo a falecer em Avis, no Alentejo, de onde era originária a sua família. Foi onde viveu a maior parte da sua vida, numa grande propriedade familiar. Frequentou vários cursos que nunca concluiu, desenvolvendo a sua atividade cultural em muitos domínios, desde a arqueologia à poesia. O anti-semitismo é uma das facetas menos divulgadas do seu pensamento. Como poeta, frequentou as principais tertúlias do seu tempo, publicando nas revistas mais famosas, entre elas a Presença.


 

Largo da Portagem

O poema pode ser lido em frente ao local onde o poeta Miguel Torga mantinha o seu consultório médico, no Largo da Portagem.


Largo da Portagem,
de Vasco Pereira da Costa

Desperta o rio
Ao lado da cidade quieta

Esvai-se a noite em amor
Em quimera e desafio
Numa balada do Zeca

Uma vela de sol moço
Acorda
E repõe o alvoroço
Na barca da rebeldia

Trás da janela do Torga
Portugal parte à poesia.

Vasco Pereira da Costa 🇵🇹 Natural de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, e vive em Coimbra desde 1966, onde se licenciou na Faculdade de Letras em Filologia Românica. Publicou Nas Escadas do Império, Amanhece a Cidade, Venho cá mandado do Senhor Espírito Santo, Memória Breve, Riscos de Marear, Sobre-Ripas/Sobre-Rimas, Terras e My Californian Friends. Em 1984, recebeu o Prémio Literário Miguel Torga.

 


Portugal
de Miguel Torga

Avivo no teu rosto o rosto que me deste,
E torno mais real o rosto que te dou.
Mostro aos olhos que não te desfigura
Quem te desfigurou.
Criatura da tua criatura,
Serás sempre o que sou.

E eu sou a liberdade dum perfil
Desenhado no mar.
Ondulo e permaneço.
Cavo, remo, imagino,
E descubro na bruma o meu destino
Que de antemão conheço:

Teimoso aventureiro da ilusão,
Surdo às razões do tempo e da fortuna,
Achar sem nunca achar o que procuro,
Exilado
Na gávea do futuro,
Mais alta ainda do que no passado.

 

Miguel Torga é pseudônimo de Adolfo Correia Rocha 🇵🇹 (1907-1995) Nasceu em S. Martinho de Anta, viveu no Brasil durante a infância, vindo a licenciar-se em Medicina, em Coimbra, onde passou a viver. Foi autor de peças dramáticas e ficcionista, além de poeta.  Estreou-se com Ansiedades, destacando-se no domínio da poesia com Orfeu Rebelde, Cântico do Homem, bem como através de muitos poemas dispersos pelos dezasseis volumes do seu Diário. Recebeu o Prémio Camões em 1989 e o prêmio Vida Literária (atribuído pela Associação Portuguesa de Escritores) em 1992.


Chegam e logo partem,
de José Ribeiro Ferreira

Um dia os vê chegar, no outro partem.
Povoam-nos a vida de sonhos ano a ano
E a luz conforta os olhos.

Algo de nós se vai, ou nos fica deles parte?

Sobre cada um o silêncio cai fecundo
E sem espera a partida erma nossos passos.

Dos sonhos que trouxeram crescem sonhos?
Dentro de alma livre voa o pensamento?
Alongue-se o tempo,
Esfumem-se as imagens,
Diluam-se as palavras…

Não é ermo,
Não limita o silêncio que se cria.

José Ribeiro Ferreira 🇵🇹 ( ) Nascido em Santo Tirso, é professor catedrático jubilado na Faculdade de Letras de Coimbra. Tem mais de uma centena e meia de trabalhos publicados – entre livros, artigos em revistas e enciclopédias. No domínio da poesia é autor de Ulisses sem Feaces, Os Olhos no Presente, Pesa o Momento a Eternidade, Telhas de Outro Alpendre, A Outra Face do Labirinto.

 

 


 Onde Comer em Coimbra

Confira o post onde comer em Coimbra com sugestões de restaurantes, cafés e tascas perfeitas para saborear as delícias da cidade. Veja ainda o post especial sobre a doçaria conventual. Veja também o post Coimbra, a cidade dos estudantes para conhecer alguns pontos turísticos da cidade. E há ainda uma lista completa dos autores portugueses cujos trabalhos foram marcados ou estudados neste site.


