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Bartleby e companhia

Enrique Vila-Matas

“Toda literatura é a negação de si mesma.”

Enrique Vila-Matas, um dos maiores nomes da literatura espanhola atual, surpreende seus leitores com a citação de um dos personagens mais famosos de Herman Melville, o escrivão Bartleby. Empregado em um cartório de Nova York e inicialmente muito ativo, Bartleby é tomado de uma paralisia encantatória que o impede de fazer quaisquer serviços. Uma aura de mistério começa a envolver o contemplativo e borgiano personagem. Vila-Matas isola sua essência e sua ‘pulsão negativa ou atração pelo nada’, para daí constituir o que chama de Síndrome de Bartleby e a então rastreia sua ‘companhia’, ou seja, uma galeria de criadores que mesmo tendo uma consciência literária muito exigente, jamais chegam a escrever.

“A glória ou o mérito de certos homens consiste em escrever bem; o de outros consiste em não escrever.”

Bartleby e companhia é um livro com muitas histórias de vida, contadas de forma breve e simples, com o tom irônico e inteligente que caracteriza Vila-Matas. Rindo da angústia criativa, ele desfila uma erudição que reúne episódios relativos a nomes consagrados e outros envolvendo escritores completamente desconhecidos, quando não inventados. A obra recebeu os prêmios Cidade de Barcelona (2001) e Melhor Livro Estrangeiro na França (2002).

“Eu pensava que queria ser poeta, mas no fundo queria ser poema.”

“Esses livros fantasmas, textos invisíveis, seriam aqueles que um dia batem à nossa porta e, quando vamos recebê-los, por um motivo frequentemente fútil, esfumam-se; abrimos a porta e não estão mais ali, foram embora.”

“É maravilhoso o não porque é um centro vazio, mas sempre frutífero.”

“Já faz tempo que venho rastreando o amplo espectro da síndrome de Bartleby na literatura, já faz tempo que estudo a doença, o mal endêmico das letras contemporâneas, a pulsão negativa ou a atração pelo nada que faz com que certos criadores, mesmo tendo consciência literária muito exigente (ou talvez precisamente por isso), nunca cheguem a escrever; ou então escrevam um ou dois livros e depois renunciem à escrita; ou, ainda, após retomarem sem problemas uma obra em andamento, fiquem, um dia, literalmente paralisados para sempre.”

Não pode existir uma essência destas notas, como tampouco existe uma essência da literatura, porque a essência de qualquer texto consiste precisamente em fugir de toda determinação essencial, de toda afirmação que o estabilize ou realize. Como diz Blanchot, a essência da literatura nunca está aqui, é preciso sempre encontrá-la ou inventá-la novamente”.

“Quem afirma a literatura em si não afirma nada. Quem a procura, procura apenas aquilo que lhe escapa, quem a encontra, encontra apenas aquilo que está aqui ou, o que é pior, para além da literatura. Por isso, em suma, cada livro persegue a não literatura como a essência daquilo que quer e que gostaria apaixonadamente de descobrir”.


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.

O mal de Montano

Enrique Vila-Matas

A arte de desaparecer, as sociedades secretas e o diário íntimo são alguns dos elementos privilegiados pelo espanhol Enrique Vila-Matas neste livro. A obsessão pela literatura e pelo literário, o desejo de ser a “memória da literatura” encarnada, ouseja, o “mal de Montano”, vai deixando, página a página, de ser uma enfermidade cuja cura é necessário encontrar para tornar-se um antídoto eficaz contra a morte da literatura e uma arma contra os inimigos do literário. Para essa cruzada, irônica e auto-irônica, o autor convoca seus autores-ícone, alguns dos quais já faziam parte do elenco notável de Bartleby e companhia (no catálogo desta editora), como Robert Walser, Robert Musil, Franz Kafka e Fernando Pessoa.

Se, naquele romance, o que justificava a presença desses autores era o fato de em algum momento terem preferido não mais escrever, o que os reúne em O mal de Montano é a prática do diário íntimo, germe da auto-ficção. Por meio de implacável ironia, a obra comemora e celebra a riqueza e a força da literatura. Para isso, conta com personagens notáveis, como Rosa, Rosário Girondo, e o inacreditável Tongoy, um Nosferatu transformado em Sancho Pança ao se fazer fiel escudeiro do verdadeiro Quixote da literatura que é o narrador. A obra recebeu os prêmios Herralde de romance, 2002 e Médicis de melhor romance, 2003.


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.

Paris não tem fim

Enrique Vila-Matas

Construído à maneira de uma conferência de três dias sobre o tema da ironia, Paris não tem fim (título de um dos capítulos de Paris é uma festa, de Ernest Hemingway) é um divertido e melancólico relato ficcional e autobiográfico do espanhol Enrique Vila-Matas sobre o exílio voluntário de dois anos em que alugou, patrocinado por seus pais, a água-furtada de Marguerite Duras, durante o período da ditadura franquista.

Artistas, escritores, cineastas, intelectuais e travestis exilados na capital francesa nos anos 1970 acompanham o jovem aprendiz de romancista pelas ruas, festas, cafés e livrarias em que se dá sua formação – ou “deformação”.

 


Enrique Vila-Matas 🇪🇸 (1948-) é um premiado escritor catalão, nascido em Barcelona. As suas obras são uma mescla de ensaio, crónica jornalística e novela. A sua literatura, fragmentária e irónica, dilui os limites entre a ficção e a realidade. Em 1968 foi viver em Paris, autoexilado do governo de Franco e à procura de maior liberdade criativa.