Autoria

Julia Medrado (1985–), paulistana, atualmente vive em Portugal, é tradutora, publicista e mestre em Literatura e Crítica Literária. Graduada em Letras pela PUC-SP, é também especialista em Gestão de Projetos Digitais pelo SENAC. Presta serviços junto a redatores, revisores e tradutores; em 2010 criou a Tradstar e, desde então, se divide entre projetos, alguns literários e absolutamente pessoais, como este site que leva seu nome.

   

 

O que ver em Coimbra

🇵🇹 Portugal

Coimbra foi peça-chave da monarquia, tendo sido a segunda capital de Portugal entre 1139 e 1255. A cidade fica em uma colina, às margens do belo rio Mondego e é conhecida mundialmente por sua academia, a Universidade de Coimbra, umas das primeiras da Europa. Coimbra é chamada de “cidade dos estudantes” e, se for período letivo, é possível ver os capas negra a circular pelas ruas. Dividida entre a parte alta e a baixa medieval, é preciso ter perna forte para percorrer suas ladeiras. O tom nostálgico da guitarra portuguesa e a voz embargada podem ser ouvidas nas serenatas noturnas. O fado de Coimbra é diferente e rende, no mínimo, um bate e volta do Porto ou de Lisboa. E vamos a mais porquês.

Lista

  1. Largo da Portagem
  2. Universidade de Coimbra
  3. Biblioteca Joanina
  4. Aqueduto de São Sebastião
  5. Nova Sé de Coimbra
  6. Sé Velha de Coimbra
  7. Convento São Francisco
  8. Museu Nacional Machado de Castro
  9. Fado de Coimbra
  10. Doçaria Conventual de Coimbra
  11. Claustro da Manga
  12. Praça do Comércio
  13. Mosteiro de Santa Cruz
  14. Seminário Maior de Coimbra
  15. Parque Verde / Choupalinho
  16. Mata Nacional do Choupal
  17. Jardim da Sereia
  18. Portugal dos Pequenitos
  19. Mosteiro de Santa Clara-a-Velha
  20. Convento de Santa Clara-a-Nova
  21.  Miradouro do Vale do Inferno
  22. Jardim Botânico
  23. Penedo da Saudade
  24. Quinta das Lágrimas
  25. A Lenda de Pedro e Inês

Largo da Portagem

Largo da Portagem

Quase todos os passeios começam sob a estátua de Joaquim António de Aguiar, antigo primeiro-ministro. Situado no perímetro do centro histórico, com visibilidade para a Ponte de Santa Clara e para o rio Mondego, o largo é movimentado. Seu nome está ligado ao fato de antigamente se cobrar ali impostos sobre as mercadorias vindas do sul. Neste largo estão símbolos arquitetônicos da cidade: o Hotel Astória construído em 1926 e o Banco de Portugal, ambos de Adães Bermudes.


Paço das Escolas

Universidade de Coimbra

A Universidade de Coimbra foi fundada por D. Dinis em 1290, sendo uma das mais antigas de toda a Europa. Localizada na parte alta da cidade, antigamente fortificada pela ocupação dos mouros. A visita clássica é ao Paço das Escolas, que inclui a belíssima Biblioteca Joanina, a Capela São Miguel e outros monumentos, como a Torre da Universidade, de onde se tem uma vista panorâmica da cidade.


Biblioteca Joanina

Biblioteca Joanina

Fundada no século XVIII e situada no Paço das Escolas da Universidade de Coimbra, no pátio da Faculdade de Direito. Apresenta um estilo marcadamente barroco, sendo reconhecida com uma das mais originais e espectaculares bibliotecas europeias. Além de local de pesquisa, o espaço é ainda frequentemente utilizado para concertos, exposições e outros eventos culturais. Em 2013 o jornal britânico The Telegraph, considerou a Biblioteca Joanina como “a mais espectacular do mundo“. Devido à forte necessidade de preservação, em 2014  entrou para a lista bienal do World Monuments Watch. Reúne cerca de 70 mil volumes, a maior parte no andar nobre.


Aqueduto São Sebastião

Aqueduto de São Sebastião

Seguindo pela Rua Larga, encontramos a estátua do rei D. Dinis, fundador da Universitas Conimbrigensis, olhando do alto das Escadas Monumentais da Universidade. Logo à direita, o Museu de História Natural antecede o Aqueduto São Sebastião, popularmente conhecido como Arcos do Jardim, dada a sua localização contígua ao Jardim Botânico da Universidade de Coimbra. Mandado construir em 1570 pelo rei D. Sebastião para abastecer de água a Alta da cidade, o aqueduto aproveita o traçado de um precedente romano. O primeiro arco, o “arco de honra”, é rematado por uma cornija, na qual vemos o escudo de Portugal. Depois temos um detalhe baldaquino, assente sobre colunelos dóricos e coroado por cúpula e lanternim. A cada lado dos arcos vemos nichos com as imagens de São Sebastião e São Roque. Tantos detalhes não roubam o charme do jardim, que costuma estar sempre à risca.


Nova Sé de Coimbra

Nova Sé de Coimbra

A Nova Sé de Coimbra fica no Largo da Feira e é a sede da Diocese de Coimbra. Fica perto da Universidade de Coimbra, e em 1541 foi a Igreja do Colégio dos Jesuítas, quando eles se instalaram em Coimbra, nesse ano. Sua arquitetura foi influenciada pelo Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.

Sé Velha de Coimbra

Sé Velha de Coimbra

De linhas austeras e defensivas, um tipo  “catedral fortaleza”, a Sé Velha de Coimbra está cravada a meia encosta das ladeiras que ligam a baixa a alta da cidade. De estilo românico, data do séc. XII (c.1184) e é chamada de a “catedral mais portuguesa de Portugal“. Quem conhece a Sé de Lisboa poderá ter um déjà vu. A construção de ambas foi realizada em simultâneo, a mando do Rei Afonso Henriques. Atente à Porta Especiosa, de estética renascentista. No exterior vê-se a inscrição, em árabe: “Um dia a minha mão perecerá mas fica a marca da minha amargura“. No interior da igreja, as conchas tridácmas da Indonésia, os túmulos medievais, as pinturas barrocas e os azulejos sevilhanos “mudéjar” quinhentistas são preciosidades. Ao lado, há ainda o Claustro Gótico, construído já no séc. XIII, (c.1218). Na parte superior, já demolida, existiu um scriptorium, onde trabalhavam os monges copistas.

fachada e escadaria do Convento São Francisco

Convento São Francisco

O Convento São Francisco constitui-se como um espaço multifuncional, que conjuga a economia, a cultura, o conhecimento e a inovação ao serviço do desenvolvimento da cidade de Coimbra, da região e do país. Como Centro Cultural, corresponde ao âmbito de apoio à criação, através de residências artísticas, e da promoção de uma programação cultural de excelência que contribui para a afirmação cultural da cidade. O programa orienta-se também para a complementaridade da oferta cultural existente na região, e organiza a programação maioritariamente segundo dinâmicas de Festivais / eventos âncora e ciclos temáticos promovendo uma métrica de programação regular, com diferentes intensidades. Há o Café Concerto com uma linda vista da cidade e uma impressionante carta de chás.

Fachada do Museu Nacional Machado de Castro

Museu Nacional Machado de Castro

Museu centenário com um riquíssimo acervo de arte sacra, e cujas profundezas guardam as galerias do criptopórtico da Aeminium da era romana. Há exposições fixas e temporárias, com peças esculturais, pinturas, ouriversaria, tapeçaria, mobiliário e objetos. No espaço ainda encontramos o café e restaurante Loggia, com uma bela vista dos fundos da Sé Velha, da Torre, rio Mondego e parte da cidade. Ideal para um brunch aos domingos.

Fado de Coimbra

Fado de Coimbra

Totalmente distinto do Fado de Lisboa, o Fado de Coimbra é um fado de serenata. Pauta-se por uma sonoridade mais lânguida por causa da nota abaixo a que a guitarra de Coimbra é afinada, um timbre mais soturno pois deve ser interpretado só pela voz masculina, e sempre com a temática da saudade e do amor, pela mulher, pela cidade, pela Universidade. Mais uma particularidade se lhe junta à identidade distinta: é tido como o mais erudito, ainda que nunca negando as influências populares, pois muitos dos grandes fados de Coimbra são poemas de alguns dos mais ilustres poetas portugueses que estudaram em Coimbra.


Doçaria Conventual de Coimbra

Doçaria Conventual de Coimbra

Do fado passamos às freiras. Mas o que tem uma coisa a ver com a outra? É que os estudantes de capa negra até às freiras cantavam serenatas. Essas “Tardes dos Outeiros” ou “Abadessadas” como ficaram conhecidos os recitais poéticos noturnos, eram o elo entre a universidade e a vida conventual: os rapazes traziam música e poesia e as freiras retribuíam com… Doces, obviamente! Qual o rapaz que iria recusar uma Maminha de Freira, uma Barriga de Freira, uma Encharcada, uma Arrufada ou uma Cavaca Alta? Post especial sobre a doçaria conventual de Coimbra.


Claustro da Manga

A reconstrução do lanço Norte dos edifícios do Mosteiro de Santa Cruz, no âmbito das reformas manuelina e joanina, permitiu que um segundo claustro nascesse: o Claustro da Manga, também designado por Claustra Terceira ou Claustro da Enfermaria. Este claustro é uma das primeiras obras arquitetônicas inteiramente renascentistas feitas em Portugal, obra de João de Ruão que desenha o conjunto da fonte e dos quatro relevos para os cubelos da fonte central, evocativa da Fonte da Vida. O Claustro da Manga foi entregue à Câmara Municipal em 1839 e desde essa altura tem recebido diversas intervenções de restauro e conservação.


Praça do Comércio

Praça do Comércio

Não sem antes atentarmos à Igreja de São Tiago, outra das igrejas românicas conimbricenses. A dita praça foi durante séculos o centro da vida comercial e social de Coimbra. O principal mercado da cidade tinha aqui lugar, e nela ainda se encontra o Pelourinho de Coimbra, o edifício do antigo Hospital Real e, a fechar a praça, a Igreja de São Bartolomeu. Apesar da zona estar um pouco degradada, o comércio tradicional resiste. Atente aos números 4 e 6 da Rua Sargento Mor, a Casa Medieval – um dos raríssimos exemplares das casas típicas dos bairros comerciais das grandes cidades portuguesas dos finais do século XV e início do XVI.


Mosteiro de Santa Cruz

Fica na Igreja de Santa Cruz, na baixa medieval e chama a atenção entre as ruelas. Fundado em 1131 por padres da ordem dos Cónegos Regulares de Santo Agostinho e fazia parte de uma poderosa ordem religiosa de Coimbra. O estatuto de Panteão Nacional, sem prejuízo da prática do culto religioso, foi reconhecido ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra em Agosto de 2003, pela presença tumular dos dois primeiros reis de Portugal, D. Afonso Henriques e D. Sancho I. O Mosteiro era masculino. Entre 1530 e 1577 funcionou uma oficina de tipografia no claustro. É possível que o poeta Luís de Camões tenha estudado em Santa Cruz, uma vez que um parente seu, D. Bento de Camões, foi prior do mosteiro à época, e que há evidências, em sua poesia, de uma estadia em Coimbra, santa.

Seminário Maior de Coimbra

Destacam-se aqui a igreja da Sagrada Família, com a sua cúpula, considerada uma das mais bonitas do país; a capela-relicário de S. Miguel; a Biblioteca Velha, com mais de 9 mil livros de entre os anos de 1507 e 1800; os aposentos episcopais; a sala dos azulejos; e a Varanda do Mondego, que conta com uma magnífica vista sobre a cidade. Inclusive há ali um baloiço que rende fotos especiais. São de salientar uma xilogravura de Monsenhor Nunes Pereira, uma tela do Grão Vasco e o órgão ibérico de tubos do século XVIII, construído em 1762, com 1500 tubos.

Pontinha do Parque Verde

Parque Verde / Choupalinho

Daqui descemos ao Mondego, passando pelo Parque do Choupalinho, para atravessarmos a Ponte de Pedro e Inês, uma ponte pedonal que homenageia os amantes, mas vai ser a grande revelação da razão porque tantos, estudantes ou não, se apaixonam pela cidade. E ao vê-la insinuante e ondeante no topo do monte, dourada pelo sol poente, vai perceber tudo.


Choupal, o pulmão de Coimbra

Mata Nacional do Choupal

Tantas vezes cantada por poetas que ali encontraram um frondoso retiro. A sua origem está ligada às ações para atenuar os efeitos do assoreamento do rio Mondego. O Choupal foi afinal plantado, tendo como primeira função a fixação de terrenos marginais e, posteriormente, a difusão das cheias através dos valeiros que a atravessam. Foram muitas, muitas árvores que desde o século XIX desafiaram o tempo crescendo. Tem na sua composição uma coleção de espécies que integravam as matas climáticas ribeirinhas, nomeadamente o choupo, o amieiro, o freixo, salgueiros, o ulmeiro e o lodão. Atualmente as espécies vegetais presentes são: o choupo, o plátano, a nogueira-preta e o cedro dos pântanos. Com uma área de 80 hectares, bordeja o rio Mondego por 2 km. Com o crescimento do arvoredo, adveio a função de recreio e lazer, que ainda hoje se mantém: é o espaço que muitos habitantes da cidade utilizam para pôr a sua forma física em dia.


Jardim da Sereia

Jardim da Sereia

No século XVIII, por iniciativa do Prior D. Gaspar da Encarnação, no espaço que anteriormente se chamava Quinta da Ribela, procedeu-se, durante o período de 1723 e 1752, ao arranjo do que hoje conhecemos como Jardim da Sereia ou Parque de Santa Cruz. O parque destinava-se principalmente ao recolhimento e meditação dos crúzios, mas tinha também funções recreativas como por exemplo o conhecido recinto do Jogo da Pela, logo à entrada do jardim. Após a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o local teve vários proprietários. Em 1885 a Câmara Municipal de Coimbra compra a Quinta de Santa Cruz, tornando-o num espaço público dedicado ao lazer e descanso.


Fachada do Portugal dos Pequenitos

Portugal dos Pequenitos

Espaço mágico onde a criançadinha se diverte ao conhecer todo um Portugal de forma lúdica. Com monumentos reproduzidos ao tamanho dos pequenitos, a brincadeira cultural está mais que garantida.


Ruínas do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha

Mosteiro de Santa Clara-a-Velha

Permanece como testemunha da difícil convivência com as águas do Mondego, já que desde a sua sagração no século XVI até aos nossos dias, é constantemente assolado por destrutivas inundações.  As freiras Clarissas, receberam grandes privilégios da Rainha Santa Isabel, padroeira de Coimbra. Após a morte de D. Dinis, recolheu ao convento de Santa Clara-a-Velha onde pediu expressamente para ser sepultada. Aquando da transladação da Rainha Santa para o convento novo, três séculos após a sua morte, constatou-se que o corpo estava incorrupto e foi colocada num túmulo de prata e cristal.


Convento de Santa Clara-a-Nova

Convento de Santa Clara-a-Nova

O preço a pagar pela manutenção de um mosteiro constantemente “debaixo de água” levou à construção de um novo espaço no Monte da Esperança, o Convento de Santa Clara-a-Nova. As freiras abandonaram definitivamente o anterior. Para o novo convento as freiras levaram, além de peças valiosas do patrimônio religioso, os segredos da doçaria conventual que não deixaram fugir com as inclementes águas do Mondego. E ainda bem, pois hoje temos a iguaria dos Pastéis de Santa Clara.


vista noturna do Miradouro do Vale do Inferno no reveillon

Miradouro do Vale do Inferno

Situado em posição privilegiada o Miradouro do Vale do Inferno proporciona ao visitante uma das melhores vistas sobre Coimbra. Encontra-se na encosta de Santa Clara e deste local pode avistar-se a Mata do Choupal, a Lapa dos Esteios, a Quinta das Lágrimas, o desenho do rio a percorrer toda a cidade, assim como a Alta e a Baixa. Como um cartão postal a cidade desdobra-se por completo diante dos olhos do visitante. Aqui também se encontra um painel de azulejo pintado, retratando a  própria panorâmica com pormenor e com legenda explicativa.


Jardim Botânico

Este espaço verde é um dos favoritos da cidade, com a larga Alameda das Tílias a convidar a um demorado passeio pela Estufa Grande e pelo Fontanário. Se lhe apetecer esticar este passeio de contato com a natureza, aproveite para explorar a Mata do Jardim Botânico. No meio do bambuzal, encontra-se a singela e modesta capela de São Bento.


Penedo da Saudade

Local romântico que representa o espírito e a singularidade da vivência estudantil, tradicionalmente ligado aos amores de Pedro e Inês, dado que, segundo a lenda, terá sido neste local que ele teria ido para chorar a morte da amada. Antes um simples miradouro, conhecido por Pedra dos Ventos. Por entre a vegetação, pequenos lagos e cascatas, vemos lápides com poemas que relembram os tempos estudantis de academia, com destaque para o Retiro dos Poetas e a Sala dos Cursos, bem como os bustos do escritor Eça de Queirós e do poeta António Nobre e a estátua do pedagogo João de Deus. Aproveite o miradouro com vistas para a Serra da Lousã para assistir ao pôr-do-sol num ambiente sereno e contemplativo. 


caminho para a fonte dos amores

Quinta das Lágrimas

Jardins belíssimos e que rendem bons momentos de tranquilidade. Fica dentro das propriedades de um hotel de luxo, mas é possível visitar os jardins. Conta a lenda que foi na Quinta das Lágrimas que Inês de Castro foi assassinada, a mando do Rei D. Afonso IV. Perca-se pelos caminhos de uma história de amor que desafiou preconceitos, superou a própria morte e atravessou os séculos. Uma lenda que, 700 anos depois, nos leva até o jardim, local obrigatório para os românticos. No Jardim Romântico, há espécies raras de árvores que impressionam pelo porte que atingiram e das quais se destacam um majestoso podocarpo, o único exemplar em Portugal, e as sequóias gigantes de Wellington.

A Lenda de Pedro e Inês

D. Pedro, príncipe herdeiro, e Inês de Castro, aia castelhana da princesa, cederam à paixão. Desafiando os preceitos sociais, os dois se encontravam nos jardins da Quinta das Lágrimas. A relação, condenada pelo povo e a corte, teve um fim abrupto em 1355, quando o Rei D. Afonso IV mandou degolar Inês. No local brotou uma fonte cujas águas têm origem nas suas lágrimas. O sangue do seu corpo mancharia para sempre as pedras da fonte. Ainda hoje vê-se uma mancha de algas avermelhadas na rocha. Louco de dor, ao assumir a coroa em 1357, Pedro ordenou a prisão e a morte dos assassinos, arrancando-lhes ele mesmo o coração. Jurou que havia se casado secretamente com Inês, impôs o seu reconhecimento como rainha e mandou construir dois magníficos túmulos no Mosteiro Real de Alcobaça para que pudesse descansar para sempre ao lado da amada. A Fonte das Lágrimas é o símbolo desse amor trágico. Há ali a estrofe d’Os Lusíadas de Camões.


 Gastronomia de Coimbra

Confira também o post sobre onde comer em Coimbra com sugestões de restaurantes, cafés e tascas perfeitas para saborear as delícias típicas da cidade. E como não poderia faltar, veja ainda o post especial sobre a doçaria conventual de Coimbra.

 


Roteiro Poético por Coimbra

Veja também o post com o Roteiro Poético por Coimbra para conhecer a cidade dos estudantes pelo olhar de diversos escritores portugueses.

Autoria

Julia Medrado (1985–), paulistana, mãe da Patrícia e do Tarcísio, vive em Portugal, é tradutora, publicista e mestre em Literatura e Crítica Literária. Graduada em Letras pela PUC-SP, é também especialista em Gestão de Projetos Digitais pelo SENAC. Presta serviços junto a redatores, revisores e tradutores; em 2010 criou a Tradstar e, desde então, se divide entre projetos, alguns literários e absolutamente pessoais, como este site que leva seu nome.